Príncipe Encantado

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Logo, Otávio se aproximou da casa dos Beneditos, parando o carro na frente da ponte sobre o lago e saindo. Randolfo o seguiu, enquanto Mariana continuava a acariciar os cabelos de Luccino, que dormia em paz contra seu ombro.

- Acho melhor não acordá-lo – ela comentou, olhando para Otávio, que se aproximou. Ele assentiu, e se virou para Randolfo.

- Por favor, já vá entrando e chamando Rômulo. Tente não fazer muito alarde.

- S-s-sim Otávio – ele bateu continência e saiu, fazendo Mariana e Otávio sorrirem.

- Ele leva essa hierarquia muito a sério. Te trata como major até quando é só Otávio – ela comentou, e Otávio deu de ombros.

- A culpa é minha. Sempre fui muito reservado, não gostava que me tratassem pelo primeiro nome sem minha patente. Eu tinha muito orgulho dela, porque era tudo que me definia como pessoa – ele lentamente subiu no carro, no outro lado de Luccino, e pegou a mão do mecânico – Agora eu posso ser... eu. Eu acho.

- Sim, você pode – Mariana assentiu sorrindo e acenou para Luccino. – Por que você não o leva pra dentro? Eu não tenho força suficiente e o Randolfo deve demorar um pouco. Não é bom deixa-lo na friagem da noite.

- Tem razão – Otávio concordou, lentamente movendo seus braços um por baixo das pernas de Luccino, e o outro por baixo de seus ombros, o puxando para si o mais delicadamente possível, justamente para não acorda-lo. Luccino tinha um sono muito leve, mas machucado e cansado como estava, mal reagiu à movimentação. Mariana ajudou Otávio a posicionar Luccino e assim que ele estava perto o suficiente, Otávio se locomoveu para fora do carro, seus braços firmes para não machucar Luccino ainda mais.

Quando finalmente ficou de pé, Luccino pareceu ganhar consciência, ainda que por um segundo ou dois, suas mãos segurando o paletó de Otávio fracamente, e sua cabeça se encaixando sobre o ombro do major, de maneira a se encolher contra Otávio.

Por conta disso, Otávio sentiu seu coração esquentar, um sorriso acanhado aparecendo em sua face ao ver o quão vulnerável Luccino estava, ali, em seus braços, dormindo. Ele soltava baixos barulhos que indicavam um sono pesado e confortável, e seu corpo se encolhia cada vez mais, como se toda a proximidade não fosse suficiente.

Por um momento, Otávio não pode deixar de admirar a paz no rosto de seu amado, iluminado pela luz da lua.

- Otávio? – Mariana sussurrou, chamando sua atenção, e acenou para a porta aberta da casa. Seu sorriso, um tanto alegre, não escondia o quão feliz ela estava com a felicidade deles, mas também deixava Otávio um pouco envergonhado. Ele ainda não estava muito acostumado com demonstrações de afeto em público. – Vamos?

- Sim, claro – ele murmurou de volta e saiu em direção à porta, segurando Luccino próximo de si e entrando na casa. Mariana, assim como Randolfo, não ligou a luz, para não alertar seus pais, e encaminhou Otávio para o sofá da sala, aonde ele poderia colocar Luccino até que Romulo viesse.

A vontade era de continuar segurando Luccino em seus braços até que ele soubesse que tudo estava bem. Mas ele sabia que não seria de muito agrado, então pediu que Mariana se sentasse no sofá para que seu colo fosse o travesseiro de Luccino, antes de deita-lo no sofá.

O custo foi grande, porque Otávio queria continuar com ele por perto, e também porque ao se separar dele, as mãos de Luccino seguraram mais forte seu paletó, um gemido baixo saindo de sua boca, como se seu subconsciente precisasse da presença de Otávio perto de si.

Mas Otávio sabia que não podia ser assim, então tirou as mãos de Luccino de si e as colocou para baixo, observando enquanto Mariana voltava a acariciar os cabelos do amigo.

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