Padre nostro, lo so

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As buscas não estavam dando em nada.

Luccino já estava andando pela sexta vez na mesma área da floresta, gritando por Otávio enquanto iluminava seu caminho com a tocha que tinha em mãos. Ao longe, podia ouvir Mariana também chamando pelo major, aparentemente sem sorte.

Depois de mais uma procura, os dois se encontraram na frente da pousada, e as lágrimas já enchiam os olhos do italiano, seu coração já disparado novamente, sua cabeça passando pelas piores hipóteses que podia. Já Mariana parecia preocupada, aflita, mas não estava desesperada. Ainda.

- Mariana, e-e se ele foi atacado?! E se ele se perdeu, e se ele não encontrar o caminho de volta?! – ele falava, desesperado, sem pensar, mas Mariana segurou suas mãos e balançou a cabeça, o mais sério que podia.

- Calma Luccino. O desespero não vai levar a nada. Nós já estamos procurando a horas e não encontramos nada. Temos que voltar e esperar amanhecer. – ela falou, e sua lógica era sensata. O problema é que Luccino não sabia o que lógica era, e naquele momento, realmente não conseguia pensar em nada.

Só queria Otávio em seus braços novamente.

- Mariana, eu não vou conseguir fechar os olhos até que ele volte – ele falou, segurando firme suas mãos. – Eu não vou conseguir fazer nada, eu tenho que continuar procurando.

- E arriscar se perder também? Se machucar? Luccino, eu estou grávida, eu preciso de você aqui caso alguma coisa aconteça – Mariana insistiu, e Luccino sabia que ela estava se odiando por usar de chantagem para convencê-lo. Mas se ela estava descendo à esse ponto, era porque realmente estava preocupada.

E embora sentisse raiva daquele pedido sem escrúpulos, Luccino entendeu, e suspirou alto, fechando os olhos e respirando fundo.

- Certo... eu... eu não posso deixar nada acontecer com você – ele murmurou, embora seu coração doesse pela escolha. Afinal, era como escolher entre cortar a perna direita ou esquerda. Mariana e Otávio eram tudo em sua vida. – Eu... eu vou para meu quarto.

- Amanhã nós vamos procura-lo, o mais cedo possível. O sol vai nascer em poucas horas. Três no máximo. Nós estamos procurando a muito tempo – ela sorriu fracamente e afagou as mãos do amigo. – Ele vai ficar bem. Eu tenho certeza.

- Eu... eu sei – ele murmurou, e algo dentro de si sabia que sim, Otávio ficaria bem.

Poderia ser um pressentimento, ou uma esperança idiota. Mas era alguma coisa.

Tentando se acalmar, Luccino levou Mariana até seu quarto e checou se ela estava bem antes de deixa-la ali para descansar. Já ele, com seus pensamentos a mil e seu coração despedaçado, foi até seu quarto, e fechou a porta, não tendo coragem de tranca-la.

Vai que Otávio voltaria? Não teria a chave para destrancar a porta.

Seus olhos se encheram de lágrimas novamente, e seu coração bateu mais devagar. Agora, o desespero era outro. Já não era liderado mais pela ansiedade, mas agora era controlado pela tristeza. O desespero que sufocava, mas que não energizava. Não deixava que ele fizesse nada. Não tinha porque procurar Otávio na floresta.

Se ele estivesse vivo, ele voltaria. Se não...

Luccino grunhiu e afastou os pensamentos mórbidos de sua cabeça, saindo para a varanda do quarto e se sentando non chão, deixando suas pernas deslizarem pelos vãos da grade enquanto sua face se apoiava contra a madeira.

Ele não tinha forças nem mesmo de balançar as pernas no ar.

Suspirando, Luccino deixou seus olhos se fecharem, segurando as barras de madeira a sua frente e deixando a brisa suave afastar os pensamentos negativos, e lembrar de memórias boas.

Felizes Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora