Amigos, o melhor remédio

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- Ah, eu não aguento! – Mariana exclamou depois de uma meia hora deitada, e Brandão grunhiu, olhando para a esposa enquanto ela acendia uma luz e se levantava.

- Mariana por favor... – ele murmurou, sonolento, esfregando seus olhos e se sentando enquanto ela tirava as roupas de dormir e colocava as primeiras roupas que encontrava. – Aonde você vai?

- Qualquer lugar! Vou até a oficina, até a casa dos Pricelli, não sei. Só sei que não consigo ficar aqui dormindo sem saber aonde meu amigo está – ela falou, firme, colocando os sapatos e calças antes de se dirigir para fora do quarto – Volto pela manhã.

- Marian-Mariana! – Brandão suspirou quando ela saiu, e lentamente se levantou, balançando a cabeça. – O que eu faço com esses dois? Por deus...

Mariana correu para fora de casa, pegando suas coisas e sua moto e saindo, em direção à casa dos Pricelli primeiro, torcendo para que Luccino já estivesse de volta e simplesmente estivesse dormindo em sua cama.

Randolfo começou sua busca no quartel. Ele achava muito pouco provável que Otávio tivesse trazido Luccino até ali, mas era o lugar mais próximo, e além disso, se Otávio soubesse aonde Luccino estava, ele já se sentiria mais calmo.

Porém, ao contrário do que imaginava, chegou em um quartel sem Otávio, sem Luccino, e com um oficial se queixando que tinha sido atacado durante uma patrulha e tinha tido seu uniforme roubado.

Tudo aquilo parecia um tanto suspeito.

Por via das dúvidas, Randolfo decidiu levar um florete consigo, antes de se encaminhar para fora do Vale.

Ele passaria primeiro na casa do coronel, aonde Luccino dormia de vez em quando, e depois iria até a oficina, e depois até a casa dos Pricelli.

Se não encontrasse Luccino ou Otávio em nenhum desses lugares, ele ativaria um grupo do exército para procura-los.

Seguindo para a estrada em direção à casa de Brandão, Randolfo começou a pensar no que poderia ter acontecido. Quem poderia ter roubado as roupas do oficial, aonde Luccino poderia estar, e também porque ele se esconderia por tanto tempo se não tivesse acontecido nada.

Era difícil entender a situação dele, mas honestamente, Randolfo acreditava que podia compreender, pelo menos uma fração diminuta. Afinal, Lídia e ele seriam para sempre conhecidos como o casal que não casou na igreja por conta dela não ser... pura o suficiente.

Um absurdo, mas várias coisas eram absurdas na sociedade em que eles viviam.

Bom, nada daquilo importava no momento. O que importava era encontrar Otávio e Luccino, de preferência juntos.

- Otávio, por favor, só vá embora – Luccino pediu, em um sussurro assustado, tentando virar Otávio para si ou ao menos tirá-lo da mira da arma. – Faz que nem ele está mandando, por favor...

- Virgílio, chega – Otávio falou, firme, se mantendo na frente de Luccino sem qualquer demonstração de medo. – Você já perdeu. Se você atirar em mim, o Luccino não vai te ajudar. Se você não atirar, nós vamos ficar aqui a noite inteira, e alguém vai vir procura-lo e vai te prender. Você vai perder de qualquer jeito.

- Desgraçado – Virgílio grunhiu, dando um passo a frente. – A culpa é toda sua.

- A culpa é sua! – Luccino gritou, não conseguindo se conter, seus olhos cheios de lágrima e de ódio. – Você que escolheu ser pau mandado do Xavier! Você que quis poder e dinheiro a cima de tudo! Você matou nosso pai, você quase matou Darcy e Elisabeta, você é o monstro aqui!

- CHEGA! – Virgílio gritou, em meio a lágrimas que Luccino nunca o tinha visto derramar, e levantou a arma, atirando para o teto assim como Xavier tinha feito no tribunal.

Felizes Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora