Assim te amo tanto

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Título da música porque sou fraca. Avisos importantes no final do cap!

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Os próximos dias passaram lentos, sem nada muito diferente acontecendo. Luccino e Mariana passaram boa parte de seu tempo na mansão do parque junto à Otávio e Brandão, ambos melhorando, apesar do coronel não mostrar sinais de que estava para acordar, deixando Mariana um tanto aflita. Apesar da estranheza de ter Luccino como enfermeiro oficial de Otávio, Rômulo logo explicava a quem perguntasse que era porque o mecânico tinha amizades próximas tanto com ele quanto com o coronel, e até com Mariana, o fazendo o melhor parceiro para os doentes. Considerando também que Ernesto e Fani, com seus pares, conseguiam de sobra cuidar de Nicoleta, não havia nenhum mal em manter a oficina fechada, e Rômulo fazia questão de pagar todas as acomodações e necessidades dos militares e seus amigos.

Também naqueles dias, Otávio foi relocado para outro quarto mais recluso, para que pudesse continuar seu tratamento sem atrapalhar Brandão. Assim, Luccino tinha também mais privacidade de cuidar de seu amado, apesar de não entender muito bem a ideia de Rômulo, mas também decidido a não reclamar. Ainda esperava ansiosamente a resposta de Jorge, que tinha lhe pedido mais alguns dias de consideração, o que não trazia paz alguma para o mecânico, que estava certo que ninguém iria concordar em ajudar seu irmão.

E para piorar, não tinha conversado com Ernesto e Fani desde a briga, e se sentia mal por isso.

Foi então que decidiu compartilhar suas aflições com a pessoa que mais confiava no mundo: Otávio, claro. Tinha se mantido calado sobre seus medos e angústias para que o major não piorasse, já que sua condição era séria, mas agora depois de dias de melhoras contínuas, ele já se sentia confortável em lhe falar. Já era de tarde, os dois descansando pós almoço (comida que realmente estava deliciosa, feita pela nova cozinheira da casa), os dois sentados na cama, aninhados juntos, sem se preocupar com visitas ou intromissões. Luccino tinha seu braço ao redor dos ombros de Otávio, que estava meio deitado contra seu peito, lendo um livro como gostava, calmo e tranquilo como o italiano nunca o tinha visto.

Era uma pena ter que cortar sua tranquilidade, mas aquela situação o afogava, e ele precisava de ar.

- Otávio – ele chamou, quieto, baixinho, para não assustá-lo: sabia o quão concentrado Otávio ficava quando lia seus livros. Após um segundo de silêncio, ele fechou o livro e levantou o rosto, olhando para Luccino e assentindo com um barulho baixo de sua garganta. – Eu... preciso falar sobre uma coisa importante... na verdade preciso do seu concelho e do seu... da sua opinião sincera.

A frase pareceu atiçar a curiosidade e a preocupação de Otávio, que se ajeitou para sentar-se ao lado ao invés de sobre Luccino, o encarando com olhos atentos, enquanto o mecânico também se arrumava para ficar de frente a Otávio, rapidamente pegando sua mão e entrelaçando seus dedos. O gesto pareceu preocupar ainda mais o militar, que franziu o cenho.

- Luccino, o que aconteceu? Tem alguma coisa errada?

A preocupação na voz de Otávio quase fez com que Luccino caísse aos prantos ali mesmo, sem motivo, mas ele se manteve firme, apesar de um tanto inseguro.

- Sim e não. Nada que seja preocupante no sentido de que alguém vai se machucar ou morrer se não for resolvido... bem na verdade isso não é bem... eu... ah espere, deixe-me arrumar os pensamentos – Luccino balançou a cabeça, tentando ajeitar tudo que flutuava por meio de seu crânio. Otávio esperou, em silêncio, até que o mecânico voltasse a falar. – Otávio, vou direto ao assunto, está bem? Eu quero contratar um advogado de defesa para meu irmão Virgílio.

Ele olhou para Otávio, sem jeito, com medo de sua reação, cabeça baixa e olhos focados na face do major, seu corpo tenso. Ele esperava algo como o que Ernesto tinha feito, não uma gritaria, mas uma negativa, ou desgosto ou nojo, ele não sabia. Já sentia seus olhos arderem com a demora para a reação, prestes a dizer que não era nada, para esquecerem.

Felizes Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora