Capitulo 9

1.5K 117 13
                                    


Ainda havia algum movimento enquanto as pessoas se acomodavam em seus lugares e acomodavam suas malas de mão nos suportes. Puxo novamente o panfleto com um mapa e curiosidades, olho para fora da janela onde a pista é pontuada por luzes laranjas inertes e lá, muito longe, está a minha bela cidade.

— Estou fazendo o certo... estou fazendo certo — cochicho a mim mesma. — Se acho que estou fazendo o certo, por que me sinto tão... vazia?

— Perdão, senhorita? — pergunta uma comissária de bordo ruiva que aparenta ter uns 40 anos, eu a olho como num flash.

— Oh, desculpe, estava pensando alto.

Ela sorri e acena com a cabeça antes de prosseguir seu caminho pelo extenso corredor onde de ambos os lados haviam fileiras de três assentos cada, um na janela, um no meio e um no canto do corredor, elas eram escuras, cinza e com toalhas azuis com a marca da empresa, eu suspiro e sei que estou pronta.

O piloto também estava.

— Atenção senhores passageiros — diz ele com uma voz maravilhosa. — Bem vindos ao voo 0011 sem escalas para Barcelona na Espanha. Agradecemos a preferência por voar com a DUBAirlines, suas comissárias de bordo estarão sempre a postos. Em caso de emergência, mascaras de ar cairão sobre suas cabeças e cintos de segurança automáticos poderão ser acessados. Caso haja desconfortos durante o voo, comunique a tripulação. Tenham todos uma boa viagem.

E com isso ele encerra, justamente enquanto as comissárias gostosas explicavam como funcionavam os procedimentos. Um clássico. Quem já viajou de avião deve ter presenciado a mesma coisa. Uau, que belas pernas elas tinham, e que perfume!

Em poucos instantes tudo estava pronto para a viagem, incluindo eu mesma. Com um voo não muito longo eu tinha tempo para dormir e ouvir algumas músicas para que na manhã seguinte pudesse me adaptar ao fuso de +3h em relação a Dublin ao que acredito. Se fosse acordada, provavelmente iria sentir sono em algum momento do dia, e isso não é o quero. Segundo Cappas, uma verdadeira comitiva já me esperaria, de certo não preciso me preocupar com ocupação já que ele tinha tudo planejado.

Visto meus acessórios e o fone de ouvido, me acomodo no reclinável, assim como a maioria das pessoas e parece que esse momento não vai acabar, pois com isso só tenho uma dura memoria; a da minha filha nesse instante. O que ela estaria fazendo? 20h45 da noite. Talvez estivesse se preparando para ter uma Johanna mimando até que pegasse no sono depois de uma hora de tentativas, sapequinha agitada, eu torço um sorriso em meu rosto quando lembro do sorriso e dos olhos gentis da pequena Nadja, olho em meu celular uma foto nossa que é extremamente adorável.

Oh, como vou sentir sua falta, querida princesinha.

— Por favor, desligue seu celular até içarmos voo, senhorita — a comissária pede e eu obedeço de imediato, antes que um vago silencio sucedesse, esse que seguiu apenas com a ignição primaria do avião abaixo de nós.

* * * * *

— Algumas horas depois...

O movimento não me permitia dormir mais, nos meus ouvidos o que ouço é uma música seguida de outra em múltiplos ritmos, desde Folk até Reggae, é agradável e preenche as lacunas deixadas pelo lado de fora. Quando desperto, sinto meu corpo mais leve e sei que ainda estamos voando, lentamente me recupero e a presença de pessoas parece mais evidente ao meu redor. A luz do dia já preenchia as janelas no lado direto ao meu, e aquele nascer do sol era simplesmente a melhor visão que eu tive no começo desse dia. Eu olho para a esquerda e há um amontoado de nuvens fofas e o que parecem ser pequenas casinhas lá em baixo, os golpes de ar nas asas do avião nos sacodem como balas em um pacote.

Minha Indomável Paixão (Livro 3) - CONCLUIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora