Capitulo 5

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O meu dia começa com coisas insignificantes como uma porção de papeis sobre encomendas, exatamente como no ano passado já que em breve seria um novo natal, seria um novo ano e, com isso, as entregas aumentariam 1000%. Clark devia sentir essa ansiedade, ter que controlar tudo não era fácil, não deveria, isso dava significado a esse cargo como supervisor.

Funcionávamos como maquinas e aceitávamos essa condição, meus amigos — agora submissos ao meu julgo, eram as engrenagens que movimentavam o setor inteiro. Meu trabalho era colocar óleo neles, guia-los e corrigir os erros. Mas eu não era mais isso. Não queria mais segurar a lata de óleo. Na verdade, não queria mais nem fazer parte dessa máquina. Não tinha mais porque ficar o dia trancada em uma sala de escritório sozinha e na maioria do tempo vidrada na tela do computador onde essa "Engrenagem" ganhava vida.

Quando será que eu comecei a pensar dessa forma? De crescer? De me tornar maior e experimentar coisas novas? Oh, deve ter sido depois que conheci Johanna, até um dia antes eu estava relativamente contente com o trabalho, mas depois que a conheci, o senso de superioridade brotou em mim, elevado por ela própria que simplesmente queria crescer mais e mais até bater a cabeça no céu.

Eu paro o que estou fazendo e debruço a cabeça sobre as mãos.

Sim, é o que eu quero. Eu encaro minhas próprias mãos com algumas marcas do teclado. Eu vou ser atriz! Vou ser atriz! Vou ser atriz e nada mais serão pedras no caminho. Isso martela em minha cabeça. Se vou ser atriz, preciso de liberdade e um filme e, depois da conversa calorosa que tive com Johanna, isso apenas se tornou mais claro para mim. Fazer isso por Nadja e por mim mesma acima de tudo, pois não suporto pensar que as suas palavras faziam sentido, não quero aceitar que seja verdade. Não quero aceitar que não tenho o que quero porque não quero. EU QUERO E PRONTO!

Não dá... não posso mais fazer isso.

Me levanto como um robô e meus olhos estão fixos na porta, eu viro a maçaneta e um ar gelado me invade por um instante, duas garotas mais jovens e novatas do setor de ER me abordam pensando em dizer algo, mas eu balanço a cabeça em um gesto involuntário e lhes aponto uma mão.

— Só um instante, garotas.

A sala de Clark não era muito longe se comparada a minha, ela não havia assumido a sala de Barnes, mas sim tinha uma nova, feita sobre as medidas e desejos dela, a nova sala era ampla e tinha um pouco mais de tecnologia, se ela gostava de três computadores observando-a isso eu não saberia dizer, mas que ela era bem mais ocupada do que eu, isso tinha certeza. Talvez até mais do que Barnes que gastava seu tempo planejando quebrar todos.

Eu bato, ouço-a autorizar e finjo um pequeno sorriso quando aspiro o cheiro do perfume dela no interior da sala. Ela desliza de uma cadeira onde está o primeiro computador até o outro lado onde tem mais um e uma porção de papeis, deus, que vista horrenda, não entendo como ela pode gostar dessa confusão de números.

— Bom dia, Clark.

— Bom dia, Cecilia. O dia mal começou e já estou correndo de lá para cá! Quando as festas chegam, as coisas ficam bem mais difíceis. Agora sei o que vocês passavam na esteira.

— Concordo — me sento em uma das duas cadeiras dispostas a frente da sua mesa de movino branco. — Tem um minuto? Preciso falar.

— Pode falar, estou ouvindo.

— Você já foi forçada a escolher entre muitas coisas?

— Como assim? Sou pratica, posso fazer todas sem precisar escolher — ela diz.

— Não, Clark. São três coisas, três escolhas que podem mudar a sua vida. Você sabe que agora tenho família, tenho uma filha, namoro com uma mulher que pode me dar tudo e dar tudo a ela, mas me sinto incompleta por não estar correndo atrás do meu verdadeiro sonho.

Minha Indomável Paixão (Livro 3) - CONCLUIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora