Amara me deposita no sofá como um boneco de pano e se senta próximo a mim, fomos escoltadas por uma viatura policial.
— Calma, amiga.
— Ei! O que está havendo? — diz Barry por chegar correndo do andar superior em suas roupas de trabalho.
— Cecilia sofreu um atentado.
— Bebê, você está bem?
— Estou, estou — sou tão frágil quanto um floco de neve nesse momento. — O pior já passou.
— Vou pegar algo para você — ele diz. — Oh, aproposito, Barry Gilbert.
— Amara Xian.
Ele sorri e desaparece, correndo até a cozinha, eu cerro os olhos tapando-os com ambas as mãos. Queria desaparecer, talvez se fechasse os olhos, aquilo, aquele terror desapareceria de mim. Mas não, as marcas físicas, os pulsares, a dor, os olhares crus não iriam desaparecer tão fácil.
As marcas físicas sumiriam, mas as emocionais eram permanentes.
Amara me toma ambas as mãos.
— Como foi? O que aconteceu lá? Ele... conseguiu te violentar?
— N... não. Graça, a minha chefe, chegou quando ele estava se despindo. Deus, aqueles foram os piores minutos da minha vida, Amara! Eu estava quase indo embora quando bati de frente com ele, muito provavelmente estava drogado.
— Vincent. Acho que já ouvi falar sobre ele e a mulher que são donos de muitos imóveis. Não imaginei que alguém do tipo dele faria algo assim.
— A gente nunca espera isso de ninguém, amiga. Outro dia estávamos conversando, dançando. Ele parecia ser um bom homem. Tem dois filhos, incluindo Melina, a garotinha que lhe falei outro dia.
O jeito galante de Vincent escondia o pior do homem, a sua verdadeira face do mal. Sei que ele não estava em condição, mas acredito que ele sabia o que estava fazendo, disse o meu nome, sabia quem eu era, desejava me possuir!
Barry retorna com um pedaço de bolo de morango e me alimenta, mas, nessa altura, até a comida parece perder o gosto. De repente, um homem negro, um policial, entra na casa por bater na porta já aberta e se aproxima com passos firmes.
— Senhorita Winsloe, sargento Carlton, estou ciente do fato ocorrido. Você quer proceder?
— Sim! — não pensei duas vezes. Não queria, mas desejava que aquele homem horrível morresse. — Quero aquele homem preso! Por favor, não solte ele! Ele vai machucar outras mulheres.
— Ele não vai ser solto, senhorita — o policial preenche uma prancheta. — Ele é reincidente, já tentou abusar de outras mulheres no mesmo lugar, mas, como não houve denúncia formal por parte das vítimas, ele nunca pode ser preso.
— Então foi por isso que a outra professora saiu... — suponho, mas como um pensamento próprio do que uma dura acusação, sendo que fora esse tipo de conversa que tive com Henry no outro dia.
— Está tudo bem com você?
— Sim... obrigada. Vocês me salvaram.
— A polícia sempre serve a vítima. Compareça à delegacia para formalizar a acusação e dar o seu depoimento, sim? — ele presta uma reverencia tocando na sua testa com a mão e depois parte, levando sua gostosura e sua pose de macho para longe de nós.
* * * * *
— Alguns dias depois.
Os dias seguintes não excluíam os anteriores, e, logo muito cedo, além de encerrar sua corrida matinal, Amara veio correndo da sua casa até a minha para saber como eu estava.
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Minha Indomável Paixão (Livro 3) - CONCLUIDO
Chick-LitCecilia Winsloe finalmente realiza o seu maior desejo - o de se ver livre da anomalia que tanto a assombrava. Com o nascimento do primeiro filho, fruto de um milagre da ciência, eis que novos obstáculos, desafios e desentendimentos surgem. Intrigas...