— 1 Mês depois.
Eu desperto empolgada do meu sono de beleza juvenil.
Sinto o sol invadir as janelas e beijar meu rosto tão suave e gentil que me faz suspirar, correr até a janela e simplesmente querer dar um bom dia para o mundo. Após a intensa reunião de ontem que culminou com uma entrevista especial para um programa de entretenimento ainda maior que o que participei — esse, com alcance em 52 países —, eu estava destruída fisicamente, mas, além daquela, no começo do mês de janeiro seguiram outras diversas.
Eu ainda ouço um "Cecilia, adoro-te!", "Cecilia, estoy enamorado por ti!", parecia um sonho estar conquistando o mundo, literalmente, pois depois dos 52 países, só faltavam mais uma centena. Sei lá, Cecilia Winsloe estava lentamente conquistando o mundo e o mundo me conquistava. Baladas, festas glamorosas, convites especiais de famosos, eu tinha tudo e aproveitava bastante. Tudo veio dentro de um corrido mês que, sinceramente, tinha um dia diferente do outro.
Em um haviam as minhas gravações que avançavam rapidamente, eu lembro de quantas palavras tive que recitar ontem nas minhas cenas, num gesto de incentivar o povo a aderir na rebelião que culminou com a execução de uma centena de soldados do exército alemão.
No outro, Cecilia Winsloe era convidada de honra dos chefes de estado espanhol, claro, não entendia nada do que diziam e Louise era minha tradutora, mas apenas estar na presença daquelas pessoas era uma sensação incrível.
Por fim...
Havia uma Amara diferente, sedutora mulher que tentava o meu interior, mas que no fundo, não me ofertava mais nada além de uma amizade incrível. Algo passageiro? Uma falsa sensação de paixão, ou uma vaidade minha por querer cobiçar uma mulher nova sendo que eu já tinha a minha?
Não sei, apenas sabia que estava lutando para não tentar beija-la de novo — dessa vez motivada pelo tesão que seu corpo feminino naturalmente me provocava. Entretanto, não havia nada entre nós agora e nem nunca teria, mas acho que a deixei desejando um pouco, criando expectativas não correspondidas, e isso a deixou diferente, esquiva, me olhando menos.
De qualquer forma estaríamos juntas no último cocktail disposto ao pessoal do filme hoje à tarde. As gravações se encerrariam em pouco mais de três semanas e eu estaria livre do meu contrato e livre para fazer o que quisesse. Parecia que o tempo não passava, e eu queria dar um jeito de rende-lo o máximo possível.
Naquela manhã me levantei no horário habitual já que teria de dar aulas — a quarta no mês já que (A) não sou efetiva e (B) os alunos não tinham aula todos os dias, e eu não ficaria por muito tempo. Por sorte a senhora Graça já estava providenciando a minha substituta, aquela que herdaria os meus anjinhos.
Após um rápido banho, eu me troquei, trajei um vestido mais ou menos curto branco de alças, apertei os sutiãs nas costas e dispus uma bota preta fechada de couro com salto e que ia até a altura do calcanhar, comportada o suficiente para as crianças me respeitarem como adulta. Eu desci para a cozinha e... um Barry dançante estava lá.
Na semana passada eu ouvi sua voz num esganiçado "Olá" quando chegou do trabalho, foi o máximo que nos falamos em muito tempo, ele ainda não havia esquecido a minha acusação, e eu menos ainda, pois aqueles momentos permeavam a minha mente todos os dias.
— Bom dia, querido.
Ele se vira na minha direção. Pelo visto, ao menos ele comeria ovos mexidos.
— Dia mais ou menos bom, bebê. Tenho um dia difícil hoje, mas a tarde vou me divertir com o meu Martin. O você que vai fazer?
— Hum... trabalhar, como uma boa assalariada — arqueio a sobrancelha enquanto pego um salgado inglês que ele deve ter comprado numa loja do centro. — E depois ir a um cocktail, como a estrela famosa que sou.
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Minha Indomável Paixão (Livro 3) - CONCLUIDO
Chick-LitCecilia Winsloe finalmente realiza o seu maior desejo - o de se ver livre da anomalia que tanto a assombrava. Com o nascimento do primeiro filho, fruto de um milagre da ciência, eis que novos obstáculos, desafios e desentendimentos surgem. Intrigas...