Flagro as luzes quentes e douradas do apartamento que logo preenchem minhas vistas, algo como conforto vem logo em seguida e eu quero destacar os meus saltos para o lado. Mas, o que há no interior da sala grita mais alto e no momento só quero piscar e provar que era verdade e não uma ilusão.
Além do espaço vazio, havia uma Johanna separando-se do celular moderno, abandonando-o de lado quando nossos olhos se assemelham a um par de imãs e se atraem um na direção do outro. Sinto como se meu coração quisesse sair da boca, pois no momento não tinha ar sobrando para respirar, minha boca se entortou e nós enfim estávamos dando um passo para frente.
Johanna estava numa confortável roupa de rendas preta, uma camisa sem mangas com sutiã por baixo e um short expondo aquelas coxas perfeitas além de pés descalços. Ela deu o primeiro passo e eu segui, soltei minhas bolsas ali mesmo em qualquer lugar.
— Por favor, me beije! — rogo impaciente.
E a distância enfim desaparece quando nós nos agarramos a ponto de girar uma a outra e nossos braços parecem se multiplicar, pois cada um vai para um lado e nossas bocas, nossos lábios dançam numa valsa de paixão e desejo infinito. Eu me pressiono ao seu corpo e quero chorar, só que dessa vez de emoção, e ela não pragueja, não esconde o mesmo desejo, encosta a testa na minha e ambas choramos ao mesmo tempo.
— Você enfim chegou... — ela diz num sussurro cheio de sentimentos, lagrimas rolando doces pelos olhos brilhantes.
— Sim, meu amor... estou mesmo aqui. Finalmente estou aqui.
Ela me beija uma outra vez para comprovar essa tese de que eu estava mesmo ali, presente na sua frente depois do maior tempo em que ficamos distantes.
— Você está bem? — ela toca o meu rosto com urgência. — Eu soube do que aconteceu.
— Estou... não me aconteceu nada.
Essa era a sua urgência.
* * * * *
Depois que as emoções abaixaram, nós nos sentamos no sofá e aquela empolgação de chegar contando mil e uma histórias desapareceu, nós parecíamos estar sem assunto, pois os sentimentos falavam tão mais incontestavelmente alto que nada mais importava senão nós duas naquela imensa casa, sozinhas e com apenas quatro paredes para nos ouvir.
— Eu... por incrível que possa parecer... estava pegando o celular agora mesmo para te ligar — ela me olha envergonhada. — Vi sua última entrevista para a revista espanhola.
— Sé... sério?
— Sim. É duro dizer que não parei de pensar em você em momento algum, as vezes até achava que voltaria em determinado dia e no fim... apenas tinha uma nova decepção. Mas dessa, quando soube que queria pegar um foguete para chegar mais rápido, tomei coragem de ligar e tentar falar com você, talvez te buscar no aeroporto.
— Vim de aplicativo... justamente porque não tive coragem de te chamar. Eu também tentei te ligar, mais que uma vez, eu juro, mas... não consegui, não consegui ir adiante depois de tudo o que falei e o que pedi para fazer. Mas... escrevi uma cartinha — sorrio. — Você recebeu?
Ela correspondeu com um sorriso.
— Nadja ficará contente com suas palavras. Querida, deve de estar com fome, eu ainda não jantei. Você me acompanha?
— Sim, por favor — peço. — Mas, antes... posso ver a nossa princesa? Estou morrendo de saudades dela.
— Pode... deve — Johanna toma a maça de meu rosto com aqueles dedos macios, capazes de me arrancar pequenos suspiros e arrepios que escorrem pela minha coluna. — Mas ela está dormindo.
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Minha Indomável Paixão (Livro 3) - CONCLUIDO
ChickLitCecilia Winsloe finalmente realiza o seu maior desejo - o de se ver livre da anomalia que tanto a assombrava. Com o nascimento do primeiro filho, fruto de um milagre da ciência, eis que novos obstáculos, desafios e desentendimentos surgem. Intrigas...