Capítulo Cinquenta e Três:

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Theo a segurou nos braços. Sabia que ela se abalaria se soubesse com certeza o que havia acontecido.
-Theo, leve-a para dentro, a gente cuida de tudo aqui meu filho, não se preocupe com nada, a doutora Carmen e o doutor Soares estão aí, poderão cuidar dela.
-Obrigado papa, acho que foi demais tudo isso para ela.
-Com certeza, vá logo Theo. — Ele a levou em direção da casa, daria tudo para conseguir entrar sem chamar muita atenção, até porque, havia o pessoal da imprensa na festa. Ao se aproximar da entrada, viu sua mãe, antes que precisasse chama-la, Olívia se aproximou sorrindo, porém, seu sorriso murchou ao ver a expressão tensa nos olhos do filho.
-Filho! O que houve? O que Jade tem? — Ela perguntou ao perceber que a nora estava desmaiada.
-Me ajude a entrar sem chamar a atenção dos convidados, lá no meu quarto eu contarei o que aconteceu. — Sem mais palavras, Olívia ajudou o filho, por uma porta lateral, que dava direto na cozinha, ao lado da cozinha, outra porta dava direto para a escada que levava ao piso superior, o burburinho da festa era intenso, mas, estavam todos tão entretidos que nem perceberam Theo subir com a esposa nos braços, também se tivessem percebido, não dariam conta de que algo terrível havia acontecido, só imaginariam que ele a carregava pelo fato da gravidez dificultar que ela subisse as escadas.
-Agora conte-me tudo. — Olívia exigiu ao entrar no quarto e ajudar o filho ajeitar Jade na cama.
Ela se assustou ao ver a roupa dele toda amassada, os nós dos dedos, ralados, como se ele tivesse socado alguma coisa.
-Theo, com quem brigou dessa vez? Pelo amor de Deus, não acredito que brigou na frente de sua esposa.
-Mama, sim eu briguei, com Hidalgo e ele está morto, eu o matei, era eu, ou ele, além do mais, se algo me acontecesse, ele levaria Jade com ele e ainda ameaçou matar meus filhos quando nascessem, eu não podia permitir isso.
-Meu Deus! — Olívia exclamou caindo sentada na cama. –Não é à toa que a coitadinha tenha desmaiado, deve ter sido demais para ela. Eu vou procurar a Carmen, fique com ela.
-Avise o abuelo, meus irmãos e meus primos. Papai, Richard e Noah já sabem e estão lá no jardim perto da fonte, onde aconteceu tudo. — Jade começou a dar mostras de voltar a si, se remexeu e abriu os olhos.
-Theo!
-Calma meu amor, está tudo bem, estamos em nosso quarto, você desmaiou e eu a trouxe.
-Todos viram?
-Não, só minha mãe, entramos pela cozinha. Como está se sentindo? — Os olhos dela encheram-se de lágrimas.
-Eu matei uma pessoa Theo, mas, o pior é que não estou chocada com a minha atitude, eu peguei aquela arma impulsionada por uma coisa que ficava martelando na minha cabeça, parecia, que alguém, não sei, um mantra ficava falando "pegue a arma, pegue a arma" até a hora em que atirei eu não sabia que realmente teria coragem para tanto, mas quando eu o vi pegando a arma dentro da meia e vindo atrás de você com a mão erguida eu só agi.
-Amor, eu imagino que você deve estar confusa, assustada, talvez em choque até, mas não se preocupe, eu assumi tudo, para todos os efeitos, fui eu quem atirou, ok?
-Mas... mas Theo , eu não posso deixar você assumir uma culpa que não é sua. Ele ia te matar meu amor eu não podia deixar, eu não ia conseguir viver sem você. — Ele a abraçou comovido, claro que a entendia, afinal, ele também não viveria sem ela.
-Jade, você está grávida meu anjo, está se aproximando a hora do parto, deixe tudo da maneira que está, por favor eu lhe imploro, não quero ninguém a interrogando, fazendo-a relembrar de todo aquele momento horrível, entenda meu amor, é necessário, deixe assim, eu sei o que estou fazendo.
-Theo! Mas e se você for preso?
-Não vou ser, não se preocupe com isso, eu sou réu primário, fiz isso para defender minha família e a mim, estou na minha casa, ele era o intruso, invadiu propriedade alheia com motivos escusos, pronto a matar, sem contar que tem a ameaça dele por escrito dizendo que viria atrás de mim para me matar, eu tenho residência fixa e tudo o mais, não serei preso, meu amor, não pense mais nisso, tire isso da sua cabecinha, tudo bem? — A porta do quarto foi aberta e Enrique, Murilo, Joseph, Jean e Sam entraram.
-Theo, a mamãe nos contou o que houve, como ele conseguiu entrar? Como ele passou pelos seguranças? — Perguntou Murilo.
-Ele entrou dentro do caminhão do buffet, quando o mesmo parou para se identificar no portão, ficou escondido esperando o melhor momento que se apresentou quando eu e Jade fomos dar uma volta pelo jardim, a deixei sozinha alguns minutos para pegar água para ela e ele aproveitou a deixa. Brigamos e ele tentou me atingir com um punhal enfiando-o em minhas costas, Jade gritou e como ele havia deixado a arma no chão para um mano a mano comigo, eu peguei a arma e atirei.
-Fez bem mano, nada irá te acontecer, está dentro da sua casa, ele invadiu com o intuito de te matar. — Disse Enrique.
-Jade, está tudo bem? — Perguntou Sam vendo que ela se arcava, novamente aquela dor na barriga, estava mais forte, muito mais forte, sentiu que seu coração quase parou, seu ar foi quase todo tragado, respirou fundo, três vezes.
-Jade, amor o que foi, o que está sentindo? — Sua voz ao responder saiu baixinha, mais fraca, nunca sentira uma dor tão forte assim em toda sua vida, agora estava começando a acreditar que poderia sim ser as contrações.
-Nada amor, é apenas uma pontada forte na barriga.
-Mas é a segunda vez que sente essa pontada, você está pálida, meu amor, suando.
-Já vai passar, foi só o choque de tudo o que aconteceu. — Ela inspirava e expirava lentamente, olhou no relógio ao lado da cama, começaria a marca se viesse a dor novamente teria certeza de que eram as contrações.
Olívia entrou no quarto com Carmen e Esperanza.
-Como ela está Theo?
-Ela acordou, mas reclamou duas vezes de uma pontada forte na barriga, isso é normal, doutora?
-Pode ser, devido a toda tensão pela qual passaram, mas eu vou examiná-la, pode deixar, só vou pedir para que me deixem sozinha com ela, só a Olívia e a Esperanza podem ficar, ok?
-Prometem me chamar se ela não estiver bem? — Perguntou Theo.
-Claro, eu mando chama-lo sim. — Prometeu a doutora.
-Eu vou aproveitar para tomar um banho rápido e trocar de roupa no meu antigo quarto.
-Tudo bem filho, pode ficar sossegado. — Esperanza olhou para Jade e já sabia que seus bisnetos nasceriam naquela noite ainda e que não seria tarefa nada fácil, não adiantariam leva-la para o hospital, por isso, resolveu sair do quarto, deu uma desculpa qualquer e desceu, indo para a cozinha pediu para que Francesca colocasse muita água para ferver, iriam precisar, pediu para que fervesse também uma tesoura bem afiada e que deixasse fácil a caixinha de luvas que sempre mantinham em casa.
-Se prepare minha querida que teremos momentos tensos e muita emoção ainda nessa noite. — Revelou. Francesca olhou para a patroa e pelo pedido que ela fizera, pôs-se a rezar, entendera muito bem o que doña Esperanza quisera dizer.

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