Jade:
Eu simpatizava com Murilo e Enrique, os dois eram tão divertidos quanto os outros primos, mas mantive certa reserva em relação a Theodoro. Não sabia o motivo, porém, algo inconsciente me alertava para que eu me mantivesse afastada. O olhar dele era algo que me incomodava, sentia-me afobada quando ele me olhava, meu coração batia em descompasso quando Theodoro se aproximava.
Entrei na sala de refeição e encontrava-se somente Francesca, os demais já deviam ter saído para seus afazeres.
-Bom dia Francesca! – Cumprimentei-a.
-Bom dia senhorita, vou servir seu café!
-Pode deixar Francesca, obrigada! Eu mesma me sirvo. Fique à vontade para preparar o café da dona Esperanza.
-Obrigada senhorita!
Francesca terminou de preparar a bandeja com o café de dona Esperanza e subiu as escadas em direção aos aposentos da senhora.
Eu me servi de pão, uma xícara de café e frutas. Refestelei-me tranquilamente quando ouvi passos se aproximando e os pelos da minha nuca arrepiaram-se, instintivamente sabia que era Theodoro. Até meu corpo aprendeu a reconhecer quando ele se aproximava.
-Bom dia Jade! – Disse com sua voz levemente rouca.
-Bom dia senhor! – Respondi, fitando-o timidamente, eu sempre ficava sem graça em sua presença, não sabia como me comportar.
-Jade, por favor não me trate de senhor, chame-me de Theodoro apenas, ou Theo se preferir. Me sinto um velho quando me chama assim!
-Se faz questão, tudo bem! – Concordei, a bem da verdade, nem eu sabia o motivo de trata-lo com tanta formalidade.
-Sim, eu faço questão. – Disse sorrindo meio de lado. -Me diga, é sempre tão séria assim? – Ele me perguntou.
-Não vejo motivos para ser de outra maneira.
-Mas já a vi sorrindo e divertindo-se com meus primos e primas e também com meus irmãos.
-Eu sei rir Theodoro, apenas acho graça das coisas certas, a vida não é mera diversão.
-Pois para mim, a vida é exatamente isso, não leve as coisas tão a sério, divirta-se mais.
-E quem disse que não me divirto? Apenas acho que não temos a mesma opinião sobre o que é diversão. – Conclui entre divertida e séria.
A versão dele de diversão era sair cada noite com uma garota diferente.
-Me diga, viveu toda a vida no orfanato? Não me lembro de tê-la visto das vezes em que fui lá!
Ele havia ido com o avô algumas vezes. Dona Esperanza havia me dito que Theodoro costumava ir uma vez por mês, verificar se as irmãs não necessitavam de nada e também ia sempre próximo as datas comemorativas, quando Esperanza levava presentes, mas eu não me recordava de tê-lo visto, do contrário, com certeza me lembraria.
-Sim, fui deixada lá recém-nascida.
-Bom, vovó quer ir até lá. Vai levar presentes para as crianças e pediu para que eu a avisasse, já que irei leva-las.
-Então vou me trocar, logo desço. Com licença!
-Não se apresse, a vovó ainda está tomando café!
Enquanto eu me afastava, senti que me olhava. Eu precisava me policiar, Theodoro sabia ser sedutor, qualquer garota ficaria encantada com sua atenção, mas eu não seria só mais uma, nunca seria o brinquedinho da vez de qualquer homem, ainda ouvia em minha cabeça os conselhos da madre.
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Totalmente Seu
RomanceEssa é uma história de minha autoria, qualquer cópia é totalmente proibida, pois a história está devidamente registrada. Plágio é crime e passível de punição.