Capítulo Cinquenta e Cinco:

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Mais um emocionante capítulo, espero que apreciem. Beijos e obrigada a todos que estão acompanhando.

***

Jade saiu da sedação na tarde do terceiro dia de internamento, porém, passara-se uma semana e nada dela acordar. Os médicos estavam preocupados, ela havia sido examinada por um Neurologista que pediu um exame de Eletroencefalograma para poder constatar sua atividade cerebral, o que constou que estava tudo bem, doutora Carmen estava com medo de que ela houvesse entrado em coma pra valer, do tipo que o paciente parece estar em um sono profundo, porém, que não pode ser acordado.
O Neurologista achava que era apenas coisa de tempo mesmo, as drogas utilizadas nela para mantê-la sedadas haviam sido em uma dosagem alta, as vezes os pacientes levavam mais tempo para acordar mesmo, mas era preocupante que o paciente ficasse muito tempo em coma. Theo ouviu quando o médico comentou com Carmen que se ela demorasse muito para acordar, poderia evoluir para morte encefálica. O que o deixou desesperado.

Theo estava cada dia mais angustiado, ele tentava demonstrar força e confiança para sua família e quando conversava com Jade, ele continuava a falar com ela, tinha plena certeza de que ela o compreendia pois sempre que falava sobre os filhos, escorriam lágrimas por seus olhos.
Tudo o que ele queria era ter sua mulher de volta. No entanto, uma vez ou outra ele quase perdeu as esperanças e nessas ocasiões ele se trancava no banheiro e chorava baixinho. As mulheres da família continuavam a se revezar para lhe fazer companhia e ajudá-lo com os bebês, os coitadinhos não acostumavam a mamar no copinho, muitas vezes eles choravam, até que foi ofertado uma chuquinha, que eles aceitaram com restrição.
Olívia estava com muita pena do filho, ele se dedicava de corpo e alma aos seus três amores, como ele falava. Muitas vezes se negando a receber ajuda para cuidar até mesmo de Jade, chegando mesmo a dar banho nela.

Uma manhã, Olívia e Alice saíram passear com os bebês pelo hospital, leva-los para tomar um pouco do sol da manhã, junto com a fisioterapeuta. Duas enfermeiras vieram para dar o banho dela e ele pediu a elas que o deixassem ao menos daquela vez cuidar da esposa.
-É só o que eu peço, por favor! — Ele implorou.
-Olha senhor Vásquez, não é o usual, na verdade, nunca vimos um marido e um pai tão dedicado quanto o senhor, na maioria das vezes os maridos só vem na hora da visita, ou quanto muito ficam pouco tempo com suas esposas, mas o senhor está no hospital desde que a senhora chegou sem se afastar nenhum momento. Na verdade, em todos os meus anos na enfermagem nunca tinha visto isto. — Uma delas disse, o elogiando pela dedicação.
-Eu já vi até mesmo muitos pais que tiveram seus filhos internados na UTI neo-natal, abandonar as mães por elas precisarem ficar acompanhando seus bebês, acontece muito isso, por isso nos surpreendemos com o senhor. — Complementou a outra.
-Bom, ela é a mulher que eu escolhi para viver todos os dias da minha vida ao seu lado, ela e meus filhos são tudo para mim, por isso eu peço que me deixem ao menos dessa vez dar seu banho.
-Tudo bem, vamos deixar tudo o necessário para o senhor, mas, se precisar de ajuda, basta apertar a campainha que viremos.
-Obrigado, não sabem como isso é importante para mim, se eu precisar, prometo que chamarei.
-Só pedimos, para que nos chame quando terminar, precisamos monitorá-la adequadamente.
-Eu chamarei. — Elas então, o deixaram sozinho. Ele se dedicou a dar-lhe banho e a massagear seu corpo como via as enfermeiras fazerem, a fisioterapeuta que vinha todas as tardes para fazer a fisioterapia nela, também lhe ensinou alguns métodos. Ele a banhou, a secou, passou creme hidratante por todo o corpo dela para proteger a pele de feridas.
Depois de terminado, ele chamou a enfermeira para monitorá-la, ela reparou que ele fizera tudo certo, agradecendo-o e o elogiando, a partir desse dia, era ele quem dava o banho nela todas as manhãs.

No finzinho da tarde desse mesmo dia, uma batida na porta o surpreendeu, já que sua família entrava direto, os médicos davam uma leve batidinha e já entravam assim como as enfermeiras. Lola que estava lhe fazendo companhia foi abrir e se surpreenderam por verem Marco Antônio parado na soleira da porta.
-Marco Antônio? — Indagou Theo surpreso.
-Olá Theo, não vou lhe perguntar se está tudo bem, porque sei que nada está bem. — Marco Antônio respondeu abraçando o amigo e depois abraçando Lola.
-Eu vim assim que soube o que aconteceu, minha tia me contou tudo o que houve, como ela está?
-Na mesma Marco, na mesma, sem alteração, a sedação foi desligada no começo da semana, mas até agora, nada dela acordar, não sei mais o que fazer meu amigo, eu estou muito preocupado, com medo de que ela não acorde, não sei, o pai dela ficou tantos anos em coma, estou começando a me desesperar. — Marco Antônio percebeu que o amigo emagrecera consideravelmente, estava abatido, seu semblante antes revelava uma felicidade que transparecia, agora, estava sem brilho, sem o seu usual ar brincalhão, debochado.
-Calma Theo, ela vai acordar, os médicos não falam nada?
-Os exames realizados estão perfeitos, está tudo bem com ela, ao menos, neurologicamente. — Marco Antônio se aproximou do leito dela e depositou um beijo em sua testa.
-Oi maninha! Eu soube que meus sobrinhos nasceram e eu vim conhece-los, só acho que está na hora da Bela Adormecida acordar, não acha que já dormiu demais, não? Eu vim louco para ver esses lindos olhos verdes, sabe que adoro seus olhos, não? Vamos lá, vai, faz uma forcinha, seus bebês e seu marido precisam de você minha querida. — Marco Antônio também tinha os olhos marejados, mas ele viera para dar forças ao amigo, não para deprimi-lo ainda mais.
-Então Theo, me apresente meus sobrinhos, eu já soube que temos uma linda princesinha que é a cara da mãe e um garotão forte parecido com o pai.
-Sim, eles estão no bercinho, acabaram de chegar todas as manhãs e tardes eles passeiam com alguém da família junto com a fisioterapeuta, conhecem o hospital melhor que eu. — Marco Antônio se aproximou do berço onde estavam os bebês, Lola já pegava o garotinho no colo, Theo pegou sua filha e colocou nos braços do tio postiço.
-Eles são mesmo lindos! Bom, não é de se estranhar sendo uma mistura sua e de Jade. E o leite? Como estão fazendo?
-As enfermeiras esgotam o próprio leite de Jade, ela tem muito leite, é incrível que todas as vezes que eles começam a sentir fome os seios dela derramam leite, dá até pena de ver tanto leite desperdiçado, eles loucos para mamarem e não poderem, nenhum deles gosta muito da tal chuquinha, até perderam um pouco de peso. — A voz de Theo ficou emocionada ao contar para o amigo tudo isso, Lola virou o rosto para disfarçar as lágrimas, elas tentavam não demonstrar para ele que ficavam mexidas com tudo isso, para não desanimá-lo.
-Mas, logo eles irão se fartar de mamar na mamãe, não é mesmo minha bonequinha? Olha só, eu sou seu tio Marco Antônio, quando vocês forem para casa, o titio vai levar uma garotinha, sua priminha Victória para conhece-los, ela está louquinha para vê-los.
-Vic e Paolo vieram com você? —Theo perguntou.
-Sim, e Clarinha também, ela está louca para ver a Jade.
-Claro, quando ela quiser, Jade ficou tão feliz quando soube que ela estava trabalhando com vocês. — Marco Antônio estendeu o outro braço para pegar o menino, Lola o colocou em seu colo.
-Já escolheram os nomes?
-Eu escolhi Esmeralda para ela, mas, ainda não me decidi em um nome para ele, queria que Jade me ajudasse a escolher.
-Bom, quer uma dica que acho que ela irá gostar?
-Sim, claro.
-Alejandro. Quando Jade estava no orfanato assistimos ao filme do Zorro, com o Antônio Banderas e ela me disse que se um dia tivesse um filho colocaria esse nome.
-Alejandro, eu gosto! Alejandro e Esmeralda Thompson Vásquez.
-Eles precisam ser registrados, não?
-Sim, já estão me cobrando isso. O que achou prima?
-Eu gostei primo, acho que Jade irá gostar.
-Então, está decidido, esses serão os nomes escolhidos. — Marco Antônio ficou mais um tempo e prometeu voltar no outro dia.

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