Marcada Pelo Vampiro

Dores

Pov/Raven

      Se perguntassem qual era a sensação de estar em uma guerra eu não saberia dizer, era uma coisa próxima a fazer o que não quer e sofrer as consequências daquilo depois sem merecer, assim era a guerra, um resultado de uma ação errada que todos acabam sofrendo com isso.

        Nunca imaginei estar lutando para salvar as pessoas que durante anos fizeram questão de me rejeitar e deixar claro que Tyler merecia coisa melhor, poderia simplesmente largar tudo aquilo e fugir os deixando a mercê de uma maldição, mas estava lutando. As roupas sujas de sangue e suor, o sangue correndo com mais intensidade aumentando a pulsação do coração e os olhos focados a cada movimentação perigosa.

          Mordi o lábio com força desviando de um golpe vindo de um demônio estranho que acabou acertando seu semelhante, com os punhos encolhidos no peito foi preciso um impulso com os pés para acertar o jugular com ambas mãos provocando um choque para trás atingindo outros dois demônios iguais a ele, o golpe mal tinha dado resultado quando outros vieram para cima buscando uma porção do meu sangue.

         O difícil de tudo nem eram as lutas constantes ou o odor forte de sangue preto no ar, mas o cuidado com o meu sangue, caso o liquido fosse pego teria que achar uma maneira de trazer impureza para ele caso o contrario a maldição daria mais um passo para frente. As vezes me pego pensando se a cor vermelha da lua não seria por conta do sangue derramado aquela noite, quantas pessoas ainda vão ter que derramar sangue para que essa insanidade demoníaca cesse de vez? Semelhante contra semelhante, criança contra adulto, laços contra laços, uma catástrofe atrás da outra só para um simples prazer ser saciado.

           Rosnei ao sentir um chute ser transferido contra minha coluna forçando o corpo a ir contra a terra ensanguentada, tinha esquecido que distração era igual a morte para esse momento que presenciava. Rolei o corpo para o lado a tempo de uma espada fincar sobre a terra, grunhi insatisfeita e chutei a pessoa com um pé enquanto o outro servia de apoio, em um dos acordos feitos antes da guerra começar foi o de não matar nenhum lobisomem ou vampiro, já que nenhum tem ciência do que esta fazendo ou a quem esta machucando o maximo que podíamos fazer era provocar um desmaio através de técnicas seguras que não afetariam a pessoa.

          Com o pé consegui me levantar estabelecendo novamente o equilíbrio e buscando com os olhos o infeliz que tinha me atacado, não tive a chance de mata-lo por se tratar de uma mulher de traços lupinos em uma pré-transformação, os labios sangravam com os caninos pressionados e as mãos causavam estragos na palma com as garras a mostra. Sem aviso ela avançou com as unhas afiadas prontas para dilacerar minha pele e impedir o coração de bater, para eles não importava se estava viva ou morta desde que pudesse conseguir um pouco de sangue para o ritual.

           Os olhos ferviam com uma raiva que não era dela, no fundo apenas pedia socorro e chorava silenciosamente com medo do que podia acontecer sem que soubesse, assim ocorria com mais da metade dos participantes dessa guerra sanguinária, Meliarte sempre se supera em conceitos de ódio. Fiz o que achei mais consciente, antes que as garras se fincassem no meu corpo segurei a mão estendida a puxando para perto, com a mão solta eu bati com a lateral na região esquerda do pescoço, sim tinha riscos quanto aquilo, mas foi necessário arriscar para o meu bem e o dela. Demorou um pouco para a menina cair inconsciente nos meus braços com a respiração um tanto pesada batendo na clavícula.

        A Soltei com cuidado quando outro ataque foi feito contra mim, um desta vez que pude me defender adequadamente, minhas mãos foram rápidas ao segurarem o meio do bastão enquanto a outra pessoa forçava para mais perto, a força que o objeto foi atribuído faria com que morresse dependendo do local que atingisse, realmente ninguem ali estava de brincadeira.