Capitulo XXX - Musicas e Sonhos

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Assim que Richard acendeu o ultimo candelabro, deixando tudo muito mais claro, enquanto Cassy abria as janelas para que ventilasse, olhando bem toda aquela sala, a dama pôde concluir com a mais total certeza: Era um lugar mais que magnífico.

Como na Sala de Fumo, havia uma prateleira com vários livros, estes porém tinham todos como tema, a música. Inúmeros pergaminhos com as mais variadas partituras e melodias de todos os compositores existentes até aquele ultimo ano.

Muitos instrumentos permaneciam ali imaculados, violoncelos, flautas, um belíssimo piano... Mas o que de fato lhe chamou a atenção, foi um violino de madeira escura, devidamente talhado. Caminhando até ele, segurando-o nas mãos, admirou o trabalho bem feito de um artesão de violinos de certo muito habilidoso. Cassy segurou arco com a mão oposta, analisando o quão detalhista fora aquele trabalho, percebendo que no cavalete, havia uma escritura num idioma que desconhecido para ela.

- Habi ln 'ansaa 'abadana. – Fala Richard de uma forma que a dama nunca ouvira antes. A voz dele saíra mais quente, mais envolvente. Num idioma desconhecido para ela. Não era americano, levando em conta que já chegara, mesmo que poucas vezes, a visitar o Novo Mundo, muito menos europeu, já que tinha a mais absoluta das certezas de que não havia um único país em toda a Europa que falasse daquele modo.

- O que significa? – Questionou sem esconder sua curiosidade.

- "Meu amor eu nunca esquecerei." É uma frase em árabe. – Explicou Bristol ao se aproximar dela com passos firmes, como se aquelas simples palavras desbloqueassem um lado diferente do nobre, bem podia se perceber em seus olhos. Ele estava mais... Dominante.

- Que lindo. – Expressou suas emoções, ou parte delas, tentando ignorar aquela sensação que sentia vinda do Marquês. Como raios um homem ficava tão atraente de uma hora para a outra com o pronunciar tão simples de algumas palavras num idioma incomum?

- Este violino pertenceu ao meu pai, ele adorava tocar para mamãe. Quando eu era pequeno lembro-me de ter visto uma destas ocasiões. – Narrou Richard pondo sua mão sobre a dela, ficando ao lado da dama. Bem sabia que Cassy deveria ter o mais perfeito conhecimento de como tocar o instrumento, mas não era aquele o objetivo dele.

Guiando a mão que ainda segurava o arco, ele o balançou como se fosse uma varinha, fazendo desenhos invisíveis enquanto contava àquela história que nem sua própria mãe tinha conhecimento. Era... A primeira vez que comentava sobre aquele assunto com alguém, e ironicamente este alguém era a mulher por quem se apaixonara.

- Ele tocava melhor do que eu poderia supor, uma música da Arábia, minha mãe acompanhava-o cantando, já que ela não sabia tocar nenhum instrumento. A primeira vez que presenciei este tipo de episódio foi antes do casamento dos dois. A antiga Marquesa estava no inicio da gestação das gêmeas. – Cada palavra sussurrada no ouvido de Cassandra gerava um novo arrepio, uma história contada daquele modo lhe soava muito mais interessante, ainda mais por estar com o corpo do Marquês quase colado ao seu. – Meu pai mandou cravar essas escrituras no violino dele não somente pelo que sentia, mas pelo nosso título.

- Como assim...? – Indagou Cassy, seus olhos seguiam os movimentos aleatórios realizados pelo homem que ainda regia seu braço.

- O legado dos Bristol. Eu nunca esquecerei. Não importa o que seja. – Por incrível que pudesse parecer, aquela frase soou um tanto diferente aos ouvidos de Cassandra. Não lhe pareceu uma explicação... Mas uma promessa. Como se ele estivesse a declarar-lhe algo... Contudo, o que haveria de ser?

Respirando fundo, mesmo que relutante, afastou seu corpo do dele, andando para frente e virando-se para encará-lo nos olhos. Pôs seu melhor sorriso desafiador, pois estava, de certo, pronta para a pugna.

Minha Complicada Marquesa - Amores Entrelaçados 02Onde histórias criam vida. Descubra agora