Capitulo XXIX - Jantares e jogos

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- Já provares este pudim? – Indagou Cassy com as bochechas cheias do doce de morango. – Que coisa deliciosa!

Richard riu da reação dela, de fato os doces da senhora Swiger eram os melhores. Porém, as expressões dela de agora não eram tão engraçadas se comparadas às feitas pela Condessa-Viúva quando foram lanchar pela tarde.

Tinha de admitir, nunca pensou que ela faria aquelas caras e bocas por causa das mine - tortas de amora da Senhora Swiger. Cassy não hesitou em se misturar aos criados quando a cozinheira e governanta sugeriu a dupla que comessem ali mesmo. Sentando-se na mesa da cozinha como se fosse acostumada a fazê-lo, pegando uma das tortilhas e a devorando com a boca cheia.

Tinha gosto de infância, como se voltassem a ser crianças regadas a toques de inocência e doçura, a massa crocante e um tanto salgada era a antítese do recheio de amoras silvestres e folhas de laranjeira do recheio, que ainda estava mole e aquecido. Era um sabor distinto, mas definitivamente insólito e magnífico.

Os criados claramente gostaram de Cassy, que conversava abertamente com quem lhe dirigisse a palavra, ria das histórias contadas, as quais só conheciam a criadagem. Não se importou se ele estava lá, muito menos pareceu ponderar quando desatou a rir das fábulas contadas pelo mordomo, o Senhor Swiger e pela governanta, sua esposa, a senhora Swiger.

Richard bem notava o quanto a dama estava sentindo-se bem. A vida parecia correr pelas veias de Cassandra, o espírito de liberdade que ela sentia rompia as correntes que a ligavam a qualquer assunto exterior a Iskworth House. E ele aproveitaria o quanto aquilo durasse, assim como assegurar-se-ia de que ela continuaria a sorrir daquele modo quando seus medos voltassem a atormentá-la.

Cassy não voltou a prender os cabelos, deixando as forquilhas guardadas em seu bolso juntamente com o bloco de notas que pegou na mesa da biblioteca assim que retornaram a parte interna da propriedade. Aquele brilho ainda irradiava de seus olhos, e naquele momento, ela não se parecia com uma mulher, mas uma debutante da sociedade. Uma jovem sonhadora.

Sinceramente, queria Richard tê-la conhecido naquela época. Queria ele poder ter impedido que ela sofresse o que sofreu. Desejava ter estado no mesmo baile que ela debutou, encontrá-la com os olhos, tirá-la para dançar. Pedir sua mão em matrimônio para o pai e por fim tê-la para si.

Queria... Voltar no tempo e impedir o futuro. Evitar que todas aquelas lágrimas fossem derramadas por Cassy, fazer delas sorrisos... Beijos...

Mas infelizmente, não era capaz de alterar o passado. Nem de concertar o que fora estragado. Contudo, poderia muito bem alterar o futuro. Ficar com ela agora. Se não podia recuperar o tempo perdido, mudando a linha temporal, poderia construir outro amanhã... Com Cassy ao seu lado.

Nem que tivesse de fazê-la se apaixonar por ele, mas não estava disposto a desistir. Faria de tudo para continuar a ver aquele sorriso.

- Richard! Saia de onde quer que raios sua mente esteja e me responda homem! – Bradou Cassandra já um tanto alterada pela falta de retorno por parte do nobre. A dama já havia ido ao seu aposento antes de jantarem, por isso encontrava-se com a roupa trocada, os cabelos agora só eram presos por uma fita de tom azul marinho que combinava com o vestido usado. O traje completo era simples, mas caia feito uma luva na Condessa-Viúva.

- Oh, o que dizias? – Questionou o Marquês piscando repetidas vezes focando seu olhar nela. Fel... Infelizmente, tiveram de passar por outra região do físico da dama antes de retornar ao ponto de sua face.

- Oras seu surdo! Deveria enfiar este pudim nos teus ouvidos para lubrificá-los! – Ameaçou a dama com o olhar ferino cravado em Richard. Definitivamente, agora estava a entender bem a razão de uma das frases de Daniel...

Minha Complicada Marquesa - Amores Entrelaçados 02Onde histórias criam vida. Descubra agora