Capitulo XXXI - Despertar para a Verdade

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Cassy dormira bem melhor depois que se aconchegara nos braços do Marquês. Ele lhe tranqüilizava, acalmava seus medos e saber que o nobre estaria ali, e vivo, a fazia pensar que de fato era forte.

Forte o bastante para superar os fantasmas que a assolavam há anos.

Quando sentiu os raios de sol acariciando seu rosto, abriu levemente os olhos, percebendo que Richard ainda estava com a cabeça sobre seu ombro. Porém... Algo molhado a tocava, liquido este que a dama logo reconheceu como sendo nada mais nada menos do que saliva.

- RICHARD! – Alarmada e definitivamente surpresa por estar com o ombro quase todo babado, empurrou-o sem cerimônias para o lado, olhando-se com uma careta ao reparar que o nobre dormira com a boca aberta. – Seu nojento!

O Marquês não sou bem o que veio primeiro: O grito ou o tapa, apenas sentiu seus ouvidos doendo, pouco antes de ser jogado com um geste truculento para fora da cama.

Quando deu-se conta, já encontrava-se sentado sobre o chão, esfregando os olhos em busca de compreender o que acontecera. – Por que fizestes isto? – Questionou sentindo o maxilar doer com a força da batida dela.

- E ainda perguntas? – A dama passava o lençol sobre a região úmida de sua pele, mas sabia que apenas um banho para deixá-la limpa outra vez. – Por que raios dormirdes com esta boca aberta? Poderia tê-la ocupado com outra coisa mais proveitosa.

- Poderias sugerir-me ao menos uma? – Questionou o homem enquanto levantava-se, pensando nas maiores indecências que uma simples frase proferida por ela poderia gerar.

- Ocupado-a com a min... – Cassy interrompeu sua oração, ao notar o que acabaria por dizer. Era culpa dele. De Bristol e da neurastenia que se apossara da dama, deixando-a sem noção de suas próprias palavras indecorosas. Por muito pouco, não dissera algo do qual pudesse arrepender-se.

Ou quem sabe, não se arrependesse, não de verdade, mas seu orgulho a acusaria assim como outro sentido seu.

- Com a sua, o que? Quer que eu a beije? – Bem sabia que estava a brincar com o perigo, mas a tentação era deveras forte para resistir. Além do mais, era melhor que Cassy desejasse jogar-lhe um vaso sobre a cabeça do que derramar um oceano em lágrimas.

- Ora seu... – A dama cerrou os punhos, não para conter a raiva, já que afinal esta era nula, mas sim para evitar que seu estúpido coração acelerasse feito um louco sob a perspectiva de ser beijada pelo Marquês. – Poderias passar a dormir de boca fechada! Por tua culpa terei de tomar banho imediatamente! – Desviou do assunto, antes que acabasse engajada nos braços do nobre como uma verdadeira cortesã.como outra das amantes que sabia que ele tivera.

- Então não pretendias banhar? – Indagou com ironia. Sabia que ela banhava-se, o perfume magnífico exalado por ela toda vez que a cheirava era um sinal disto.

- Claro que não! Quero dizer, claro que ia! – Afirmou a dama nervosa, tropeçando nas palavras. Era um tanto complicado raciocinar corretamente com aquele infame nobre a brincar tão habilmente com sua sanidade. – Saiba que sempre o fiz, mas apenas por higiene, não por um desprovido de miolos havia deixado meu ombro pingando de saliva. – Bradou tentando transmitir seriedade e neurastenia na voz, porém quanto mais o tempo passava, mas Richard aprendia a identificar as emoções naqueles olhos nublados.

- Bem sei. – Afirmou cáustico, o que fez Cassandra lhe arremessar um travesseiro, sendo este habilmente desviado. – Se queres matar-me, faça-o de outra forma. – Pediu com certa malicia.

De fato, adorava brincar daquele modo logo pela manhã. O ar leve que se instalava opunha-se ao clima tenso da noite anterior, o que definitivamente era bom. A raiva suavemente animada da dama era tudo o que queria ver.

Minha Complicada Marquesa - Amores Entrelaçados 02Onde histórias criam vida. Descubra agora