Capitulo XXXVI - Uma Nova Aurora

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Quando Cassy acordou, a primeira coisa que fez, foi abrir os olhos e constatar que de fato tudo havia acontecido. E como desejado, seu corpo, completamente nu, abraçado ao Marquês em igual estado. Sorriu, um sorriso largo que ia de orelha a orelha, estava... Feliz.

Havia se entregado de corpo e alma àquele homem que a tinha nos braços, que a amou da forma mais pura e dissoluta que dois amantes insanos poderiam fazer. Buscou em sua mente, algo que soasse como arrependimento, achando simplesmente nada.

Nada.

Não estava arrependida. Absolutamente transbordando alacridade e... Sim, deveria admitir, Richard havia conseguido fazê-la mudar de idéia. Não compreendia perfeitamente de onde viera o pensamento do Marquês para que começassem o que começaram, mas havia funcionado.

Bristol a fizera ver algo que tentava ocultar e expulsar de seu coração, agora estava provado e consumado, se convertido numa absoluta verdade.

Cassandra não compreendia se eles haviam começado de manhã ou de tarde e acabaram não saindo do quarto naquele dia anterior, ou se já estava para o entardecer virando a noite, muito menos se o ébano já havia recaído sobre o celeste. Apenas tinha a certeza que foram momentos que jamais haveria de esquecer.

Sobre o raiar da aurora, ela se via diferente. Percebia ser enfim uma mulher completa. Seu coração a balançar, tirando chacota boba de sua mente turrona que tanto demorou a ver a paixão. A admiti-la. Os problemas existiam, sim, recordava-se. Muitos deles e todos exigiam uma solução.

E por mais louco que pudesse lhe soar aquilo... Estava mais pronta para eles. Fosse pela mente estar do avesso depois dos últimos acontecimentos. Fosse por ter a certeza inquestionável de que cada passo que desse estaria sendo pajeada pelo Marquês. Ichworth House cumprira seu papel. Dera-lhe as forças que precisava, da forma mais estranha que poderia ter acontecido, mas simplesmente magnífica.

Pelo canto do olho, viu sobre a cômoda alguns papeis em branco e mais materiais de escrita e desenho. Ou haveriam de servir algum dos propósitos do Marquês. Seus olhos enfim vagaram para a figura imponente e satisfeita de Bristol, que se mantinha adormecido. As feições másculas atenuadas e anestesiadas pelo prazer outrora vigoroso, as pálpebras guardando as íris da cor de perídotos, era uma imagem que queria guardar para sempre.

Mas infelizmente temia que esqueceria...

Os olhos de Cassandra voltaram para os papeis. Não havia mal algum...

Saindo dos braços confortáveis de Richard, esgueirando-se como uma gatuna, deixou a cama, pegando o papel, o carvão, e mais algumas outras coisas para poder o desenhar como queria. Ou algo naquele rumo.

Nem deu importância ao fator de que estava nua. Sentou-se no carpete que rodeava a cama, ficando em frente ao nobre, desenhando os traços que aos poucos ganhavam vida, retratando como o homem a sua frente se encontrava naquele mais exato momento. Quando já estava no modo exato, passou a fazer apenas os detalhes, para deixar o mais real possível, nem o percebeu acordar.

Richard bem sabia que vivera um dos melhores momentos de sua vida inteira. Os últimos anos como libertino o ensinaram as variadas formas de dar prazer a uma mulher, mas nada haveria de prepará-lo para o que Cassandra seria. Ela não era louca ou delicada. Era nada mais do que a dona de seu coração. Aquela que o fez sentir-se satisfeito de verdade, apaixonado de verdade.

Quem ele amava.

A melhor das sensações foi a de estar ali, com ela, dentro dela. Poderia dizer-se facilmente o mais realizado dos homens. Sorriu, mesmo sem abrir os olhos. Entendia melhor seus dois amigos babões. Compreendia o que era amar verdadeiramente a mulher escolhida pelo coração.

Mas algo o preocupou.

Já não podia mais sentir o calor dela colado ao seu. E tinha mais total das certezas de que não fora um sonho. Tudo acontecera, era inegável, o aroma dela pairava no ar, mas então...?

Quando abriu os olhos, vendo a bela figura de sua dama ainda nua, banhada pelos raios da manhã, desenhando alguma coisa em frente a ele, Richard sorriu. Ao vê-la elevar o olhar a ele, as bochechas de Cassy avermelharam-se por ser pega no flagra.

- Não era para acordar ainda. – Falou de maneira mélica.

- E porque não, Habibiti? – Questionou sem entender. O que ela estaria rabiscando...?

- Estava a desenhar-te. Não queria esquecer deste momento então quis retratá-lo. Em carvão. – Explicou com um sorriso. O Marquês estendeu a mão sobre os lençóis, chamando-a para junto dele, não conseguiu evitar, colocou cuidadosamente os papeis sobre a mesa, antes de voltar para o aconchego daqueles braços do homem que lhe roubou o coração.

- Dormiste bem? – Nada custava perguntar, mesmo que a resposta fosse bem obvia, queria certificar-se. Recebeu um suave beijo acompanhado de um sorriso. Um dos que Bristol queria ser responsável diariamente.

- Mais do que eu já devo ter dormido. – Falou um tanto irônica. Em partes era verdade, mesmo que tivessem na verdade dormido muito menos.

- Alegra-me. Cassy... Eu queria te dizer... – A dama colocou um dedo sobre os lábios dele, impedindo-o de prosseguir.

- Por favor Rich... – Queria pedir-lhe que deixasse a noite anterior lá. Mas quando o nobre tomou seu dedo na boca, fazendo-a puxá-lo de imediato, não viu escolha se não deixá-lo falar.

- Deixe-me falar, sim? Eu... Gostaria de te pedir algo. Uma coisa demasiadamente importante. Mas ainda não é o momento. Infelizmente, eu preciso que as coisas se resolvam. Não sei quando estarás pronta para enfrentar tais desafios, mas se eu esperei vinte e oito anos, posso esperar um pouco mais. Eu só quero que saiba, por hora, que te quero. Na minha vida, na minha cama, em todos os meus dias. Se puder me aceitar também... – Viu-se sendo novamente interrompido, desta vez por um beijo que veio calmo e amoroso.

- Sim. Para todos os teus pedidos, Rich.

- Adoro quando me chama assim Habibiti... – Elucidou o Marquês, ficando por cima dela, que mal haveria de aproveitarem um pouco mais? Desta vez...

- Milord! Milady! – O senhor Swiger invadiu os aposentos do Marquês, ele parecia aturdido, e não por flagrar o casal num momento de intimidade, mas por conta de uma missiva que trazia na bandeja de prata, cujo conteúdo já lhe era conhecido, pois a pedido do próprio Marquês, o mordomo poderia ver o conteúdo das cartas caso estas fossem de remetente familiar. – É urgente Richard! Sinto interromper o momento amoroso do casal, mas vocês dois precisam retornar a Haddon Hall o mais rápido possível.

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Oi pessoal, como estão? Espero que bem!

Presentinho de fim de ano! Espero que gostem deste dramatico e lindo capitulo! Quem curtiu as reações de cada um deles pós primeira noite? Deixem nos comentários! E não esqueçam a estrelinha! Elas brilham tanto como este novo ano! Vamos banir as energias negativas e os atrasos!

Beijinhos, felicidades, feliz Ano Novo e até a próxima!

Cecí

Minha Complicada Marquesa - Amores Entrelaçados 02Onde histórias criam vida. Descubra agora