Capítulo XXXIII - Sentir Aquilo

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Depois que Cassy se acalmou, Richard sugeriu que os dois fossem comer algo, para poderem relaxar melhor. Mas para isto, teriam de entrar na cozinha sorrateiramente.

Bristol aproveitou que a senhora Swiger estava distraída, conversando com o senhor Swiger, então adentrou na cozinha e surrupiou um pote de biscoitos crocantes mais dois copos de água. Assim que retornou para perto de Cassy, que o ajudou a levar tudo para a Sala de Pompeia.

A Condessa-Viúva aproveitou para lavar seu rosto enquanto o Marquês realizava seus assaltos no sagrado recinto da gastronomia, tirando as marcas de lágrimas de sua face. Talvez não fosse o tipo de atividade que se fosse exercer logo após o momento que partilharam a pouco, mas bem sabia que o Marquês lhe queria relaxar.

E o que se pode relaxar mais do que um furto de biscoitos e música? Bom... A resposta não era das mais adequadas, e bem sabia a dama que também era impossível para si.

Assim que chegaram a Sala de Pompeia, Cassy colocou o pote de biscoitos que levava sobre a mesa, sentando-se numa poltrona. Ela e Richard beberam da água para acalmar os nervos após a corrida, rindo levemente pela estripulia aprontada. – Parecemos duas crianças as vezes.

- Até podemos parecer... – Falou Richard, abrindo o pote de biscoitos, colocando um na boca e estendendo o pote a dama. – Desde que sejamos crianças felizes, por mim tudo bem.

- Sim... – Não houve como evitar rir do homem a sua frente, falando com a boca cheia, ignorando que deveria parecer-se com um nobre imponente. Talvez todos os outros o vissem daquele modo, mas para ela, era um verdadeiro garoto. Um garoto apaixonante que beijava muito bem...

- Em que estás a pensar? – Questiona o Marquês ao vê-la corando, enquanto pega outro biscoito.

- Como... Como assim? – Surpresa por ser abordada em seus profundos pensamentos a respeito de certos sentimentos recém descobertos, sente seu rosto incrivelmente aquecido. – Não sei do que falas.

- De estas a encarar-me com estas bochechas tão carmins quanto teus lábios. – As palavras dele acanham-na ainda mais. Não tinha muita culpa, era a primeira vez que Cassy sentia tais emoções já que não possuiu a oportunidade de ser uma "mocinha apaixonada".

- Ora, ocupe sua mente com biscoitos que ganharás mais. – Buscando fugir do assunto, levantou-se da poltrona rapidamente, enfiando outro biscoito na boca do nobre antes de dar a ele o pote e se afastar para perto da estante com livros.

Colocando as mãos sobre uma das prateleiras, a dama fecha os olhos e respira fundo buscando recobrar o juízo. Como poderia ter chegado a tanto? A sentir tanto? O que poderia haver entre ela e o Marquês para que tanto acontecesse?

Simplesmente não conseguia compreender como poderia estar apaixonada. A lógica era simplesmente... Simplesmente nula. Não deveriam ser mais do que amigos. Lembrou-se daquela noite... Da conversa sobre a família dele e... Do beijo. Oh, aquele beijo mudara tudo.

Depois que a situação com Aíltorn fosse resolvida, e Tesh tivesse seu filho. Como as coisas prosseguiriam? Deveria voltar a París? Esquecer que tudo aquilo acontecera? Seria mesmo o melhor a se fazer?

Com o coração acelerado, praticamente esmurrando as paredes de seu corpo, como se dissesse "Eu me recuso a isto", percebeu que já na possuía o mesmo poder sobre os sentimentos como antes. Irritada, a dama abre os olhos e encara os livros a sua frente. Era inadmissível que não pudesse mais mandar em seus próprios sentimentos.

Deveria ter evitado. Não deveria ter cedido ao beijo. Deveria ter parado com toda aquela história. Todos aqueles beijos... Aqueles momentos nunca deveriam ter ocorrido. Como pôde se permitir amar...?

Minha Complicada Marquesa - Amores Entrelaçados 02Onde histórias criam vida. Descubra agora