Capitulo XI - Duas Despedidas, Uma Eterna

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Cassandra sente o balançar da carruagem sacolejar e despertá-la do mundo dos sonhos. Ela abre os olhos e percebe a silhueta inconfundível da cidade londrina. Ela chegara.

Espreguiçou-se, preparando-se para enfrentar o marido. Algo que estava cada momento mais próximo de ocorrer devido que a cada segundo a carruagem se aproximava ainda mais de Buchan House, a propriedade de seu marido em Londres.

Assim que desceu da carruagem, ignorando a mão estendida pelo criado, contemplou a propriedade do marido. Era bela de fato, mas nela faltava algo importantíssimo. Algo que ela sabia muito bem ter em Haddon Hall: Amor.

Avançou propriedade adentro, de cabeça erguida como sempre o fizera, ignorando tudo ao seu redor, instalando em si uma fachada de pedra. Insensível. Não podia permitir-se demonstrar um só raio de emoção naquelas terras. Tinha de conter seus sentimentos em uma caixa reclusa em seu interior, para que não os usassem contra ela.

Logo chegou a ala familiar da propriedade, parando em frente ao aposento do marido. Colocou a mão sobre a maçaneta, respirando fundo para juntar forças. Eu consigo. Consigo encará-lo mais uma vez. Como sempre o fiz... Dizia para si mesma mentalmente.

Girou a maçaneta, entrou no aposento e fechou a porta. Ao menos não tinha preocupações com aquela baboseira de reputação e tudo o mais. No entanto, mesmo lutando para permanecer impassível, Cassy se surpreendeu ao ver Lorde Buchan em seu atual estado.

Lentamente, ela se aproximou, observando-o bem. Deitado sobre a enorme cama, o homem que possuía idade para ser seu pai estava dez vezes mais pálido que o habitual, as linhas de expressão se destacam mais no rosto contorcido pela idade, mais magro viam-se olheiras profundas abaixo de seus olhos fechados, os cabelos mais cinzentos do que se recordava... Parecia ser quase outra pessoa.

Naquele instante, ela quase sentiu pena dele. Afinal, apesar de todas as coisas horríveis que já fizera, ainda era um ser humano.

A Condessa já estava em frente a lateral da cama, apenas observando o homem que perante a sociedade era seu marido, que poderia ter sido como um pai, mas traumatizou-a da pior forma. Pelo menos... Ele a deixara livre para viver onde desejava. Mas ainda assim, não conseguia abandonar o ressentimento.

- Cassandra... – O Conde a chamou com a voz fraca, demonstrando estar desperto. A garota o encarou, esperando que dissesse algo, mostrando-se impassível. – Sente-se aqui. – Falou apontando para a região da cama ao lado dele, porém a dama pareceu hesitante. – Por favor... – Pediu, ela suspirou pesadamente, era o melhor não enrolar.

- O que desejavas falar comigo? – Foi direto ao ponto, assim que sentou-se onde ele lhe pedira. O Lorde soltou uma curta risada que foi seguida de uma tosse quase violenta que, mesmo que não fosse admitir, a preocupou.

- Sempre direta. – Pensou alto, assim que a tosse parou. – Me pergunto como será quando apaixonar-se. Se irá direto ao ponto ou ficará enrolando... – De fato, ele queria saber como aquela menina em corpo de mulher seria. Bem sabia que a "maturidade" dela, era um pequeno reflexo das ações dele. Aquilo era um dos fatores que ressentiam o Conde, ele tinha tal conhecimento. Mas não poderia voltar mais atrás.

- Pare de divagar. – Ordenou sentindo-se estranha. Eram poucas as vezes, desde que se casaram que o Conde se perdia em pensamentos. Mas sempre soava daquela mesma forma. E certamente a fazia sentir-se estranha. Como se não soubesse de algo.

- Pois bem... – Concordou, tentando sentar-se na cama. Visto que o Conde não conseguiria fazer tal ato sozinho, Cassy suspirou, ajudando-o, porém buscava tocá-lo o mínimo possível. Assim que Lorde Buchan estava perfeitamente ajeitado em sua cama, ele olhou fixo nos olhos de sua esposa, que na verdade, poderia bem ter sido sua filha, como uma filha talvez.

Minha Complicada Marquesa - Amores Entrelaçados 02Onde histórias criam vida. Descubra agora