Richard estava abismado. Cassy lhe contara tudo, absolutamente tudo o que o antigo conde lhe havia dito sobre o passado, e toda aquela historia era definitivamente absurda.
Talvez naquele tempo, a justificativa fosse plausível, mas ainda assim... Poderiam haver outras soluções. Haviam, certamente, outras escolhas. Outros caminhos que levassem a segurança da dama...
Cassandra estava preocupada. Desde que terminara de falar o Marquês não dissera absolutamente nada. A expressão vazia tornava-o indecifrável, simplesmente não sabia o que ele estava a pensar a seu respeito, e rezava para que não sentisse pena ou nojo.
- Por que... Cassy? – Não pôde evitar indagar. Ainda era difícil de acreditar que ela tinha passado por tudo aquilo sozinha. Principalmente, que guardava aquela dor, ainda mais depois que soube todos os pormenores da historia, não era surpreendente que a dama estivesse tão transtornada. No entanto, isto apenas a fazia mais forte e louvável aos olhos do Marquês.
- Porque o que? – Tinha de admitir que não entendia o motivo da pergunta dele.
- Por que não falou para a Tesh? Por que não pediu para o pai de Tesh contatar Robert? Bem sabes que nosso amigo não hesitaria em ajudar-te! – Bristol tomou as mãos da dama entre as suas, apertando-as. Estava visivelmente transtornado, mas não com a Condessa-Viúva, e sim com o que acontecera a mesma.
- Não adiantarias de nada Richard... – Afirmou desviando o olhar. – Eu não conhecia Robert na época, nem meu pai mudaria de idéia. Não há o que fazer para mudar o que aconteceu. Tesh já estava tendo sua própria vida. Mesmo que eu não gostasse do noivo dela, se ela fosse feliz... Estaria de bom tamanho. Não queria que colocar sobre outras pessoas um fardo que é somente meu. – A esta altura, pequenas lágrimas já desciam pela face da dama, que mesmo sendo doloroso falar sobre aquilo, também era lenitivo revelar aqui a alguém.
- Cassy... Olhe para mim. - Mesmo que não apreciasse seu atual estado, a Lady o faz, encarando os olhos de peridotos do Marquês. – Não há problema algum em dividir seus fardos. Você não pode querer carregar o mundo sozinha. Mesmo que este mundo te envolva principalmente, ninguém consegue fazer tanto só.
- Não posso pedir este tipo de coisa a ninguém. – Era verdade. Não só não podia como não possuía a menor coragem de fazê-lo.
- Nunca disse que precisava pedi-lo. Eu... Eu estou aqui. – Falou Bristol um tanto hesitante. Não era o melhor dos momentos para uma declaração de amor. – Estou aqui por você. – Estas últimas palavras terminaram de desestabilizar por completo Cassandra, que se entregou as lágrimas que tentava prender a tantos anos.
Como esperava enfrentar Aíltorn, falar a verdade a todos... Se mal conseguia conversar com Richard sobre tal assunto? Era uma fraca, de fato. Sentia que todas as suas muralhas se partiam ali. Desintegradas, reduzidas a poeira.
- Richard eu... – Tentava falar entre os soluços. O nobre a abraçava com toda a força que podia, buscando acalmá-la. – Não consigo... – Falou num sussurro.
Era agonizante para Bristol vê-la daquela forma, tão fragilizada, tão desalentada, totalmente vulnerável. Queria que a dama entendesse toda a força que possuía. Queria tirar dela aquela dor. Mas como o fazer...?
- Cassandra. – Chamou-a. De fato, era inegável que havia estranhado, já que nunca havia sido chamada por seu nome real. Não por Bristol ao menos. – Me escute. Você é uma das mulheres mais fortes que eu já tive a honra e o prazer de conhecer. – As mãos do Marquês seguraram cada uma as laterais de seu rosto enquanto secava-lhe as lágrimas com os polegares. – Duvido muito que ao menos um terço das damas da aristocracia seriam capazes de suportar tudo o que suportaste com tanto vigor dignidade como fizeste. Não pense que é fraca por estar chorando, já que não o é! Mas como eu lhe disse... Não pode segurar sozinha o peso de um mundo. Tens apenas duas mãos.
- Mas... – Tentou contestar, como poderias ser tanto? Como ela a via daquele modo...?
- Mas nada. – Interrompeu-a. – É isto. És maravilhosa, linda e valente. És... Quem eu quero ter.
- Oh... – Cassy estava surpresa com a declaração dele. Não esperava aqueles elogios e muito menos tal desejo vindo do Marquês. – Richard...
- Não digas nada. Apenas... Me aceite ao seu lado. Para... Apoiar-te. Pois garanto que jamais te deixarei. – A esta altura, bastava apenas dizer que a amava para completar a situação. Quem poderia dizer que um dos grandes libertinos de Londres ficaria tão rendido a uma dama?
Talvez Daniel e Robert. Mas aqueles dois eram uma devida exceção.
- Está bem... – Não havia mais o que dizer. Simplesmente... Mais nada. Sem saber bem como reagir, Cassy apenas o abraçou com mais força, afundando a cabeça no peito dele. Já não mais chorava, porém precisava daquilo... Dele.
Não gostava de admitir, mas sim... Talvez de fato aquele sentimento fosse verídico. Possivelmente, em algum momento desde que o conhecera, a amizade findou-se. Atingiu o limite possível e passou a se converter em algo mais. Algo maior.
Amor...
E mesmo que este sentimento não fosse recíproco. Ao menos ele estaria ao seu lado...
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Oi pessoal, como estão? Espero que bem!
Demorei, mas cheguei! O capítulo está curtinho, mas depois daquela enxurrada de palavras tive que relaxar um pouco. Quem derramou lágrimas com esse Richard sendo todo fofinho com a Cassy? Francamente, nada melhor do que admitir a verdade não? Mas se preparem, os capítulos que virão serão a loucura pura!
Beijinhos, felicidades, feliz natal e até a próxima!
Cecí
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Minha Complicada Marquesa - Amores Entrelaçados 02
Historical FictionO Marquês de Bristol é um típico libertino de Londres, mas seus motivos para tal ato não é puramente por apreciar os prazeres da vida. Amável e brincalhão com os amigos, Richard segue sua vida feliz, ainda mais agora que o melhor amigo espera seu he...