3 de maio de 2015 18h47
Quando abri os olhos, fiquei supressa em descobri que não dormi na minha cama e nem estava acordando para um novo dia de aula.
Acordei no hospital. Havia policiais no meu quarto, estavam de costa para mim. Olhei para a TV e uma imagem de um prédio de tijolos passava na tela, havia um campo de futebol e uma quadra, tudo muito familiar, havia ambulâncias também. Senti-me grogue. Eu não conseguia lembrar o que tinha acontecido, mas sabia que era algo muito ruim.
— Ela está acordando — uma voz familiar soou. Acho que era o Karl, mas eu não o tinha visto logo que abri os olhos.
— Vou chamar a enfermeira — disse outra voz. Mais fácil de reconhecer, era meu pai. Pude sentir sua voz tensa. Abafada. Exatamente como papai. Sua voz foi para longe e então eram só Karl e eu.
— Jade? — chamou ele — Jade você acordou? — na minha imaginação estávamos no meu quarto, ele me acordando como quando eu estava atrasada para sair e mamãe sempre o obrigava a me acordar porque eu sempre estava de mal humor pela manhã. De repente meus olhos abriram por completo, mas eu não estava no meu quarto.
Haviam fios conectados a mim e eu sentia uma fisgada na minha coxa esquerda. Karl estava parado a minha frente, ele sempre usava muito gel no cabelo, mas naquela hora seu cabelo estava levemente bagunçado.
— Karl — disse eu. Minha garganta estava seca e minha voz rouca, mas antes que eu pudesse falar algo mais, ouvi um barulho de choro ao meu lado. Era mamãe, ela tinha um lenço de papel amassado que passava continuamente no nariz.
— Mãe — estiquei o braço e tentei segurar seu pulso — mamãe — repeti. Ela se afastou do meu contato físico, como se não quisesse ser relacionada a mim.
— Você acordou — disse ela — Como se sente? — Olhei para mim mesma e tentei entender porque não me sentiria bem. Exceto pela dor na perna, tudo parecia no lugar.
— Mamãe — tentei fazer minha voz soar mais alta — o que aconteceu? — nessa hora uma enfermeira entrou no quarto, deu um copinho para mamãe, que parecia está abalada demais para questionar o conteúdo do copo.
Havia um policial atrás dela. Ele se virou para mim, seus dedos enganchados no cinto, ficou me encarando por alguns segundos antes de falar comigo.
— Você foi baleada. — disse ele — Jed Elliot baleou você. — franzi a testa
— Mas esse é o nome do meu namorado! — exclamei. O policial confirmou com a cabeça como seu eu tivesse dito algo obvio.
Naquela hora não fazia sentido, Jed ter me baleado. Acho que era algum mecanismo de defesa do meu cérebro tentando me proteger, porque eu não conseguia lembrar dos fatos ocorridos.
Fiquei encarando mamãe. A enfermeira. O policial. Karl e até papai que eu não tinha visto voltar, mas nenhum deles me olhavam nos olhos. Não poderia ser um bom sinal
— O que está acontecendo? — perguntei — Karl? O que aconteceu?
Meu irmão trincou o maxilar. Ficou encarando o lençol da cama por segundos que pareceram uma eternidade. Quando finalmente ele voltou seu olhar para mim, parecia com raiva e cansado.
— Jade, você se lembra do que aconteceu hoje na escola? — perguntou mamãe. Sua voz estava abafada. Quase um sussurro.
— Escola? — perguntei. De repete, como se uma represa houvesse arrebentado, fui atingida pelas memórias do ocorrido mais cedo na escola.
— Jade, uma coisa terrível aconteceu na escola. Você se lembra? — perguntou mamãe? — mas eu não respondi. De repente a percepção de que nada havia sido um sonho me alcançou. Eu encarei a TV onde varias ambulâncias saiam do colégio. Eu só conseguia ficar encarando a TV enquanto uma avalanche de memórias terríveis me consumiam. — Jade? Você se lembra? — perguntou mamãe, mas eu não conseguia responder.
Eu só conseguia pensar em Jed e nos tiros. Ele baleou Lauren. O professor Will. Meu Deus, ele os baleou. Não foi um sonho. Comecei a chorar. Um choro baixinho. Daqueles que fazem tremer os ombros e lábios. Eu podia ouvir a voz de mamãe falando ao fundo, mas tudo que eu conseguia fazer era ficar repetindo as cenas na minha cabeça. Jed. Os tiros. Todo o sangue. Chorei até meu estomago começar a doer.
— Acho que vou vomitar — falei.
A enfermeira logo colocou uma comadre que surgiu não sei de onde e colocou debaixo do meu queixo. Vomitei na comadre.
— Por favor, saiam um pouco — disse ela para os policiais que concordaram e saíram do quarto. Percebi que mamãe e papai também haviam saído. Só Karl continuou no quarto. — A náusea é normal, devido a anestesia. Daqui a pouco passa — disse ela enquanto colocava um pano frio na minha testa. — Fique com isso por perto, caso precise — disse me dando uma comadre limpa e depois saiu do quarto.
Tentei apagar as lembranças da minha mente, mas era impossível.
— Ele está na cadeia? — perguntei ao Karl, mesmo sabendo o obvio, é claro que ele estaria preso. Ele olhou para mim. Seu rosto vermelho. Ele balançou a cabeça em negação.
— Jade — sua voz estava rouca — O que você fez? — ignorei sua pergunta
— Ele fugiu? — perguntei. De novo, ele balançou a cabeça. Sabia que só sobrava uma opção.
— Eles o mataram — soou mais como uma afirmação que uma pergunta. Fiquei surpresa quando ele mais uma vez balançou a cabeça.
— Ele atirou em sim mesmo. — Está morto.
Ainda tô me acostumando a publicar aqui então foi mals a confusão.
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A Lista Negra - Jerrie
RomanceDizem que devemos ter cuidado com o que desejamos, mas e se ao deseja a morte de uma pessoa isso acontecesse? O namorado de Jade Thirlwall, Jed Elliot, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-l...