Olá :))
Maio de 2015
Passei a maior parte dos primeiros dias no hospital dormindo. Nos dois primeiros dias tive que ser sedada. Minha perna doía como o inferno. Eu só conseguia chorar de dor.
Mamãe passou a maior parte do tempo comigo. Tive que aturar toda a sua descarga emocional. As vezes ela chorava e me chamava de sua bebê e outras vezes ela não queria contato comigo e ficava se perguntando o tempo todo como foi que ela criou um monstro. Eu não respondia a ela. Não respondia a ninguém. Tudo o que eu conseguia fazer era virar para o lado e me encolher. Queria me encolher até me sentir diminuída.
Desde que soube que Jed estava morto parecia que eu tinha me dobrado sobre mim mesma, como uma lesma que se encolhe ao redor de si mesma quando jogamos sal nela. Eu queria conseguir esquecer as cenas do tiroteio, mas elas ficavam se repetindo na minha cabeça sempre que eu fechava os olhos.
Só queria vê-lo mais uma vez. Queria ter ido ao funeral dele e cobri-lo de beijos e dizer que o perdoava por atirar em mim. Mas ao mesmo tempo queria gritar em horror por todas as pessoas que ele atirou. Queria gritar por Will. Queria gritar até mesmo por Lauren.
Eu não conseguia entender como o mesmo garoto que amei poderia ter se tornado esse cara que a mídia mostrava. Era como se eu tivesse duas peças de quebra-cabeça que quase se encaixam. Quase. Mas esse quase provocava um estrago enorme na minha mente. Eu continuava o amando, mas isso não era o certo.
Eu passava todos os dias relembrando de como o conheci.
Ele era novato no colégio no primeiro ano. Ele morava numa das poucas ruas de baixa renda da cidade. Ele era magro, suas roupas grandes demais eram amarrotadas e não estavam na moda. Ele tinha aquele ar de "não estou nem aí" que muitos levavam para o lado pessoal. Assim que o vi, fiquei caidinha por ele. Ele tinha aqueles olhos azuis escuros brilhantes e um sorriso tímido que quase não mostrava os dentes.
Ele não fazia parte da galera popular e assim como eu, não queria fazer. Senti que tinha encontrado minha alma gêmea. Fiz alguns furos nas minhas roupas legais e comecei a usar mais delineador do que o necessário. Também comprei umas meias calças pretas. Queria que ele me achasse legal. Sem falar que mamãe e papai iriam ficar loucos quando me visse com um garoto como o Jed. Eles ainda tinham a fantasia que eu era da galera popular. Talvez se aparecessem nas reuniões de pais e mestres iriam notar que as coisas haviam mudado n ensino médio.
A primeira vez que falei com o Jed foi na aula de álgebra.
— Gostei do seu sapato — disse ele. Eu tinha colocado um pedaço de fita adesiva no sapato para parecer remendado
— Valeu — disse — Odeio álgebra. — ele sorriu
— Eu também odeio. Você não é amiga da Danielle?
— Sim. Você a conhece? — perguntei
— Ela vem no meu ônibus. Parece legal
— Ela é. Nos conhecemos desde o infantil. — Naquele mesmo dia no almoço o apresentei para a Danielle e o resto do pessoal. Ele se deu bem com eles. Principalmente com o Niall. Mas era claro que nos dávamos muito melhor. Conversávamos sobre tudo. Ele sempre me esperava no meu armário para irmos as aulas juntos.
Um certo dia eu estava chateada. Tinha tido um dia ruim, e então peguei meu diário de capa vermelha, no qual eu não tinha escrito nada ainda e comecei a enumerar as linhas. Escrevi o nome de tudo que eu detestava.
— Oi — disse o Jed — Não te vi no seu armário. — eu tinha ido direto para a sala da próxima aula.
— É. Não estou tendo um dia muito bom — falei
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A Lista Negra - Jerrie
RomanceDizem que devemos ter cuidado com o que desejamos, mas e se ao deseja a morte de uma pessoa isso acontecesse? O namorado de Jade Thirlwall, Jed Elliot, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-l...