3 de maio de 2015
7h46
Quando Lauren Jauregui caiu na minha frente coberta de sangue, a cantina virou um caos. As pessoas começavam a correr e gritar para todos os lados, eu ainda permanecia parada, em choque. Lucy abaixou-se ao lado de Lauren, enquanto pressionava suas mãos na dela, dizendo que tudo ficaria bem. Me abaixei na tentativa de ajudá-la.
— Você tem um celular? — perguntei a Lucy. Ela negou com a cabeça. Meu celular havia ficado na minha mochila, mas com a confusão não sei onde a deixei. Mais tarde, olhando os vídeos de segurança notei que a mochila estava atrás de mim, mas o medo não me deixou reconhecê-la.
— Eu tenho um celular — disse Elena Maning. Ela estava parada, perto de Lauren. Parecia calma, como se lidasse com tiros o tempo inteiro. Enquanto ela ligava para a emergência foi ouvido outro estampido. Seguido de mais dois. As pessoas começaram a correr. Quase nos atropelando. Alguns escorregavam no sangue de Lauren e caiam. Eu tentava chegar mais perto dela, mas fui arrastada pela multidão.
— Não nos deixe! — gritou Lucy, chorando — Ela vai morrer! — mas a multidão continuava a me arrastar.
No fundo, eu esperava acordar a qualquer momento em meu quarto, meu celular tocaria e seria Jed me dizendo que não iria para a escola porque estaria muito ocupado com o Luke. Aquilo não poderia está acontecendo.
Olhei ao redor e a Praça de Alimentação estava uma bagunça. A mesa do conselho estudantil estava revirada. Tinha sangue e dois corpos imóveis. De repente, vi Jed revirando as mesas a procura de alguém. Ele arrastava as pessoas e falava algo com elas, depois se ouvia um barulho de tiro e mais gritos. Nada daquilo fazia sentindo. Mas talvez até fizesse, de certa forma, nós tínhamos falado sobre isso.
— Você viu o caso dos tiroteios naquela escola da America? — perguntou Jed. Estávamos conversando por telefone. Eu estava pintando as unhas.
— Vi algo a respeito — falei enquanto tirava o borrado das unhas.
— Você viu a besteira que a mídia está falando sobre os caras? Estão dizendo que não ouve aviso — disse com uma irritação evidente na voz.
— A mídia é uma droga— falei, enquanto soprava as unhas da mão esquerda.
— Estão dizendo que os caras eram populares e adorados por todos. Que não eram solitários nem nada. Que besteira. —ficamos em silencio e eu aproveitei para conectar o MP3 no rádio. — Você acha que teria coragem de fazer isso? — Perguntou ele
— Fazer o quê? — falei
— Atirar nas pessoas. Como Lauren, Zayn e Regina. — falou ele
— Ah, pode ser — resmunguei enquanto tentava escolher qual playlist reproduzir. — Mas eu não sou popular nem nada, então não seria a mesma coisa — completei
— É. Pode ser, mas eu seria capaz de fazer isso. Poderia explodir essas pessoas. Não seria surpresa para ninguém. — nós dois rimos.
Ele estava enganado. Claro que ninguém esperava por aquilo. Eu fiquei tão surpresa que achei que fosse um erro. Um erro que eu precisava impedir. Passei por varias pessoas que corriam contra a minha direção, na tentativa de encontrar a saída. Passei por um garoto deitado no chão. Escorria sangue de sua cabeça. Ouvi mais dois disparos, corri deixando o garoto morto de lado
— Jed! — gritei, mas não conseguia encontrar. Fiquei de pontas de pé procurando-o freneticamente.
Vi uma movimentação estranha a minha esquerda. O professor de matemática, Will estava amontoando alunos atrás de si, enquanto falava com o Jed de braços abertos.
— Calma aí amigão. Você não quer fazer isso! — disse Will. Seu rosto estava vermelho e havia suor na sua testa.
— Diga onde ela está! Diga onde ela está! — berrava Jed, enquanto apontava a arma para o professor. Ele chutava as cadeiras e berrava. — Diga onde aquela vaca da Regina está! — vociferou ele
— Não sei do que está falando! Larga a arma e a gente conversa! — os alunos atrás do professor gritavam e choravam — A policia já está aqui. Você não quer fazer isso, amigo!
Eu corri em sua direção, mas pareciam que minhas pernas eram feitas de borracha. De repente, ouvi um barulho que me deixou surda. Vi o professor Will cair, com os braços abertos. Eu não tinha certeza se ele estava morto, mas seus olhos estavam opacos, ele não se movia. Tentei correr, mas meus pés não me obedeciam.
O grupo de alunos que estavam atrás do professor Will, começaram a chorar se amontoar mais. No meio deles estava Perrie Edwards, seu cabelo estava preso, mas tinha se soltado e caído no rosto. Ela estava com as pernas dobradas, encolhida perto da parede.
— Jed! — gritei mais uma vez, mas ele não me ouviu. Corri para me aproximar mais dele. Ele continuava com a arma apontada para o grupo. Tentei ouvir o que ele falava, mas não consegui entender. Era algo parecido com "saiam do caminho", não tenho certeza. Ele balançava a arma ao redor, enquanto falava com o grupo.
Ouvi mais um disparo, que me deixou meio surda. Jed havia atirado no braço de Sarah Young que começou a chorar desesperada. O grupo de alunos, haviam seis ou sete, se espalharam arrastando Sarah com eles. Só Perrie Edwards ficou sozinha, agachada contra a parede. Ela tremia tanto que seus dentes batiam. Jed ergueu a arma para Perrie e só então as coisas começaram a fazer sentido. A Lista. Ele estava atirando em todas as pessoas que estavam na Lista Negra. Ele berrou algo como "quem é o fracassado?" para Perrie, que cobriu o rosto com as mãos. Eu nunca chegaria a tempo.
— Jed! — gritei
Ele se virou para mim. Estava sorrindo. Não importa o que eu me lembre sobre Jed Elliot em toda minha vida, nunca serei capaz de esquecer o sorriso que ele me deu quando se virou em minha direção. Era um sorriso inumano. Nos seus olhos eu quase vi a sua feição verdadeira, como se o verdadeiro Jed estivesse lá. Preso em algum lugar por baixo do ódio e brilho insano que ele tinha no olhar aquela manhã.
— Não! Pare! — eu gritei. Sua expressão ficou curiosa. Como se ele não pudesse entender por qual motivo eu corria em sua direção, desesperada.
— Não se lembra do nosso plano? — perguntou ele. Estava com um olhar horripilante. Frio. Muito diferente do Jed que eu conhecia. Ele balançou a cabeça como se disse que eu era tão atrapalhada que nem conseguia me lembrar do tal "plano". Seu sorriso se alargou ainda mais enquanto ele voltava sua atenção para Perrie. Ele ergueu a arma novamente e eu corri em sua direção. A única coisa que eu conseguia pensar era: Não posso vê Perrie Edwards morrer bem na minha frente.
Corri em direção a Jed, mas acho que tropecei no professor Will. Na verdade sei que tropecei porque vi nas câmeras de segurança que realmente tropecei nele. Assim que tropecei, caí do lado do Jed fazendo-o tropeçar sobre mim, ambos caímos e trombamos alguns passos para o lado. Então, ouvi outro disparo e parecia que o chão havia sido aberto sob mim. Quase caí debaixo de uma mesa, bem próximo ao professor Will. Vi Jed olhar para mim com uma expressão vidrada. Também vi Perrie correndo com a multidão para longe dali, ela deu uma ultima olhada para trás e vi o horror estampado nos seus olhos. Senti mais do que vi, um jorro de sangue realmente espesso sair da minha coxa. Também tentei olhar para Jed, acho que o vi olhando para a arma. Tentei falar algo, mas minha visão ficou turva e tudo ficou escuro.
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A Lista Negra - Jerrie
RomantizmDizem que devemos ter cuidado com o que desejamos, mas e se ao deseja a morte de uma pessoa isso acontecesse? O namorado de Jade Thirlwall, Jed Elliot, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-l...