It doesn't hurt to try

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oi, espero que estejam bem pq eu tô só o caco. Só queria férias logo '-'

xx

— Seus traços estão cada vez melhores — disse Jesy. — Não vai demorar muito a começar a usar tinta a óleo. — Assenti com a cabeça.

Graças as aulas com Jesy eu aprendi a escolher os tipos de pinceis, a teoria das cores e até como ter senso em usá-las. Toda a semana ela me ensinava algo novo. Hoje, eu estava aprendendo a pintar "musicalmente", ela havia colocado um jazz para tocar e me pedido para pintar tudo o que eu ouvia, misturando as cores e providenciando visuais para os sons.

— Muito bem, Jade. Não se prenda a formas "exatas". Quer pintar versões exageradas de desenhos como tema? Vá em frente! — ouvi sua voz suave e animada sussurrara atrás de mim.

Eu só conseguia me concentrar na tela e nos sons vindo do pequeno radio do estúdio de Jesy.

— Você deixa todo mundo fazer aulas de graça aqui? — perguntei quando finalmente senti que havia acabado a pintura.

— Você usou muito azul dessa vez. Algum motivo especial? — disse ignorando minha pergunta a principio — Ah, isso ficou muito bom. — ficou algum tempo observando meu quadro. Era um desenho abstrato, parecia de longe uma figura feminina, talvez, os olhos com tons variados de azul, havia muita cor e quase nenhum sentido lógico e mesmo assim, era libertador.

— Sim, Jade — disse ela — Todos fazem aulas de graça aqui. — disse sorrindo para mim.

— E como é que você sustenta esse lugar e a si mesma? — eu sempre tive essa dúvida.

— Com a luz matinal violeta, oras — disse enquanto organizava uma serie de quadros em brancos num canto.

— É mesmo? — falei com incredulidade. — Você não me parece do tipo que faz fotossíntese. — Ela olhou para mim e deu uma breve risada.

— Se quer mesmo saber, algumas obras que os artistas fazem aqui são colocadas a venda e o dinheiro é investido em matéria-prima — explicou — Além disso, tenho dinheiro suficiente para comprar o que eu quiser — senti uma pontada de tristeza na sua voz.

— Então, como você decidiu dar aulas de arte? — tive medo de parecer invasiva. Nesse tempo que passei fazendo aulas com Jesy, ela nunca falava da sua vida pessoal, também nunca perguntei, não até agora, pelo menos.

— Minha mãe era artista — respondeu — Ela era pintora na verdade. Quando criança eu observava ela pintar, ela ficava tão centrada naquilo, parecia ser transportada para outro mundo — Jesy parou de organizar a bagunça deixada pelos outros artistas enquanto contava sua historia — Eu queria entender o que minha mãe sentia quanto pintava, por isso pedi que ela me ensinasse — havia um brilho nos olhos dela enquanto ela falava — Ela me ensinou tudo o que sabia. Passávamos horas pintando juntas. Era como um pequeno milagre. — disse com um sorriso nos lábios.

Não pude deixar de notar que ela sempre se referiu a sua mãe no passado.

— O que aconteceu com ela? — perguntei, no fundo era como se eu já soubesse da resposta.

— Ela estava indo comprar novas tintas quando um caminhão de uma transportadora perdeu o controle e chocou-se com o carro dela. — me arrependi na mesma hora em perguntar.

— Nossa... Jesy, nem sei o que dizer. Sinto muito — ela balançou a cabeça em negação.

— Tudo bem. Quer dizer, no começo foi difícil. Fiquei com tanta raiva que parei de pintar, quer dizer, eu tinha apenas dez anos e parecia que ia doer para sempre, achei que nunca fosse me curar, entende? — assenti com a cabeça. Claro que eu entendia.

A Lista Negra - JerrieOnde histórias criam vida. Descubra agora