A Lista Negra - Jerrie

Nothing has changed

Olá, pessoas :)

xx

No dia seguinte, acordei com alguém me cutucando. Levantei da cama ainda atordoada pelo sono e me deparei com mamãe parada a minha frente, com um roupão enrolado ao corpo.

— Jade, levante! — sua voz estava rouca e seus olhos vermelhos — Não poderei levar você à escola. Acordei me sentindo indisposta — falou sentando-se ao pé da cama — A mãe do Tyler vai dar uma carona para você e Karl. Preciso que desça logo para tomar seu café e provavelmente não poderei buscá-la. Pegue uma carona — disparou.

Fiquei olhando-a ainda confusa, ela levantou da cama e foi em direção porta.

— Mamãe, espera! — ela parou na porta, e virou em minha direção — O papai... quer dizer... o que você tem? Tem a ver com o fato do papai... — falei ainda confusa, mas ela me interrompeu.

— Jade, só acordei indisposta. Não poderei trabalhar hoje — disse, mas pude ver que se esforçava para conter as lagrimas — Agora, comece a se arrumar ou vai perder a carona. — disse e saiu em disparada pela porta.

Me levantei da cama e fui em direção ao banheiro, ainda tentando processar tudo o que aconteceu desde ontem a noite.

Quando desci para tomar café da manhã, encontrei Karl sentando sozinho na cozinha enquanto comia seu cereal.

— Oi — disse sem tirar os olhos da tigela — Mamãe disse que vamos pegar carona com a mãe do Tyler?

— É, ela disse — respondi enquanto colocava cereal em uma tigela para mim — Então, o papai conversou com você? — ele concordou com a cabeça — Como é que você está? — perguntei preocupada com ele.

— Pelo menos, agora as brigas acabaram, não é? — deu de ombros — Coma logo ou vamos ficar sem carona — ele estava se fingindo de durão, mas eu sabia que ele estava chateado. Talvez, assim como eu, ele esperasse que mamãe e papai pudessem se acertar um dia.

[...]

O caminho para o colégio foi torturante, Karl e Tyler foram o caminho todo falando sobre algum jogo de vídeo game. Mas o que me incomodou de verdade foi a forma como a senhora Walsh, mãe do Tyler, olhou para mim, como se eu fosse uma ameaça. Ela provavelmente deveria sentir pena da minha família por ter uma causa perdida como eu. Senti alivio quando ela estacionou o carro na entrada do colégio, acho que ela também deveria está louca para me ver longe do seu carro. Agradeci a carona e quase corri em direção à sala de aula.

[...]

— Ei, você pode me dar uma carona, depois da escola? Se não for incomodo, é claro. — perguntei a Perrie.

Estávamos na fila do almoço, montando nossas bandejas.

— Claro que posso, Jade — disse enquanto colocava salada no seu prato — E não é incomodo algum, você sabe.

— Se é assim, acho que posso me acostumar com a ideia de ter você como motorista particular — brinquei enquanto íamos até a mesa de condimentos.

— Claro, mas aí você teria que me pagar — disse com uma sobrancelha arqueada — Eu até já sei como iria te cobrar. — me olhou lentamente de cima a baixo com um sorriso malicioso nos lábios. Senti uma onda de calor percorrer meu corpo. Eu estou louca ou ela acabou de flertar comigo? Provavelmente a primeira opção.

— Já pegou tudo? — desconversei, olhando em direção oposta a ela. Não queria que ela visse que me afetou mais do que deveria.

— Sim, vamos. — respondeu ainda sorrindo para mim.