He was lying

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olá, pessoas :)


Mamãe ligou e deixou uma mensagem no meu celular avisando que teria uma reunião no trabalho e não poderia me buscar. Minha primeira reação foi ultraje por ela esperar que eu pegasse o ônibus depois de tudo o que tinha acontecido. Só porquê as pessoas pareciam ter aceitado a minha presença no colégio, não quer dizer que eu poderia me sentar em um banco ao lado da turma de Lauren Jauregui e tudo ficaria bem.

Eu poderia pedir uma carona a Perrie, mas no almoço ela me contou que ajudaria Leigh-Anne a escolher um presente para o namorado depois da aula, ela até me convidou para ir com elas, mas recusei.

Eu também poderia ir andando até em casa, na verdade, minha casa ficava a apenas sete quilômetros de distancia do colégio e eu já tinha andado essa distancia uma vez. Mas isso foi quando minhas duas pernas estavam boas. Tinha duvida que conseguiria fazê-lo agora. Além disso, a temperatura havia caído com a chegada de novembro e o dia estava mais frio que o normal.

Lembrei que o escritório de papai não ficava muito longe da escola, talvez um quilometre e meio de distancia. É claro que pegar carona com papai não estava entre minhas prioridades. Com certeza, dar uma carona para mim não estava entre os maiores desejos dele. Contudo, seria melhor que tentar evitar o drama do ônibus escolar. Houve um tempo que eu tinha vergonha porque o escritório de papai não era tão imponente. Lá estava ele, supostamente um grande advogado, em um pequeno "escritório satélite" de tijolinhos, que era só um jeito de dizer "buraco no subúrbio". Mas hoje, eu estava feliz que ele trabalhava num buraco não muito longe da escola. Se bem que depois de umas poucas quadras, eu estava arrependida por não pegar o ônibus.

Eu só havia estado duas vezes no escritório do meu pai. Ele nunca foi muito receptivo para que a família aparecesse por lá. Gostava de fingir que não queria nos expor às "pessoinhas", como gostava de se referir aqueles a quem representava. Mas acho que, na verdade, o escritório era o lugar em que ele se refugiava da família. Se começássemos a aparecer por lá, qual seria o sentido de ele ficar o tempo todo no trabalho?

Assim que abri a grande porta dupla de vidro senti uma onda de alivio, minha perna estava latejando e tive que friccionar a coxa um minuto antes de adentrar no escritório.

Segui através do vestíbulo e virei no canto, entrando na sala de espera.

A secretária de papai piscou atrás da mesa ao me ver. Não me lembrava o seu nome. Eu a tinha visto uma única vez, em algum piquenique familiar que a matriz da firma de papai tinha promovido um ou dois verões antes, e achei que ela se chamava Britni ou Brenna ou algum outro nome jovem e da moda desse tipo. Mas me lembrava, com certeza, que tinha 24 anos e o cabelo liso e brilhante cor de cacau mais incrível que eu já vi, que lhe descia pelas costas como a capa de um super-herói. Seus olhos eram grandes, brilhavam lentamente e abrigavam enormes pupilas confiantes, contornadas por uma cor que a melhor forma que posso descrever é verde primavera. Lembro-me dela, bela e tímida, rindo por mais tempo do que qualquer pessoa das estúpidas piadas caretas de papai.

— Oh! — exclamou com o rosto ruborizado — Jade. — foi uma afirmação. Ela não sorriu, engoliu em seco. Engoliu em seco como fazem nos filmes. Por um instante imaginei-a colocando o dedo sobre um botão vermelho, embaixo da mesa para soar o alarme caso eu sacasse uma arma ou coisa parecida.

— Oi — cumprimentei — Meu pai está? Preciso de uma carona. — ela empurrou a cadeira com rodinhas, afastando-a da mesa.

— Ele está em um telefon... — começou a dizer, mas não pode concluir porque a porta do escritório de papai se abriu naquele momento.

A Lista Negra - JerrieOnde histórias criam vida. Descubra agora