A Lista Negra - Jerrie

She can cast a spell on you

Boa leitura. 

3 de maio de 2015

6h30

Meu celular tocou e corri para atender, ainda era cedo e eu não queria que papai e mamãe acordassem com o barulho, seria um falatório só.

Olhei no visor e era o Jed, me espreguicei enquanto atendia

— Oi você — disse eu

— Oi linda — disse ele, sua voz estava fina como se ele falasse através de um radio, mas achei que deveria ser porque era cedo e ele nunca mais havia acordado cedo.

— Vai para a escola hoje? — perguntei. Ouvi o barulho de um isqueiro sendo acesso, ele provavelmente deveria estar acendendo um cigarro, outro habito que ele adquiriu nos últimos meses enquanto andava com o Luke.

— Vou sim. O Luke vai me dá uma carona hoje — disse ele, enquanto eu revirava os olhos, nunca engoli esse Luke.

— A Danielle perguntou por você ontem, disse que te viu com o Luke indo em direção ao South Marine Park — falei como quem não quer nada

— É, tínhamos umas coisas para fazer

— Tipo? — perguntei, mas ele não respondeu. A gente sempre conversou sobre tudo. Nossos pais. Os idiotas da escola e de como nos sentíamos insignificantes na maioria do tempo, mas agora ele andava cheio de segredos com esse Luke. — Ah tenho mais alguns nomes para a Lista Negra — falei na tentativa de iniciar um assunto com ele.

— Quais? — perguntou ele

— Pessoas que pedem desculpas direto. Comerciais de marcas de absorventes, onde as mulheres aparecem felizes e usam branco e Perrie Edwards. — e Luke pensei comigo

— Perrie a namorada no bosta do Malik? Pensei que ela te ignorasse.

— Ela ignorava, mas por algum motivo eu passei a ser o centro da sua atenção. Acredita que ontem depois da aula ela resolveu me aconselhar a te largar? Ela é uma vaca!

— É você tem razão. Por que não disse antes que ela estava te chateando? — perguntou ele

— Sei lá, achei que ela logo voltaria a ser como era antes e me deixasse em paz. — era verdade, no fundo achei que ela iria se cansar de pegar no meu pé e me deixaria em paz como sempre fez

— Também coloquei o nome de Allyson Brooke.

— Por que? — perguntei

— Essas loirinhas são todas iguais. Deveriam todas desaparecer. — eu ri e concordei na hora, pelo menos eu achava que concordava, quer dizer, elas eram pessoas terríveis e acho que mereciam aquilo. Não me senti uma pessoa horrível por isso.

— Tem razão elas deveriam todas ser atropeladas pelos BMWs dos pais delas. — Jed riu.

Ficamos em silencio por um minuto. Eu achava que seu silencio era um acordo silencioso. Sempre achei que podíamos nos comunicar através de ondas mentais. Sempre achei que sabia o que ele estava pensando, que era o mesmo que eu. Hoje, sei que era apenas uma daquelas "interferências" sobre as quais a doutora Demetria sempre falava. As pessoas faziam isso o tempo todo, acham que "sabem" o que está se passando na cabeça de alguém. Isso é impossível. É um erro achar isso. Um erro muito grande. Um erro que, se você não tiver cuidado, pode arruinar a sua vida.

Escutei Jed pigarrear

— Tenho de ir. Te vejo na praça de alimentação? — perguntou ele

— Claro, vou guardar um lugar para você. Te amo.