5 - Vovó

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Uma lembrança! O eco da voz do Sr

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Uma lembrança! O eco da voz do Sr. M reverberou em minha mente. Elisa caminhava em silêncio à minha frente pela mata. Uma lembrança. Um dia, seu maior desejo... é uma simples lembrança!

Chegamos à margem da cachoeira que dava passagem para outro mundo. Os sussurros dessa voz e essas palavras me atormentavam desde que descobri que Alma se esquecera de mim. Como ele poderia saber tudo o que iria acontecer?

O velho guardião tinha sido levado para viver no mundo natural desde que a matança da sua espécie havia acabado. Elisa não se lembrava do Sr. M ter mencionado aquelas palavras sobre lembranças quando nos contou sobre o filtro de sabedoria, há um ano. Talvez eu estivesse inventado isso, mas... não custava nada fazer uma visita ao híbrido.

Cruzamos a cortina líquida de água que escorria na cachoeira, o mundo do outro lado do espectro se revelou a nós. Só haviam passado algumas horas desde a última vez em que eu estivera ali. Eu tinha deixado aquele lugar na noite anterior, mas percebi a mudança no ambiente instantaneamente.

Assim que os nossos pés pousaram nas areias negras da praia, a jovem que me acompanhava voltou-se para trás e observou a paisagem calma e tranquila de um mar sem ondas. Ela também notou a eletricidade rondando o ar.

— Que estranho. — Elisa olhou o céu. — Não tem nenhuma nuvem à vista.

— Eu sei. — o céu límpido e cristalino estava pintado de um azul translúcido. — É a mesma eletricidade que paira no ar antes de uma grande tempestade. — falei.

— Isso é estranho. — ela repetiu ainda observando o ambiente. — Não estava assim ontem. Nunca vi isso na vida.

Elisa e eu nos entreolhamos. Coisas estranhas tinham tendência a não significar coisas boas. Deixamos nossas apreensões de lado por um momento e nos dirigimos ao nosso povoado.

— Olha só quem apareceu! — a voz da idosa me apunhalou pelas costas. Elisa começou a rir na mesma hora. Eu me virei para a origem do som, procurando desesperadamente uma saída daquela situação. — Você desaparece assim! Sem falar nada! Essas crianças de hoje em dia não têm mais nenhum respeito pelos anciãos. Eu já disse que sou velha mas ainda sei usar aquela colher de pau, garoto! Dou-lhe umas boas palmadas qualquer dia desses!

— Sra. Gavis. — falei com um riso amarelo para a velhinha encolhida que caminhava em minha direção com passadas curtas e apressadas.

— Nada de Sra. Gavis! Vovó Gavis! — ela me corrigiu prontamente com um tom de ofensa. Era sempre a mesma coisa. — A sua mãe não soube mesmo como educá-lo direito! É o que dá os pais criarem os filhos com tanta liberdade! Mal saem das fraldas e já pensam que são adultos. Venha. Vamos já para casa. Vou preparar a minha especialidade que você tanto adora.

— É... eu... — tentei protestar enquanto ela me enlaçava pelo braço e me arrastava à força, Elisa ficando para trás com cara de felicidade.

Noite Sombria | 3Onde histórias criam vida. Descubra agora