Elisa tinha convidado todo mundo para ir à pista de kart. Nós fomos depois do almoço, no sábado à tarde. Fui de carona com o John e quando chegamos vi Isabel e Pedro de mãos dadas bem na entrada.— Acha que eles têm seguro? — Isabel perguntou quando os alcançamos.
— Seguro? — John respondeu sem entender.
— É que é pouco provável eu devolver os carros inteiros como vou pegar. — ela esclareceu.
— Isi, Isi. — Pedro riu, assim como John e eu. — Você é um perigo para a sociedade!
Isabel não era muito jeitosa no volante. Ela daria algum trabalho para a autoescola no ano seguinte.
— Acha que eu vou ser expulsa da autoescola? — Isabel perguntou para o namorado enquanto entravamos.
— Não sei, amor, mas talvez o seu instrutor possa ficar um pouquinho traumatizado. — o riso era natural e alegre entre eles.
— Mas não é para isso que ele é pago? — ela falou como se fosse óbvio.
— Que má Isabel! — falei atrás dela.
Lá dentro Elisa esperava conversando animadamente com Natan. Seis pessoas. Eu achava que seriamos sete. Será que ele ainda não tinha chegado?
— Prontos para uma das melhores tardes que já passaram na vida? — Natan perguntou.
Elisa deu um pulinho de animação. Nós todos respondemos afirmativamente, com exceção de Isabel, que não tinha muita certeza do que estava fazendo ali.
— E o Gael? — a minha amiga perguntou. A minha curiosidade foi instantaneamente aguçada. Uma pergunta que eu não faria de jeito nenhum, mas estava morrendo para saber a resposta. — Achei que ele viria.
— Ele teve um compromisso de última hora em casa. — Elisa respondeu lançando um olhar de relance para o primo.
Identifiquei preocupação no rosto deles, mas só durou um segundo e eles logo disfaçaram. Eu queria fazer milhares de perguntas, mas se a palavra Gael saísse da minha boca, Elisa com certeza me faria passar vergonha.
— Mas que pena! — John sorriu de forma maldosa. Ele não gostava nadinha do Gael.
— Vamos lá então! — Natan esfregou as mãos e puxou a fila rumo às garagens dos karts.
Elisa pulou entre mim e John que se afastou à força. A garota alegre e sorridente se enlaçou no meu braço ignorando total e propositalmente a cara feia que o meu amigo fez.
— Não se preocupe, ele vai voltar logo. — ela cochichou no meu ouvido. Senti um calor anormal subindo pelo meu pescoço. Nem tive tempo de negar. — Não precisa admitir para mim, eu sei que você queria saber. — o olhar dela era de pura confiança. Eles realmente eram irmãos, não tinha como negar.
— Saber o que? — John perguntou desconfiado ao lado dela.
— Coisas de garota. — Elisa respondeu com o semblante inalterado, sem se dar ao trabalho de olhar para ele. — E não vou contar para ninguém que você está perdidamente apaixonada pelo idiota do meu irmão! — ela sussurrou outra vez no meu ouvido.
— Que coisa mais ridícula! — disparei indignada.
— E especialmente não vou contar para ele. Ele não merece saber! — ela deu uma risada um pouco sádica e saiu, meio dançando, meio saltitando, como uma fada, e agarrou o braço forte do primo.
— O que foi que ela falou pra você? — John perguntou com cara de quem comeu e não gostou.
— A Elisa é a Elisa. Nem sempre fala coisa com coisa. Ignora! — apaixonada?! Que ridículo!
Antes de sairmos com os carros em miniatura, nós recebemos todos os equipamentos de que precisaríamos e as orientações adequadas. A pista ficava a céu aberto e o manto azul sobre nossas cabeças estava de uma cor esplendorosa e intensa.
Eu adorei a experiência! Adorei! Foi incrível! Loucura! O vento batendo com velocidade no corpo foi demais!
Ao final do nosso tempo, parei no lugar indicado e desci.
— Ganhei no Natan! — Elisa cantou vitória.
— Eu deixei você ganhar! — ele cruzou os braços implicante.
— Deixou uma ova! Despeitado!
O barulho dos motores na pista anunciou a chegada dos dois carros que faltavam.
— A sua carteira de habilitação deveria ser recolhida antes mesmo de você tirar! — Pedro não estava muito contente.
— Só porque eu saí da pista aquela hora? — Isabel colocou a mão na cintura.
— Aquelas horas! Foram duas. — o namorado ressaltou.
— E daí? Foi só no começo. Eu ainda não tinha pegado o jeito! — ela se defendeu.
— Amor... — Natan, ao meu lado, mudou a postura ao ouvir isso. Ele ficou tenso. — Sabe que eu te amo, mas... mas nunca, nunca, vai encostar um dedo nas chaves do meu carro, Isi.
— Isi? — a voz do rapaz expressava puro nojo e desdém. Natan não disse isso alto, foi quase um pensamento, algo dito apenas para si mesmo, acho que ninguém mais ouviu.
Ele está com... ciúme?! Será que estou vendo coisas?
— Vamos de novo! — Isabel ignorou o namorado e se voltou para o grupo.
— Eu topo. — Natan declarou prontamente. — Mas não vou aliviar para você. Vai ter que provar do que é feita.
— Fechado! — ela o encarou com desafio. — Mais alguém?
Acabamos aceitando uma segunda rodada, mas a minha atençao estava em outro lugar: Natan.
Eu sei que ninguém gosta do Pedro, então nem vou me dar ao trabalho de perguntar kkkk
Dividi o capítulo porque ficou grande, mas a segunda parte está logo ali. Bjos!
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Noite Sombria | 3
RomanceUma lembrança pode mudar tudo! Após enfrentar a morte de frente, Alma Ferraz desperta de um sono profundo sem as memórias de um reino de fantasia. Durante a rotina do dia-a-dia, o ballet profissional deixa cada vez mais perto, John, um antigo amigo...