Uma lembrança pode mudar tudo!
Após enfrentar a morte de frente, Alma Ferraz desperta de um sono profundo sem as memórias de um reino de fantasia. Durante a rotina do dia-a-dia, o ballet profissional deixa cada vez mais perto, John, um antigo amigo...
— A contaminação não vem dos enlatados. — Selva falou. Ai droga! A vermelhidão dos olhos não era de sono. — Vem dos ovos que Hector teve contato na campina.
— E você... — Gael não concluiu.
— Eu tive quando ele os vomitou em cima de mim. O sono incuba a doença. Hector piorou muito depois de adormecer, então... não estou com sono.
Ela vai virar aquilo. E o que é pior... ela já sabe.
— Não pode ficar acordada para sempre. — Gael falou. — Tem algum jeito de...
— Eu não sei. Por enquanto... vamos focar no que viemos aqui fazer. O sono é meramente uma forma de repor energia. Posso absorvê-la do meu entorno, então... por enquanto, estou bem. — ela virou as costas e saiu. — Mas não se preocupem, sei o que fazer antes de começar a perder o controle.
Ficamos olhando a raposa assumir um posto perto do Natan.
— Acha que podemos confiar nela? — Gael falava baixo, observando os dois.
Selva já estava com a contaminação há mais tempo do que Hector e ela não parecia doente, talvez o sono fosse o culpado. Hector piorava cada vez que adormecia.
O que vamos fazer? Deixá-la para trás? Sozinha? Não parecia muito humano. Vamos começar a tratá-la como uma ameaça quando ela começar a agir como tal, no momento, ela parecia estar realmente do nosso lado.
— Ela é egoísta demais para arriscar a própria vida por nada. — falei. — Acho que está mesmo tentando nos ajudar. Talvez encontre uma cura.
— Onde você vai? — Gael perguntou ao ver Elisa carregando uma arma.
— Vânia ainda não voltou. Vou procurá-la. — avisou.
— Quer companhia? — Gael ofereceu.
— Só vou dar uma olhada, ela não iria longe.
— Vou com você. — também peguei uma arma e corri atrás dela.
Elisa me deu aquela olhada de: não preciso de babá. Mas ignorei e fui com ela assim mesmo. A mata estava tranquila ao som do vento dançando com a folhagem.
— Vânia? — chamamos algumas vezes. — Vânia? Onde você está?
Ouvimos um farfalha à direita. De trás de uma árvore, o rosto da garota apareceu.
— Ah. Você está aí. — Elisa falou. — O que está fazendo deitada aí no chão?
A botânica continuava em silêncio, apenas olhando para a gente enquanto caminhávamos até ela.
— Por que ela não responde? — perguntei. E por que ela não pisca?
— Vânia?
Começamos a ter uma visão melhor da cena. Ou a coisa não tinha nos visto, ou estava ocupada demais para dar atenção aos visitantes.
— Vamos voltar. — Elisa sussurrou e começou a me empurrar para trás. — Em silêncio.
A aberração estava de cócoras sobre o corpo da botânica, revirando a barriga aberta com as garras e a face cobertas de carmim, puxando as vísceras e se alimentava com satisfação. Os olhos de Vânia continuavam cravados no meu rosto. Eu quero sair daqui, correndo!
O meu coração parou de bater e eu parei de respirar. Cada célula do meu corpo ficou perfeitamente imóvel quando o ignáminu levantou os olhos do festim. Ele tombou a cabeça, como se estivesse curioso com a nossa observação. Voltou a encarar o corpo e continuou comendo.
— Vamos sair daqui! — supliquei baixo mas com urgência.
Senti um pingo de chuva cair no meu ombro. Um pingo grosso. Um pingo de tempestade que desaba de uma só vez. A água escorreu grudenta pelo meu peito. Viscosa demais.
Eu olhei para cima. A baba da criatura escorria por entre os dentes.
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