17 - Metal orgânico

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A minha companhia finalmente deu as caras

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A minha companhia finalmente deu as caras. Eu estava esperando por ele na entrada da floresta.

Natan bateu a porta do carro com tanta força que o veículo inteiro chiou em reclação. Ele estava emburrado e veio pisando duro na minha direção. Ainda bem que não íamos caçar, com aquela sutileza toda, afugentaríamos qualquer criatura viva em um raio de quilômetros.

Ele estava atrasado, e isso não era do seu feitio. Ele sempre fora pontual. Mas quando olhou para mim soube que não seria de livre e espontânea vontade que ele me contaria o que estava errado. Na verdade aquela era a cara dele de: nem pergunte!

— Você vem ou não? — passou por mim sem fazer uma pausa.

— Estou logo atrás de você. — seguimos mata adentro rumo à queda d'água. — O que a Isabel fez?

Na mosca! Ele parou na hora e olhou para mim com as sobrancelhas franzidas.

— Porque acha que ela fez alguma coisa?

—Ora! — dei uma risada, é claro que eu ia zoar o meu amigo. — Esqueceu que agora eu sou expert nessa coisa de correr atrás de quem não te quer? Então, o que a linda Isabel fez com o coitado do Natan? Que ela não te quer todo mundo já sabe, pode pular essa parte.

Ele bufou e trincou os dentes, ou seja, acertei. Ele apenas me ignorou e apertou o passo.

— Qual é, não vai me contar? — nenhuma resposta. — O que? Você beijou ela?

— Não!

— Vou te falar a verdade, meu amigo. Até hoje?! Você costumava ser menos lento do que isso, Natan!

— Cala a boca! Quem te perguntou alguma coisa?! E você não está, propriamente, em condições de me gozar! Olha a sua namora lá, com o amiguinho dela.

— Ah, não! Falar do John já é apelação!

Ele riu com satisfação. Meu coração até doeu de lembrar que era verdade. Bailarino mequetrefe miserável!

— Já sei. — continuei. — Você se declarou todo e a Isabel não te quis porque você é feio.

— Cala a boca, Gael! — ele estava mesmo bravo. Ótimo!

— Vai ver você beijou ela e ela não gostou.

— Cala a boca.

— Aposto que ela disse que você beija mal.

Natan virou para trás e agarrou o meu colarinho, segurando o punho fechado, prontinho para me socar na cara.

— Tá bom! Parei! Parei! Parei! — me rendi. Ele pensou por um segundo, mas apertou o punho mais ainda.

— Eu vou te mostrar, aí você tira suas próprias conclusões! — e teria mesmo me acertado um murro bem no meio da fuça se eu não tivesse me esquivado.

Noite Sombria | 3Onde histórias criam vida. Descubra agora