29 - Desagradável surpresa

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Alma estava morando perto da academia e costumava ir para o trabalho a pé

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Alma estava morando perto da academia e costumava ir para o trabalho a pé. Fui buscá-la de surpresa depois do ensaio aquela noite. Eu mal pude acreditar nos meus próprios olhos!

O motor rugiu e os pneus deixaram marcas com cheiro de queimado no asfalto. Larguei o carro no meio da rua. O miserável já tinha se soltado do abraço.

— Tira essa merda de mão dela! — o empurrão quase o fez cair.

— Gael! — a voz da dama exibia horror. Alma ainda não tinha visto esse lado meu. Era melhor ir se acostumando de uma vez.

— Ficou louco, cara! — o idiota se recompôs com irritação.

— Nunca mais na sua vida vai encostar um dedo nela, seu cretino babaca!

— Gael! — Alma me puxava pelo braço, tentando me impedir de avançar contra o namoradinho dela. — Para com isso agora! — ela gritou desesperada e eu olhei para a morena esbelta que estava me fazendo de palhaço.

— Entra no carro. — saiu baixo e rosnado.

— Como é? — a postura de indignação começou a assumir o controle. A criatura selvagem não gostava de coleira.

— Eu disse para você entrar no carro. — saiu ainda mais áspero. Empurrei a chave para as mãos dela. — Vai para casa.

— E se eu não quiser? — ela me desafiou.

— Eu não estou pedindo!

Alma teria me incinerado ali mesmo se conseguisse, trincou os dentes e saiu pisando duro. Bateu as chaves contra o capô e entrou pela porta do carona. Tanto faz. Voltei a minha atenção para a pessoa que eu mais odiava no mundo. Ele não recuou quando eu avancei.

— Eu odeio você de um jeito que eu nunca imaginei ser possível odiar alguém. — isso vindo de mim, alguém que cresceu odiando uma linhagem inteira, era bastante significativo.

— É recíproco. — respondeu calmamente e com confiança.

— Eu vi o que você queria fazer ontem. — os olhos dele lampejaram com essa informação.

— Não sei do que está falando. — debochou.

Não estou com paciência para blefes! Agarrei o colarinho dele e o empurrei de encontro à parede.

— Não sabe?!

— Ei! Me solta, cara! — o bailarino tentava se desvencilhar de mim.

— Embebedar uma garota para deixá-la mais vulnerável e receptiva a experimentar algo que não faria com a cabeça lúcida.

— Acha que eu queria me aproveitar dela?!

— Não se faça de ofendido! Homem nenhum embriaga uma mulher sem segundas intenções, seu porco canalha. Se tivesse encostado um dedo nela naquele estado... — saiu tão baixo e tão escuro, um exemplo perfeito do sentimento que me consumia. — Eu estaria jogando os seus pedaços para os cães de rua comerem agora. — deve ter sentido a veracidade da ameaça, porque ele tremeu. — Fique longe dela, seu merda.

Tirei as mãos dele sentindo nojo. Foi a primeira vez que cheguei tão perto do bailarino assim. O meu cérebro me chutou lá no fundo. Não! A dor me fez ver estrelas. Não. Isso não... pode... Inspirei profundamente. Não... pode... ser.

— Vai me beijar agora, ou o que? — o miserável falou, me acordando do torpor. Não tinha para onde ele recuar e eu estava mesmo invadindo o seu espaço pessoal. — Sou hétero! Tira essa cara feia da minha frente!

A eletricidade estática cresceu dentro de mim, assumindo o controle da minha musculatura. Me afastei, sem conseguir tirar os olhos do semblante dele. A lembrança de um ódio a muito esquecido aflorando, me sufocando como dedos invisíveis, unindo-se num matrimônio obscuro ao sentimento atual.

Ele ajeitou a camisa me olhando desconfiado.

O que eu sentia já não era um fogo abrasador. Era gelo. Frio e mortal. O monstro dentro de mim rugiu. Um instinto aguçado com provocação. A sombra de um sorriso nasceu no meu rosto. A iluminação caiu, a noite ficou mais escura e a penumbra do ambiente se fez dia comparada ao que eu sentia por dentro.

— Ora, ora. Quanta sorte a sua. — eu o observava de verdade, pela primeira vez. Embora não me atacasse, era petulante o suficiente para me encarar sem medo. — Eu teria adorado me apresentar de verdade, outrora. Uma pena, realmente, não termos nos conhecido antes — a minha voz saiu negra como a morte —, guardião.

 Uma pena, realmente, não termos nos conhecido antes — a minha voz saiu negra como a morte —, guardião

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Tá, tá, tá, eu vou explicar tudo!

Como eu acho muito melhor acabar a semana com uma fofoca do que com um casal fofinho - pausa para piscar os olhinhos - deixo vocês com essa suspresa desagradável:

John é um guardião.

Como? Quando? Onde? Por que?! Se eu estava bêbada quando escrevi esse capítulo? É... não kkkkkk

Vai dar treta? Claro e com certeza, mas é disso que a gente mais gosta ;)

Por hoje é só. Alguma teoria? Uma ótima semana e até a próxima. Bjos!

Noite Sombria | 3Onde histórias criam vida. Descubra agora