Uma lembrança pode mudar tudo!
Após enfrentar a morte de frente, Alma Ferraz desperta de um sono profundo sem as memórias de um reino de fantasia. Durante a rotina do dia-a-dia, o ballet profissional deixa cada vez mais perto, John, um antigo amigo...
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Cheguei ao topo do vulcão e olhei a cratera aberta. Alma estava suspensa sobre o olho da tempestade com os dois braços abertos absorvendo a magnitude dos relâmpagos.
Elisa, Natan e Ramon estavam ilhados num pedaço pequeno de rocha que se dissolvia sobre o rio de lava. Desci voando até o pequeno grupo. Natan estava inconsciente. Elisa nunca sorriu tanto na vida. Nada como retornar dos mortos para ver a sua irmã caçula se derramando inteira por você.
— Achei que estivesse morto, seu idiota! — ela estava tentando me estrangular, aquilo não podia ser chamado de abraço.
— Também senti sua falta, catarrenta.
— Natan não vai aguentar muito tempo. — Elisa me soltou e limpou o rosto molhado. — Ele foi atingido por uma descarga elétrica fortíssima.
— E a Alma? — olhei a garota de cabelos negros e beleza selvagem levitando com pura magia. Ela estava absorvendo os raios. — Ela conseguiu? Conseguiu enviar a noite para outro espectro?
— Não sabemos o que está acontecendo com ela. — Ramon respondeu com a testa franzida. — Ela simplesmente nos deu as costas e começou a andar. Os pés não tocavam a lava. Ela se dirigiu à tempestade... e está lá desde então. Absorve os relâmpagos como se estivesse se alimentando deles.
Um medo agudo me tomou. Não saber o que estava acontecendo com ela era desesperador. Eu precisava saber que ela estava bem, senão não consiguia raciocinar.
— Mas e a noite? E a criatura? — tinha uma pessoa faltando ali. — E o guardião?
O aprendiz me contou o que eu tinha perdido. A tempestade era a criatura, e Alma estava conectada, presa, sendo usada por ela.
— Preciso tirar ela de lá!
— Não! — Elisa me segurou com urgência. — Ela vai matar você!
— Nem vai conseguir se aproximar da atmosfera elétrica perto dela sem ser atingido. — Ramon acrescentou. — Não pode ajudá-la agora. Ela não ouve, não responde.
— Precisamos sair daqui. — Elisa falou. — Está ficando muito pequeno.
Ramon se transformou numa bolinha de pelo que cabia em qualquer lugar. Natan foi erguido do chão, sendo carregado por mim e Elisa. O corpo fraco dele foi depositado cuidadosamente do lado de fora do vulcão. O meu olhar não perdeu mais o foco depois disso. Preciso tirá-la de lá.
— Não faça nenhuma estupidez! — Elisa suplicou.
— Alma não tem consciência do que está fazendo agora. — Ramon me encarou. — Ela vai matar você sem ao menos se dar conta disso.
— Vou tomar cuidado. — garanti e ganhei o ar.
A garota continuava imóvel, de olhos fechados, completamente absorta em si mesma, vários e vários metros acima do chão. Tentei chamá-la. A minha voz se perdia no barulho dos trovões. A guardiã não estava me ouvindo. Nenhum sinal de reconhecimento. O semblante inexpressivo continuava imutável.