37 - Sol

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O peso do mundo caiu sobre os meus ombros. Instantaneamente senti a minha massa corporal aumentar exponencialmente. O meu corpo pesava como se fosse feito de chumbo denso.

— Está dizendo que eu tenho a obrigação de limpar a bagunça que você fez? — tentei organizar o meu raciocínio.

— Não. Estou dizendo que você tem esse poder.

— E como isso seria possível? — Elisa perguntou.

— O despertar da criatura não pode ser interrompido, mas ela pode ser enclausurada em outra dimensão. E... só um guardião pode abrir e fechar passagens para outro espectro.

— Você está completamente louca se estiver realmente sugerindo que mandemos Alma lá para baixo. — o ódio do Gael era contido e frio. Ele vai arrebentar a qualquer hora.

— Não estou sugerindo nada. Estou apenas dividindo as poucas informações que tenho. Além do mais, ela é hibrida, nem é uma guardiã completa. Não sei se teria realmente competência para fazer o encanto.

— O que é essa maldição exatamente? — Elisa perguntou. — O que vai acontecer?

— A criatura que desperta se alimenta de magia — Selva começou — e a fonte da nossa magia vem das estrelas. Quando ela acordar... vai começar a sugar isso para dentro de si. Basicamente... o mundo vai morrer. O sol é a estrela mais próxima daqui, é essa que a noite vai devorar primeiro.

— A noite vem e vai engolir o sol! — Gael e Elisa pronunciaram ao mesmo tempo.

— Sr. M. — Gael falou.

— Ele disse isso para a gente uma vez, que a noite engoliria o sol. — Elisa explicou. — Ele sabe da profecia.

— Como ele sabe dessas coisas? — perguntei.

— Não faço ideia, mas ele sabe! Então talvez também saiba como resolver. — Gael respondeu. — Precisamos falar com ele.

— Já falei. — Selva cortou o nosso raciocínio.

Você falou com o Sr. M?! — Elisa ficou desconfiada.

— Falei, quer dizer, acho que foi ele que falou comigo. Para mim o amiguinho lunático de vocês que trouxeram para cá nunca falava coisa com coisa, mas tive que mudar de opinião. Um dia, ele me viu na floresta e, sem mais nem menos, começou a falar e me contou uma história sobre uma profecia. Eu fiquei em choque! Era a profecia escrita nas paredes do templo de Shangri-la. Não sei como ele poderia ter aqueles conhecimentos. — ela alisou o próprio pelo branco de sua veste. — Mas eu não me preocupei porque ainda era só uma história, afinal de contas, as coisas tinham se consertado, a guardiã fora salva, então, estava tudo bem. — ela suspirou fundo. — Mas não foi bem assim. Na primeira vez que as luzes se apagaram no horizonte eu voltei a procurá-lo, eu já sabia que a guardiã tinha morrido... ele me olhou nos olhos e disse exatamente isso:

"O que está feito está feito. A noite vai engolir o sol!"

— Nesse momento eu tive certeza absoluta que as coisas só iriam piorar e eu não fazia ideia do que fazer. Eu não sabia como consertar, mas ele... ele disse que a criatura poderia ser adormecida em outro mundo. Foi ele que me falou sobre usar a magia de um guardião. A solução seria aprisioná-lo em um espectro sem magia, onde ele não teria alimento e acabaria por definhar. Voltaria ao estado de dormência até que a magia algum dia o encontrasse novamente. Se for boa, passará por ele sem o perturbar, se for má... a situação atual se repetirá.

— E como isso vai ser feito? A criatura virá à superfície? Ou teremos de descer? — perguntei.

— Eu não sei. Ele não disse mais nada. Eu pedi que me explicasse como fazer as coisas que ele me dissera. Ele é um guardião, então teoricamente poderia resolver, mas ele disse que não podia. Não podia fazer nada porque precisava achar uma lembrança antes. Ele só podia falar com a lembrança. Depois desse dia eu o visitei outras vezes, mas ele negou ter me dito aquelas coisas. Disse que não sabia nada de profecia nenhuma e que eu estava louca.

— Espera. Ele disse isso para mim. Que eu precisava achar a minha lembrança. — Gael puxava da memória. — É a Alma! Ela precisava se lembrar daqui, da fantasia, de ser uma guardiã. Ele só vai falar com você!

— Exatamente. — Selva confirmou. — Agora você já sabe, caçador, porque eu estava tão preocupada com a recuperação da sua doce menininha. Se o mundo vai continuar a existir ou não, eu ainda não sei, mas posso assegurar que o destino da guardiã está intrinsecamente ligado a isso.

 Se o mundo vai continuar a existir ou não, eu ainda não sei, mas posso assegurar que o destino da guardiã está intrinsecamente ligado a isso

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Se gostou não esquece da estrelinha. Bjos! Nos vemos na próxima.

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