Uma lembrança pode mudar tudo!
Após enfrentar a morte de frente, Alma Ferraz desperta de um sono profundo sem as memórias de um reino de fantasia. Durante a rotina do dia-a-dia, o ballet profissional deixa cada vez mais perto, John, um antigo amigo...
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Conseguimos aterrissar sem deixar o grupo ainda menor. Íamos descansar por algumas horas antes de seguir viagem.
No meu turno de vigília, ouvi um barulho. Ele. Essa ameaça não podia ser resolvida com a arma que eu tinha nas mãos.
O insuportável se locomovia como um caminhão alegórico no meio da mata. Chamativo e barulhento. Eu apostaria que o bailarino acreditava estar sendo silencioso. Depois de pisar em todas as folhas e quebrar todos os galhos pelo caminho, sem errar nenhum, ele se sentou de frente para mim.
— Que lugarzinho infernal, não acha?
Tenho que responder isso?! Não quero conversar com ele. Continuei olhando o mequetrefe considerando seriamente enxotá-lo.
— Acho sim. — respondi seco e de mau humor. Por que não levanta essa bunda e se manda? Idiota.
— Deve estar se sentindo em casa, então. — deboche. — Porque com certeza você é uma criatura saída do inferno. Já tendo feito as coisas que fez, não pode ter vindo de outro lugar.
— Acho melhor você ir embora. — avisei.
— Ou o que?! Vai me matar?! — desafio e escárnio. — Um a mais, um a menos... que diferença faz, não é mesmo? Vamos lá, faça! Só mais um para a sua lista imensa. Está em você, não consegue resistir. É a sua essência. É o que você é! Um assassino!
— Eu... não sou mais assim.
— É claro que é! Heitor, Hector, Vânia e Selva.
— Não foi... não foi minha culpa. — não sou culpado pela morte deles... ou sou?
— Paramos na campina porque você quis. Heitor foi morto e Hector infectado. Ele contaminou Selva. Se não fosse por você eles estariam vivos. Tudo isso aqui começou por sua causa. Vânia se voluntariou por você e você não conseguiu protegê-la. Tudo é culpa sua. Cada morte... foi sua responsabilidade. E ainda não acabou. Cada morte que ainda vai acontecer aqui... terá sido você!
— Eu não queria que isso tivesse acontecido. Eu queria levar todo mundo para casa.
— É preciso ter uma alma para receber remissão e você não tem! Será sempre uma coisa suja de sangue inocente. Será sempre uma besta do submundo.
Dói admitir. A minha alma está, e sempre estará, suja do sangue do meu passado.
— Como consegue se olhar no espelho? — continuou. — Você queria matar a Alma! Quantos foram, caçador? Qual é o número dos seus mortos? — ele continuava remexendo a minha ferida. — Diz para mim, conseguiu contar? Assassino.
Dói na alma ser um monstro, uma dor que o corpo não pode sentir. Por mais surreal que pareça, eu acreditava que estava fazendo o que era certo.
— Ela nunca te perguntou isso, não é mesmo? Será que a guardiã nunca teve curiosidade? Ou será que ela nunca teve coragem? Será que ela tem medo da resposta? Medo de não conseguir mais fantasiar que você é uma boa pessoa? Medo de não conseguir continuar mentindo para si mesma, dizendo que você merece uma segunda chance? E você, acha que merece? Ser feliz?
— Eu só estava tentando proteger o meu povo.
— Não me diga! — ele deu uma gargalhada abafada. — Desde quando assassinar gente inocente a sangue frio pode ser justificado? E sobre a Alma? Olha à sua volta. — ele apontou o entorno escuro e sombrio. — Ela está aqui por sua culpa. Tudo o que aconteceu com ela de ruim foi por suaculpa. Quantas vezes mais vai arriscar a vida dela? Precisa vê-la morta antes de entender que você só faz mal a ela?
Senti o espírito tremer com essas acusações. Não eram mentira, eram?
— Não pode protegê-la. Tudo o que você faz a coloca em risco. Ela estaria segura comigo.
— Ela não quer você. — consegui dizer.
— Tem certeza disso? Então por que me odeia tanto? Porque você sabe que se não tivesse aparecido, ela estaria comigo agora. Feliz. Em segurança. Coisas que você deseja, mas não pode dar a ela. O que aconteceria se você fosse embora e parasse de rondá-la com a sua sombra negra?
Eu morreria. É isso o que aconteceria. Alma é a minha vida, a minha paz, o meu mundo inteiro.
— Eu te digo o que aconteceria. Ela pararia de ser arrastada para esse tipo de coisa. — apontou a noite. — É a terceira vez. Não espere uma quarta. Se tudo isso acabar bem... desapareça! Ao menos uma vez na vida pense no que é melhor para ela, e não naquilo que você quer. Vá embora! Ou vai acabar se tornando responsável pela morte da pessoa que mais ama.
O guardião me deu as costas.
— O que foi... — a loura chegou perto, me encarando com incredulidade e irritação. —aquilo?!
— Ele não mentiu. — respondi.
— Aquilo não é verdade!
— Eu não sou um assassino? — olhei sem forças a minha Elisa. — E não sou responsável pela desgraça na vida da Alma?
— Gael...
— Eu sou, Elisa. Eu sou. E não importa o quanto eu queira concertar as coisas... tudo dá errado e é sempre a Alma a pagar por isso.
— Ela precisa de você, Gael.
— Não. Eu preciso dela. Alma precisa de alguém que não coloque a vida dela em risco a cada passo.
— Quer saber? Quer sentir pena de si mesmo? Eu não me importo! Mas por favor, faça isso depois que sairmos daqui. Consigo ver a derrota na posição encurvada dos seus ombros, na falta de viço dos seus olhos e na angústia da sua voz. Eu preciso de você aqui, da sua força e do seu fogo. Você de verdade, não isso aí. — ela apontou para mim. — Se não fizer por mim, faça por ela. Mas não desista agora.
Elisa também se levantou e foi embora.
Ir embora.
Eu precisava ir embora da vida da Alma ou ela nunca estaria segura. Eu podia lidar com tudo, menos com a culpa da morte dela.
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Vishiiii é hoje que o John passa dessa pra melhorar Kkkkkkkk
Olá amores! O remorso é a sombra do Gael, mas isso é bom pq mostra como ele realmente se arrependeu.