Capítulo 1

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- Alô?- Breno atendeu o telefone estranhado ao ver que era o número da escola de seus filhos.

- Senhor Breno?- ele ouviu a voz da diretora do outro lado.

- Eu mesmo- já ficou em alerta esperando a bomba.

- Sua filha acabou se envolvendo em uma briga aqui na escola e eu preciso que o senhor compareça para que possamos conversar sobre o caso- a diretora informou.

- Tudo bem, em dez minutos eu estou aí!- Breno desligou o celular, pegou seu blaser e saiu do escritório- Eu já volto, se alguém perguntar diz que fui resolver problemas pessoais- informou para seu secretário e saiu do prédio indo até seu carro.

Em menos de dez minutos ele havia chego na escola e já se dirigiu para a diretoria onde bateu na porta.

- Pode entrar!

Ele abriu a porta e se deparou com a filha sentada ali em frente à mesa da diretora com a roupa um pouco bagunçada e alguns arranhões no braço. Breno se sentou ao lado dela.

- Já é a terceira vez que sua filha se mete em uma briga desse nível, na próxima vez nós seremos abrigados a tomar medidas mais drásticas- a diretora finalizou após alguns minutos de conversa.

- Não se preocupe, não acontecerá mais!- ele apertou a mão da diretora e então seguiu com a filha para fora da escola- O que aconteceu dessa vez, Lulu?- perguntou quando já estavam dentro do carro.

- Aquela menina é metida demais não da pra aguentar- a menina revirou os olhos.

- Você ouviu o que a diretora disse, né? Da próxima vez você provavelmente levará uma suspensão e com certeza sua mãe ficará sabendo- ele advertiu.

- Isso jamais!

- Falando nisso, por que ligaram pra mim e não pra sua mãe se esse mês é ela quem tá com vocês?- Breno olhou curioso para a jovem enquanto esperava o semáforo ficar verde.

- Eu pedi pra ela te ligar, a mãe iria me xingar se fosse chamada aqui por isso.

Paula sempre foi muito liberar com os filhos, inclusive mais que Breno, só que quando se tratava de escola e educação, a morena gostava que as regras fossem seguidas.

- E ela não vai achar estranho você chegar mais cedo em casa?

- Mas você tem que me levar pra sua casa, pai!

- Quando ela for buscar seu irmão vai estranhar sua falta- mudou a direção indo para sua casa.

- Ela não vai nos buscar hoje.

- Por quê?- perguntou estranhado.

- Ela bateu o carro de novo e ele foi pra oficina- Breno riu ao ouvir a frase.

- Tinha que ser! Como que a carteira dela não foi caçada ainda?

- Os agentes de trânsito nunca pegam as besteiras que ela faz então sempre sai impune- Luiza explicou- Acredita que ela não tem nem um ponto na carteira?- Breno a olhou surpreso- Pois é, por mais que ela seja desastrada, é bem sortuda!

Breno chegou em frente à casa onde morava e estacionou para a filha descer.

- Se cuida, mais tarde eu te busco e te largo na escola!

O loiro sempre teve essa mania de fazer todas as vontades dos filhos, mas sempre impondo regras básicas que não gostava nem um pouco que fossem quebradas principalmente quando a pessoa que o contrariava era a mãe de seus filhos.

- Tchau, paizinho!- ela deu vários beijos no rosto do homem e saiu do carro.

Depois de ter passado um tempo trabalhando, Breno voltou para sua casa, pegou a filha e a levou para a escola novamente.

- Tchau, filha, torce pra sua mãe não descobrir!- eles riram e Luiza saiu do carro.

- Onde você estava?- Pablo perguntou para a irmã quando ela entrou correndo na van.

- Deu um problema aí e eu fui pra casa do pai- Luiza não escondia nada do irmão. O fato de eles serem gêmeos lhes deu uma cumplicidade fora do comum.

- Sorte sua que a diretora nunca liga pra mãe.

Mesmo sendo gêmeos, Luiza e Pablo não se pareciam em quase nada. As personalidades eram totalmente opostas, a menina era o caos e ele a tranquilidade. E quanto a aparência, Luiza era a cara da mãe, mas com os cabelos claros como o do pai, já Pablo era o contrário, a cara do pai com os cabelos castanhos da mãe e por isso sempre tinham que afirmar para as pessoas que eram gêmeos ou elas não acreditavam.

- Mãe, chegamos!- Luiza anunciou ao entrar pela porta branca de sua casa.

- Acho que ela não chegou ainda- Pablo disse largando sua mochila no sofá.

- Olá, crianças!- Paula desceu as escadas- Como estava a escola?- ela foi até os filhos e deu um beijo na testa de cada um.

- Tudo normal, mãe!- Pablo respondeu segurando o rosto de Paula e dando um beijo em sua bochecha como fazia todos os dias.

- Ótimo!- ela sorriu.

- Quando você vai pegar o carro de novo?- Luiza perguntou.

- Não sei ainda, filha, mas espero que breve- a morena ainda vestia as roupas de escritório então se abaixou para tirar o sapato e acabou batendo de testa no encosto de braço do sofá- Au!

Os irmãos já estavam tão acostumados com a cena que apenas riram da cara de dor da mãe.

- Cadê o Gabriel?- Luiza questionou quando parou de rir.

- Tá lá encima brincando no quarto dele- Paula constou- Eu fique sabendo de uma coisa.

As palavras fizeram o coração de Luiza acelerar e suas bochechas e orelhas esquentarem.

- O que?- ela engoliu seco.

- Vão abrir uma turma de jardim de infância na escola de vocês e eu finalmente vou poder mudar o Gabriel de escolinha- as palavras foram um alívio para a loira.

- Vai ser bom ter nosso pequetito estudando com a gente- Pablo sorriu.

- E vai ser ótimo pra mim também. Sem duas viagens! Vamos comer que eu to morrendo de fome.

Eles foram para a cozinha e comeram algo que Paula preparou rapidamente.

- Eu não entendo como você consegue ser tão desastrada, mas na cozinha parece um ser normal- Luiza zoou a mãe.

- Distraída!- a morena corrigiu- Eu me machuco direto na cozinha, é cada queimado e corte que vocês nem imaginam!

Essa era a rotina da família quando os gêmeos estavam em casa. Paula os pegava na escola, tomavam café juntos e logo assistiam um filme para ter um momento em família, e o mais interessante de tudo era que a rotina de quando iam para a casa do pai era completamente diferente.

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