Capítulo 3

826 45 6
                                    

O loiro a olhava com uma expressão irritada.

- O que está fazendo aqui?- sua expressão mudou de surpresa para brava.

- Eu quero ter uma conversa muito séria com você!

- Ótimo. Eu penso o mesmo- Paula abriu a porta e deixou o pai de dois dos seus filhos entrar por ela- Eu imagino que vai ser uma conversa dura, como sempre, então vou até te oferecer um café antes- o olhou com ironia.

- E eu vou aceitar já que é uma raridade que aconteça- ele se sentou no sofá.

Paula revirou os olhos com tamanho abuso do homem e foi para a cozinha.

- Mamãe, cadê meu Hulk de pelúcia?- Gabriel desceu as escadas e se deparou com Breno no sofá- O que você tá fazendo na minha casa?- franziu as sobrancelhas.

Gabriel nunca escondeu sua antipatia por Breno, a não ser em frente à Paula que ele até tentava fingir ser um bom garoto com o homem por mais que ela não ligasse muito se ele não fosse.

- Olá, Ester, como vai?- Breno chamava o menino dessa forma por compará-lo com a protagonista do filme "a órfã".

- Eu tava bem até você chegar- Gabriel desceu a escada lentamente e parou perto do loiro.

- Mostre as mãos- ordenou e o menino obedeceu- Ótimo, preciso ter certeza se não vai me dar algum golpe letal.

Gabriel continuou encarando o homem principalmente pelo fato de não ter entendido o que ele quis dizer.

- Filho- Paula chagou na sala e menino mudou a postura.

- Cadê meu Hulk de pelúcia, mamãe?

- Você deixou na minha cama ontem- falou acariciando o cabelo do pequeno.

Ele deu uma última olhada para Breno e subiu as escadas correndo.

- Seu filho me ama- falou irônico.

- Começa!- ela largou o café na mesa para Breno se servir.

- Que palhaçada é essa de você permitir que a minha filha use piercing no nariz?- deixou o café de lado e se levantou encarando a morena.

- É isso que te incomoda?- Paula riu com sarcasmo- E o que eu devo fale sobre você acobertar as merdas que a Luiza faz na escola?

O coração de Breno acelerou e ele sentiu seu sangue correr frio pelo corpo.

- Não mude o foco! Paula, ela tem só quatorze anos!

- Eu tinha essa idade quando furei o nariz também- deu de ombros.

- E vemos no que deu, né?- implicitamente falou sobre a gravidez na adolescência.

- Me diz de que adianta você ser tão conservador, mas ignorar os estudos e a educação?- ela arqueou as sobrancelhas.

- Eu ligo pra isso sim! Eu só acoberto a Luiza porque você é dura com ela!

- Se eu tivesse conhecimento da primeira vez, não teria ocorrido a terceira. Isso não é ser dura, é educar pro bem dela- Paula corrigiu.

- E deixar furar a cara com 14 anos é pro bem dela?- a olhou indignado- Você não bate muito bem da cabeça, né? Fica nítido ao observar que você tem 30 anos e ainda usa piercing no nariz-ele deu uma leve risada.

- E você que tem trinta anos e ainda mora com os pais? É normal, né?- Paula foi fazer a volta pela mesa de centro e acabou tropeçando na mesma, apenas não caiu pois apoiou o outro pé no chão rapidamente.

- Não da pra discutir com uma pessoa como você- ele se dirigiu para a porta de saída.

- Desculpa, Senhor Bonzão, prometo me esforçar pra merecer suas palavras- falou ironicamente e revirou os olhos.

- Você é muito infantil- ele se virou para ela.

- Você acha? Talvez seja por eu ter criado duas crianças praticamente sozinha na adolescência- ela sabia muito bem pisar nos calos dele.

- Eu não sou obrigado a ficar te ouvindo!

- Aconteceu alguma coisa, mamãe?- Gabriel perguntou descendo as escadas com seu sabre de luz do Star Wars já em posição de ataque.

  - Não, meu amor, a gente só tá tendo uma conversa de adultos- ela olhou para o filho e sorriu para ele o tranquilizando.

  - A chegada desse pestinha significa hora de ir embora. Fui!- Breno saiu da casa ouvindo os xingamentos de Paula pela forma que ele havia chamado seu filho- Luiza, você tá ferrada!

  - Por que, pai?- perguntou nervosa.

  - Sua mãe descobriu sobre suas brigas na escola.

  - Eu sempre falei que era errado vocês esconderem isso dela, mais cedo ou mais tarde ela ia ficar sabendo- Maria Olívia disse.

  - Poderia ser depois da minha festa de 15 anos pelo menos- Luzia se sentou no sofá e apoiou a cabeça nas mãos- To muito ferrada!

  - Eu falei com ela também sobre essa palhaçada de piercing.

  - Pai, qual o problema?

  - Você tem 14 anos, não tem que ficar fazendo essas coisas.

  - Você engravidou minha mãe quando tinha 15 anos, acha errado eu usar piercing?

  - Não faça eu me irritar com você, Luiza- ele disse firme.

  - Pablo, liga pra mãe e pede pra ela aliviar o meu lado- olhou para o irmão.

  - Desculpa, irmãzinha! Eu te amo muito, mas você merece qualquer castigo e sermão que a mãe te der. É pro seu bem- Pablo olhou para a irmã que suspirou.

  - Qual o problema do irmão de vocês comigo?- Breno perguntou confuso e se referindo ao Gabriel

  - Não sei também- Luiza riria em outra situação, mas estava nervosa demais para achar graça.

  - Filha, não fica assim- Breno se sentou ao lado dela e a abraçou- Sua mãe nem é tão firme assim.

  - Você nunca ouviu um sermão dela pra saber.

  - Eu já discuti muito com ela e eu sei bem como funciona.

  - Não sabe. Minha mãe sabe muito bem como pegar nosso ponto fraco- ela olhou para o pai com os olhos cheios de lágrimas.

  - Relaxa, eu não vou deixar ela fazer nada com você!- ele beijou a testa da filha enquanto Maria Olívia negava com a cabeça reprovando a atitude do filho.
 

All These YearsOnde histórias criam vida. Descubra agora