Capítulo 56

663 40 9
                                    

Depois de dar um beijo no rosto de Vítor, Paula pegou a mão de Gabriel e saiu do apartamento de Breno ignorando o loiro.

- Posso saber o que foi que você fez?- Luiza falou assim que chegou na sala ao lado de Pablo.

- Quem disse que eu fiz alguma coisa?- Breno perguntou irritado.

- Simplesmente porque a mulher mais durona que eu conheço tava quase chorando!- Luiza rebateu.

- Vai ver ela se estressou no trabalho- ele respondeu indo até Vítor e o pegando no colo.

- Então me explica por que ela foi embora levando só o Gabriel e deixou a gente aqui- Pablo quem se meter dessa vez.

- Porque eu pedi para os meus filhos dormirem na minha casa.

- Desculpa, mas você é muito babaca- a frase de Pablo fez o loiro o olhar enfurecido.

- Eu sou seu pai e exijo respeito!- Breno gritou fazendo Vítor começar a chorar- Viu o que você fez?- o loiro entrou para o seu quarto e bateu a porta- Calma, filho- ele andava de um lado para o outro com Vítor em seus braços.

Ele ficou acalmando o menino até que ele dormiu e então o deixou em sua cama. Breno sentiu seu coração apertado pela forma como havia falado com Pablo e então decidiu ir se desculpar.

- Filho- ele entrou no quarto do garoto que estava deitado de barriga para cima na cama enquanto jogava uma pequena bola de futebol para cima e pegava novamente.

- Que?- Pablo sequer olhou para o pai.

- Desculpa por ter gritado com você, mas não é bom ouvir um filho falar assim com a gente- ele se sentou na ponta da cama.

- Desculpa por falar daquele jeito, mas eu não gosto que ninguém machuque a minha mãe e dei um voto de confiança pra você quando começaram a namorar porque achei que tinha virado homem de verdade.

- Eu sou um homem de verdade. Eu amadureci muito principalmente depois que comecei a me relacionar com a sua mãe, mas há coisas que a gente não consegue controlar- ele falou sobre seu ciúmes.

- E você acha essa coisa mais importante que ela?- ele se sentou na cama e encarou o pai.

- Não é bem assim...

- É sim. Imagina que tem a festa de aniversário de uma prima sua, mas na mesma hora vai ter a final da Copa do Brasil que o Cruzeiro tá disputando, onde você iria?

- Pra final- ele falou não entendendo.

- Porque isso é mais importante pra você, certo?- Breno concordou com a cabeça- Então por que você não pensa assim? O que é mais importante, ser feliz ao lado da minha mãe ou essa coisa "incontrolável"?- Pablo levantou as sobrancelhas- Não precisa me responder, apenas reflita sobre!

Breno deu um beijo no rosto de Pablo e foi até o quarto de Luiza que estava usando o celular.

- Posso entrar?

- Pode- ela falou sem olhar para ele.

Breno se sentou na cama dela.

- Tá brava comigo?

- Não- ela falou com a cara fechada.

- Não é o que parece.

- Posso te falar uma coisa?- ela olhou para ele e deixou o celular de lado- Promete que não vai ficar ofendido e nem brigar comigo?- Breno concordou com a cabeça- Às vezes eu te acho muito egoísta. Parece que só interessa se você se sente bem ou mal e o resto que se dane.

- Sério?

- Sim, pai, e isso é bem chato às vezes porque eu já vi isso acontecer em relação à mãe algumas vezes e admiro demais a calma que ela tem em tratar com você porque se fosse seu já tinha te mandado longe- foi sincera.

Depois de uma longa conversa com Luiza, Breno voltou para o seu quarto e ficou refletindo sobre tudo o que seus filhos haviam dito e foi como um choque de realidade.


Eles acordaram no dia seguinte, se arrumaram e então Breno foi até a escola para deixar eles já que aconteceria um evento de 'despedida do ano'. Depois que terminou deu expediente de trabalho, o loiro foi novamente buscar os filhos, mas como eles não estavam onde sempre esperavam ele pegou Vítor no colo e entrou na escola encontrando Gabriel sentado em um banquinho enquanto comia um sanduíche.

- E aí, Gabe?- ele se aproximou do menino que deu um sorriso simpático.

- Oi, Breno!

  - Tá esperando sua mãe?

  - Sim, ela me falou que se ela não estivesse perto da minha sala era pra eu esperar aqui.

  - Você sabe onde estão seus irmãos?

  - Tão lá na palestra, não sei quando acaba- o menino o olhou com os olhos azuis inocentes e fez ele se sentir mal por tê-lo 'rejeitado' por alguns momentos no dia anterior.

  - Como a sua mãe tá?

  - Bem- foi a única coisa que ele disse- Sabia que eu gosto de você como se fosse meu papai?

  A frase do menino fez Breno sentir um nó na garganta e uma pequena ardência nos olhos denunciando a forte vontade de chorar.

  - É?- ele sorriu sincero- Eu também gosto de você como se fosse meu filho.

  - Então por que você não deixou eu dormir na sua casa ontem?- o loiro desviou o olhar e limpou a lágrima que caíra em seu rosto.

  - Quem disse que eu não deixei?

  - A mamãe não faria isso.

  Breno resolveu ficar em silêncio pois mais algumas palavras e ele desabaria a chorar na frente do menino.

  - Oh, meu amor, desculpa a demora- Paula chegou sorrindo para o filho e ignorando a presença de Breno.

  - Você viu o Breno e o Vítor aqui?- ele apontou para os dois e Paula apenas acenou com a cabeça para o loiro, mas deu um sorriso para o seu filho pequeno que estendia os braços para ela.

  - Pega ele- Breno falou.

  - Quer que eu o leve de volta pra casa também?- sua pergunta foi séria, mas ao mesmo tempo foi uma cutucada no loiro.

  - Não- ele engoliu seco.

  Paula pegou Vítor sem tocar em Breno e beijou o rosto do pequeno várias vezes enquanto ele ria e batia palmas.

  - Tava com saudade da mamãe, meu filho?- ela cheirou o pescoço do menino sentindo o cheirinho de bebê.

  Era a primeira vez que Breno se sentia sem graça na presença da morena, nem quando eles implicavam um com o outro ele se sentia dessa maneira. Era como se ele não fosse digno de olhar dentro dos olhos dela e ele sabia que se o fizesse, com certeza não seguraria o choro que estava entalado em sua garganta.

  - Vamos, filho?- ela perguntou para Gabriel.

  - Vamos!- ele guardou a lancheira na mochila e se levantou.

  - Ele não pode ir lá pra casa com os outros?- Breno baixo perguntou com o olhar em Vítor pois não queria olhar para Paula.

  - Não- ela falou mais baixo para Gabriel, que estava entretido com outro colega, não ouvir- Eu o amo como mãe e como pai, ele não precisa da sua peninha- ela beijou o rosto de Vítor mais algumas vezes- Tchau, minha vida!

  Ela o devolveu para Breno e saiu com Gabriel.

  - Que cara é essa, pai?- Luiza perguntou vendo os olhos marejados do homem.

  - Nada- ele respirou fundo- Vamos?

  Foi para o carro e logo já estavam em casa novamente.

  - Você não tentou se acertar com a mãe?- Pablo perguntou.

  - Acho que já era, filho. Eu toquei no ponto fraco dela!- a voz chorosa do homem fez o coração do jovem apertar.





•últimos capítulos•

All These YearsOnde histórias criam vida. Descubra agora