Capítulo 7

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  - Será que tá bom mesmo?- Luiza perguntou depois da décima vez que ensaiaram a valsa.

  - Tá lindo, filha- Breno disse emocionado.

  - Não tá faltando nada? Todos sabem a coreografia de cor?- ela olhou para os homens que dançariam com ela.

  - Tá tudo certo, irmãzinha- Pablo tranquilizou a irmã.

  - Cadê a mãe que não chega nunca?- ela olhou seu celular para ver se não havia ligações ou mensagens.

  - Já deve tá chegando, Lulu, relaxa- Maria Olívia tentou tranquilizar a neta.

  Estavam presentes os homens que dançariam com Luiza, que eram, Luiz, Sérgio, Breno, Leandro, Jordan, Danilo e mais alguns de seus colegas da escola, e Maria Olívia e Bruna que estavam auxiliando na organização do ensaio.

  - Por que não vai ensaiar a valsa do Pablo?

  Não era muito comum a comemoração de quinze anos para um menino, mas como ambos eram gêmeos e haviam escolhido por comemorar os quinze anos, decidiram que Pablo também teria que dançar a valsa com as mulheres da família.

  - As mulheres não tem tanto tempo disponível, Louis, mas eu já ensaiei separadamente com cada uma e antes da festa vamos dar uma ensaiada geral- Pablo explicou.

  - Ótimo- ela respirou fundo.

  Eles ouviram a porta da frente do salão onde se encontravam bater fortemente.

  - Acho que o Diabo da Tasmânia chegou- Breno comentou e os filhos riram.

  Paula entrou rapidamente no salão praticamente arrastando Gabriel com uma mão enquanto segurava sua bolsa e a mochila do menino na outra.

  - Olá!- ela disse calmamente, nem parecia o furacão de sempre.

  - Por que demorou, mãe?- Pablo perguntou.

  - Tive um pequeno imprevisto- tentou omitir o que havia acontecido.

  - Ela foi multada e levaram o carro dela- Gabriel tinha o dom de nunca deixar a mãe mentir e nem tentar esconder nada.

  - Boquinha de sacola!- ela olhou com as sobrancelhas franzidas para o filho.

  - Eu não vou nem tentar imaginar o que você fez pra tomar essa multa, mãe- Luzia riu.

  - Eles disseram que eu havia estacionado na frente de um hidrante. E daí? Que bobeira!- ela fez careta.

  Quase todos da sala estavam se segurando para não rir pois conheciam bem o jeito atrapalhado da morena e o como ela gostava de infringir as regras mesmo que fosse sem querer.

  - E cadê seu carro?- Breno perguntou cruzando os braços e Paula o olhou com as sobrancelhas arqueadas.

  - Não é da sua conta, mas eu vou responder mesmo assim. Eu já paguei a multa e peguei meu carro de volta, por isso demorei- ela largou suas coisas encima da mesa que tinha ao seu lado e foi cumprimentar as pessoas.

  - Quando tempo- Jordan disse quando Paula o cumprimentou com um beijo no rosto.

- É- foi a resposta dela e logo já saiu de perto dele.

  - Desde o ano passado que eu não te vejo- Maria Olívia sorriu para a morena.

  - Dias corridos- ela retribuiu o sorriso.

  - Sempre linda!- Sérgio acariciou os cabelos castanhos.

  - Obrigada!

  Paula nunca fez questão de manter uma proximidade com a família de Breno e o loiro tinha o mesmo pensamento sobre a família da morena pois achavam que o vínculo dos filhos já era o suficiente.

  - Mãe, me promete uma coisa?- Pablo olhou para a mulher.

  - O que?- perguntou um pouco assustada.

  - Promete que não vai cair no meio da valsa como você fez no nosso último ensaio?- ninguém da sala conseguiu segurar a gargalhada ao ouvir a fala de Pablo.

  - Eu não posso te prometer isso, meu bem, é minha natureza- ela riu de si mesma- Cadê o Gabriel?- olhou assustada para os lados e viu o menino parado no mesmo lugar que o havia deixado com os braços cruzados- Oh, filho, não vai cumprimentar ninguém?

  O menino deu um 'oi' geral e apenas beijou o rosto de Leandro e deu seu avô.

  - Por que eu não vou dançar?- ele tinha uma feição de bravo.

  - Você é muito pequeno, meu amor, e é uma dança coreografada- a morena tentou explicar.

  - Eu não sou tão pequeno assim- ele ficou na ponta dos pés e Breno riu.

  - Você não passa dos 1,70, Ester- Breno falou.

  Joaquim era apenas um centímetro mais alto que Paula, então as chances do menino alcançar uma altura superior eram bem pequenas.

  - Mãe, cadê a pimenta?

  - Pimenta?- Luiz perguntou confuso e Paula fuzilou o pequeno com os olhos para que ele não falasse mais nada, mas foi em vão.

  - A mamãe disse que se ele me chamasse assim na frente dela, ela iria por pimenta na boca dele- a morena pôs a mão no rosto envergonhada quando o filho terminou a frase.

  - Tenta a sorte, bonitinha- Breno se aproximou de Paula e riu- Eu não tenho culpa se seu filho tem cinco anos e parece ter trinta.

  - Ele deve ter os motivos dele pra não gostar de você- ela falou um pouco mais baixo para que o pequeno não ouvisse.

  - Ah, então você sabe o que ele me faz?

  - E acho pouco- ela virou o rosto e olhou para o filho- Você não parece a menina do filme nada, filho.

  - Não, ele que parece o Chewbacca do Star Wars- quando Gabriel falou isso, todos do salão, tirando Breno e o próprio Gabriel, começaram a gargalhar.

  - Você acha engraçado? Por isso que seu filho é mal educado desse jeito- ele olhou irritado para a morena.

  - O que você chama de 'má educação', eu chamo de 'sinceridade'- Paula se afastou do pai de seus filhos e foi até Luiza- Tudo pronto pra amanhã?

  - Eu espero que sim- ela respirou fundo- Promete que você e o pai vão deixar essa briguinha ridícula de lado amanhã?

  - Eu jamais faria alguma coisa pra estragar a festa de vocês- ela segurou o rosto da filha e deu um beijo em sua testa- Você tá toda bonitinha dançando a valsa.

  - Você também, tirando a vez que caiu, parecia até uma pessoa normal- cutucou a barriga da mãe rindo.

  Eles ensaiaram mais algumas vezes só para ter certeza de que estava tudo bem e então encerraram.

  - Querem ir almoçar com a gente?- Maria Olívia perguntou se aproximando de Paula e seus três filhos.

  - A gente pode, mãe?- Pablo perguntou.

  - É claro, filho!

  - O convite é pra você e para o Gabriel também, Paulinha- mesmo não tendo mais contato com a mulher, MO seguia a chamando como na época em que era adolescente e saía com Breno.

  - Muito obrigada pelo convite, Maria Olívia, mas nós combinamos de passar a tarde juntinhos em casa já que amanhã vai ser uma correria- a morena respondeu sorrindo.

  - Que isso, nós que agradecemos a sua resposta- Breno disse irônico e Paula lhe sorriu sarcasticamente.

  - Ignore ele, filha- Sérgio olho para a morena- Se mudarem de ideia estaremos no restaurante italiano que fica perto da sua casa.

  - Obrigada!

  Eles foram para o estacionamento e todos entraram nos carros, ficando apenas Breno e Paula para fora.

  - Oh, Diabo da Tasmânia- Breno se aproximou da morena que precisa procurar algo dentro da bolsa.

  - O que você quer, Chewbacca?- devolveu a ironia.

  - Só queria te lembrar de não esquecer o pé direito em casa amanhã- terminando a implicância, ele voltou rindo para o seu carro, deixando uma Paula enfurecida para trás.

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