Capítulo 59

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  Paula olhou para o local rodeado de natureza e respirou fundo antes de finalmente entrar no cemitério. A morena, desde que Joaquim morrera, tinha o costume de visitá-lo pelo menos uma vez ao mês e sempre levar o filho ao local no dia que seria o aniversário do pai, mas naquele dia ela não havia ido chorar de saudades ou contar sobre sua vida como fazia, ela foi para pôr um fim naquele ciclo de sua vida para iniciar outro.

  Paula adentrou o local e chegou na área tão conhecida por ela. O tanto de lápides presentes no local poderia ser assustador para a maioria, mas ela já estava acostumada a sentar ali e, às vezes, apenas ficar em silêncio. Ela se aproximou da lápide preta que tinha escrito em letras douradas: "homem honrado, amado e justo!" e se ajoelhou diante dela. A morena leu o nome do falecido marido e fechou os olhos suspirando.

  - Eu sei que geralmente venho aqui pra te contar alguma novidade, ou pra simplesmente dizer que sinto sua falta por mais que eu saiba que você não está aqui, mas hoje o assunto é diferente- ela pegou a rosa branca que havia levado e deu um beijo nela- Você sabe que eu sempre te amei e que meu desejo era passar o resto da minha vida ao seu lado, de cabelos branquinhos e com nossos netinhos em nossa volta- ela sorriu- Mas não foi assim que o destino quis e eu sei que a sua partida foi por algum propósito, e hoje eu consigo enxergar isso, por mais que, por anos, eu fiquei cega achando que morreria sozinha porque você era o único amor da minha vida, hoje eu consigo enxergar que, você foi sim o amor da minha vida, mas eu não morri junto com você e tinha um nó antigo que eu tinha que desfazer e acabou virando amor- ela fungou e limpou algumas lágrimas que escorriam- Desculpa por ter ficado tanto tempo sem vir e aparecer aqui pra falar desse assunto, mas eu preciso disso, Joaquim, eu preciso finalizar esse clico da minha vida pra poder me entregar 100% para aquilo que a vida me prepara. Eu amo o Breno e eu pretendo tornar a nossa relação mais séria que já está, então eu achei que seria certo eu deixar isso com você.

A morena tirou um colar que continha a aliança dela e a de Joaquim também.

- Eu as guardei por muitos anos pra te ter mais perto, mas agora eu tenho outro alguém e eu quero trocar alianças com essa pessoa também- ela pôs as alianças na frente da lápide dele- Eu sei que, seja aonde você estiver, você está torcendo pra eu refazer minha vida como venho fazendo nos últimos anos e também sei que você acha ótimo o fato de Gabriel poder se espelhar em uma figura masculina que tem os mesmos valores que você, e quero dizer que eu jamais deixarei que ele se esqueça de você, mas eu encerro aqui a minha jornada- ela beijou a rosa branca novamente e pôs encima das alianças- Eu amo o Breno, mas quero que você saiba que sempre terá um lugar especial no meu coração.

Paula deu uma última olhada na lápide e então se levantou saindo do local. Parecia que ela havia tirado um gente peso das costas. Ela sentia que havia uma pendência com Joaquim que havia sido resolvida naquele momento e agora podia seguir sua vida com Breno. A morena voltou para a casa tarde e encontrou Breno cochilando no sofá.

- Amor, vamos pra cama- ela sussurrou balançando levemente o corpo dele.

Breno abriu os olhos assustado, mas se acalmou ao ver os castanho o observando.

- Que horas são?

- 23:37. Cadê as crianças?- ela perguntou.

- O dia foi cansativo e eles dormiram há um tempo já- Breno se sentou no sofá e esfregou os olhos com as mãos.

- Desculpa a demora, eu precisava resolver uns assuntos.

- Tudo bem- ele sorriu e ficou olhando para a namorada- Você quer conversar?

- Não, eu quero te dar um presente- ela mexeu na bolsa e pegou uma caixinha.

- Eu já aceitei namorar com você, mor- ele brincou e ela riu.

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