A medida que ia se aproximando de sua cidade natal, as sensações compartilhadas pela marca aumentavam de intensidade em uma frequência esmagadora, chegando ao ponto de fazer Bakugou acreditar que ia enlouquecer de pesar. Uma senhora alfa chegou a lhe indagar se estava bem assim que o viu abaixar o rosto sobre as mãos, chorando compulsivamente, de soluçar.
— O que houve, querido, está passando mal? — acariciou suas costas com cuidado. Ele apenas continuou a prantear, incapaz de responder, amargurado pela dor do ômega que amava e que tinha condenado àquele sofrimento por causa de seu egoísmo — Um alfa forte como você. Foi algum ômega, aposto que sim. É difícil ficar longe deles depois que se acostuma, são como uma parte de nós. A melhor e a que mais nos aflige ao mesmo tempo — ela suspirou reclinando-se enquanto ainda o alentava — Eu ainda lembro do meu... bons tempos. Depois que se perde um ômega amado tudo parece perder a cor ao nosso redor.
Silenciosamente, Katsuki assentiu, sentindo o peso daquela verdade. Sua vida havia se tornado insossa e sem sentido longe de seu amado ômega. Captava os sentimentos de Eijirou pela marca, que fluíam através de si, machucando-o e o fazendo sentir-se como um merda incapaz.
Lembrou-se dos primeiros momentos partilhados quando ele lhe confessou sua maior fraqueza: a de se sentir inferior aos demais e insuficiente para qualquer tarefa, características que ele sabia terem retornado e ampliado após sua partida.
Como alfa ele também havia sido falho ao ignorar seu ômega. Por Deus, ele havia marcado-o e depois o abandonado sem nem ao menos olhar para trás ou se desculpar, deixando sob sua custódia o filho que ambos fizeram juntos, mas que não quis assumir por causa do maldito egoísmo.
Reencontraria Eijirou e se redimiria para que Takeshi pudesse ter um lar completo e amoroso, assim como o ruivo sempre idealizou.
Uma tarefa mais simples de imaginar do que cumprir.
Assim que desceu do avião, assolado por aquela dor pungente que ia e vinha cada vez mais vivaz e em intervalos cada vez menores, Katsuki entrou em contato com alguns amigos, tendo como primeiro de sua lista o próprio Deku que lhe recebeu a base de porradas assim que o reconheceu parado à soleira de sua porta com um ar miserável e arrependido, sem se compadecer de seu semblante desolado. Pela primeira vez na vida, Izuku partiu para cima dele sem hesitar por um minuto que fosse, e teria quebrado uma de suas costelas caso o loiro não tivesse agilmente esquivado do primeiro golpe. Mesmo sendo ômega, ele ainda era o sucessor de AllMight e detentor do All for one e um erro poderia custar alguns dentes e ossos dos incautos adversários.
— Depois. De. Tudo. Acabar. Em. Merda. Você. Volta?! — disse espaçadamente enquanto socava o chão ou paredes na intenção de acertá-lo, com lágrimas nos olhos e lábios trêmulos — Você destruiu o Eijirou, seu covarde de merda! Acabou com ele!
— Deku, idiota, me escute! — exigiu irado com a reação violenta do amigo enquanto continuava a esquivar dos golpes, ciente de que poderia fraturar uma costela ou ficar paraplégico caso fosse atingido — Eu preciso saber onde está o Eijirou... eu voltei para consertar tudo. Mas não vou conseguir se continuar a tentar me acertar, porra! - pulou antes de ser pego por um soco, porém Izuku lhe segurou a perna e o arremessou contra a cerca sem nenhuma delicadeza.
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Insuficiente
FanfictionPor toda a sua vida Eijirou sentiu-se incapaz e desmerecedor, tendo de lutar contra toda a negatividade em si para poder conseguir se destacar. E, por um tempo, as coisas deram tão certo que chegou a crer que sua vida continuaria nos eixos. Então d...