36 - Exames

2.3K 268 404
                                    

Ei amores, prontos para os tiros?

As horas se arrastaram, lentas e pesadas, trazendo ao coração de Katsuki a inevitável preocupação mesclada à esperança

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

As horas se arrastaram, lentas e pesadas, trazendo ao coração de Katsuki a inevitável preocupação mesclada à esperança. A cada novo membro da equipe que entrava na UTI, Katsuki sentia o coração parar junto com a respiração que prendia ao mesmo tempo, silenciosamente aguardando alguma informação enquanto escutava o coração bater forte e acelerado contra o peito.

Podia ser uma notícia boa ou uma ruim, não havia como prever e a espera arrastava a sanidade do alfa que sentia cada parte de si pulsar aflita. Ávido por informações, ele não conseguia deixar de sentir as entranhas se enroscarem de modo incomodo e doloroso, como se várias e minúsculas mãos agissem em seu interior enroscando-as em desassossego. A mente pesava e cada nervo estremecia ao menor indício de som ou imagem, buscando desesperadamente o desfecho daquele dilema.

Felizmente, Eijiro havia adormecido e ele preferia que continuasse assim pelas próximas horas, desejando poupá-lo de todo aquele stresse. O médico havia sido esperançoso, afinal, disse-lhes que haviam muitas chances de sucesso e recuperação, mas que ainda precisavam se certificar quanto a recuperação de Takeshi. Ouvir algo assim era terrível, de fato, contudo não podia ser comparado nem um terço ao que já passaram e o alfa encarava apenas como a última onda do percurso.

Shoto e Izuku se mantinham em alerta ao seu lado, sem o abandonar um minuto que fosse. Precisaram mudar suas agendas e o fizeram sem nenhuma reserva, mesmo ante a insistência de Katsuki para que não o fizessem. Ambos estavam resolutos e nada mudaria isso.

- Não vamos deixar você, Kacchan, não importa o que nos diga - Izuku foi franco e direto, escapando dos argumentos do alfa com o semblante compenetrado. Para sua surpresa ele o abraçou - Vocês são nossa família e não abrimos mão disso.

Aquela demonstração de amizade e fraternidade deixou Katsuki ainda mais abalado. Como eles poderiam ainda considerá-lo alguém importante depois de tudo o que já havia feito? Realmente era um maldito sortudo. A vida insistia em trazer-lhe de volta tudo o que um dia tentara afastar, atrelando-os a si, e não poderia ser mais grato.

- Maldito Deku... - retribuiu o abraço, os lábios um tanto trêmulos enquanto lutava para não deixar-se esvair em lágrimas -... Obrigado.

Era o máximo que conseguia deixar escapar por entre a garganta apertada, apreciando o companheirismo do ômega.

- Amamos o Takeshi tanto quanto vocês - Shoto deixou escapar, um tanto mais reservado enquanto mantinha certa distância. Seus olhos, no entanto, denunciavam que sentia o mesmo que Izuku.

Horas se passaram com eles enterrados em um silêncio tácito e respeitador. Não haviam necessidade de palavras uma vez que todos compartilhavam da mesma ansiedade.

Por fim, ao final de vinte e quatro horas, receberam a notícia de que Takeshi havia sobrevivido e mantinha uma recuperação estável. Katsuki precisou buscar uma cadeira para se sentar pois não tinha mais forças para ficar em pé, sentindo que os joelhos trêmulos cederiam a qualquer instante. De cabeça baixa, a face enterrada nas palmas das mãos ele pôde permitir que toda a apreensão, angústia e medo que sentira nas últimas horas esvaísse, fluindo para fora de si em uma torrente de lágrimas pesadas e profusas, sem se incomodar com a platéia. Ele precisava daquele momento, exorcizar os demônios que estavam sentados sobre seus ombros há anos, enxotando-os com a promessa de que agora tudo ficaria bem.

Insuficiente Onde histórias criam vida. Descubra agora