19 - Tentativa

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Eita que eu sei que vocês estão otimistas. Bem, continuem assim.

Mesmo após anos aqueles olhos ainda o assustavam, incitando a vontade absurda de fugir

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Mesmo após anos aqueles olhos ainda o assustavam, incitando a vontade absurda de fugir. E talvez ele o fizesse, caso outro medo maior ainda, não o mantivesse preso a necessidade de ter que lidar com aquele homem, afinal, salvar Katsuki era o que lhe dava coragem para seguir em frente com o plano e não falharia. Estava convicto. Não era mais o garotinho assustado que um dia havia finalmente tomado coragem para enfrentar o pai autoritário e ausente, após anos aceitando ser tratado como um lixo, humilhado por aquele que deveria cuidar de si.

Havia evoluído, construído uma carreira e nome, sem permitir que mais ninguém o rebaixasse, erguendo a cabeça e mantendo o olhar fixo em seu objetivo, ainda que no fundo de seu coração, em um local escondido e obscuro, ainda morasse o medo de ser uma decepção para os demais. O sentimento de inutilidade que ele ocultava do mundo.

Estava pronto, mas não pode impedir seu coração de se partir no momento em que vislumbrou a entrada da mansão, atravessando novamente os portões que se abriram ao se identificar. Um sentimento amargo de derrota, humilhação e inferioridade o atingiram em cheio obrigando-o a fechar os olhos para buscar coragem dentro de si. Anos atrás havia saído pelos mesmos portões rumo a uma vida diferente, com os olhos marejados e o espírito quebrantado, porém esperançoso. Katsuki o esperava do lado de fora, apoiado no muro e o recepcionou com um sorriso no rosto. Ele quem havia aberto seus olhos, o incentivando a se libertar das amarras invisíveis que o prendiam aquela realidade. Não havia nada para Eijirou dentro daquelas paredes, nunca existiu. Havia apenas palavras ásperas e olhares envergonhados de submissão e desprezo. No dia em que partiu de casa para não mais voltar olhou uma última vez para trás, ciente de que não estava abandonando sua casa pois nunca havia sido bem vindo aquele lugar.

Agora ele retornava e tinha certeza de que sua recepção não seria a melhor, nem calorosa. Para cada canto que olhava havia uma memória, onde ele, sempre solitário, buscava a atenção de um pai que deixava claro que o preferia distante de si, afastando-o como podia, repelindo sua presença como se fosse um cão sarnento.

Eijiro sabia que unnca fora bom o suficiente para Hisoka que sempre o classificava com os piores adjetivos possíveis. Ansiava provar a ele que era capaz de lhe dar orgulho, por vezes treinando e ensaiando até a exaustão, dando tudo de si. Conquanto, sempre que chegava o momento de provar sua capacidade ele falhava miseravelmente. Bastava olhar para o pai o fitando com olhar feroz, carregado de incredulidade para sentir toda sua coragem ser sugada.

Podia se ver ainda garoto, correndo por aquele gramado, fugindo de sua própria covardia enquanto os demais murmuravam sobre sua tola tentativa e o pai cerrava os dentes, humilhado por ter um filho incapaz. Desejava apenas recitar um poema para os amigos do pai, crente de que ele se orgulharia de demonstrar sua capacidade, mas travara assim que os olhos dele encontraram com os seus. Hisoka fazia questão de lembrar-lhe aquele incidente, proibindo-o de tentar novamente.

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