15 - Intruso

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Mais um para vocês hoje porque estou na vibe. Já li os comentários e me apaixonei, gente, obrigada pelas ideias, de coração, me ajudam a animar. Eu vou responder assim que acabar de atualizar as demais, ok?!

Havia sido mais uma noite mal dormida, com Eijiro acalmando o filhote que, felizmente, vinha acordando cada vez menos a noite, enquanto o alfa se mantinha a postos esperando ser útil em algo, atento às necessidades de ambos

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Havia sido mais uma noite mal dormida, com Eijiro acalmando o filhote que, felizmente, vinha acordando cada vez menos a noite, enquanto o alfa se mantinha a postos esperando ser útil em algo, atento às necessidades de ambos. Chegou até mesmo a cogitar pegar o pequeno para tentar acalmá-lo, mas desistiu assim que ele olhou para si, gritando mais alto.

— Eu posso tentar acalmá-lo, se quiser? — ofereceu-se solícito, desencostando do batente da porta e se aproximando.

— Não precisa, obrigado. — O ômega disse em meio a um longo bocejo, alisando as costas do pequeno que ainda gritava.

Em comparativo era perceptível que com Eijiro, Takeshi apenas chorava, sem dispensar a ele nenhum tratamento violento de repulsa, como puxar o cabelo ou chutar. Pelo contrário, ele se segurava nele como um filhote de gato, agarrando o que podia com as mãozinhas em punho, como se pedisse ajuda.

Eijiro compreendia rapidamente o que ele queria, e tentava de todas as maneiras acalmá-lo, beijando, aromatizando, cantando, embalando com movimentos suaves e falando suavemente. Era tão carinhoso e cuidadoso com o filhote que o alfa invejou sua paciência, tentando entender como alguém em sã consciência seria capaz de tirar a guarda de um pai tão amoroso.

No final eles desceram e Eijiro sentou no sofá com o filho ainda aos berros, oferecendo a ele uma mamadeira enquanto ligava a televisão no canal de músicas preferido do pequeno. Já havia dado banho nele - o segundo da noite - e caminhava como um zumbi, com os olhos pesados de sono.

Aos poucos a atenção de Takeshi foi sugada pelos personagens coloridos pulando e dançando, e ele diminuiu o ritmo do choro que mingou até desaparecer, deixando para trás apenas os soluços. Cerca de cinco minutos depois estava encarando a tela, carrancudo e com os olhos atentos a cada movimento dos protagonistas, sem brincar ou sorrir como fazia a tarde.

— Se quiser eu posso vigiá-lo depois que ele dormir. Você precisa descansar — se prontificou mais uma vez.

O ômega afastou os fios loiros da testa de Takeshi, beijando-o devagar antes de passar a mão pelas bochechas vermelhas dele.

— Eu não me importo de dormir pouco, já me acostumei. Sem contar que prefiro uma noite mal dormida com o meu filhote do que uma solitária. — ajeitou o filho que resmungou um pouco, bocejando demoradamente com a boca bem aberta mostrando os dentinhos e balbuciando uma espécie de reclamação ao sentir que o pai ômega estava mordendo sua bochecha de leve, aparentemente ranzinza demais para rir da brincadeira.

O alfa se calou, apenas olhando a interação dos dois, encantado com a imagem bonita que formavam juntos. Ambos piscavam os olhos lentamente, caindo no sono quase que ao mesmo tempo.

Tão lindos juntos. Seu ômega... seu filhote...

Seus. Será que eram mesmo? As palavras de Eijiro ainda martelavam em sua cabeça, acusando-o de uma verdade da qual não podia escapar. Eles não eram seus como ele havia esclarecido, não lhe pertenciam ou o consideravam como tal. Em verdade o encaravam como um intruso em seu cotidiano e o alfa passou a se sentir isso mesmo, um intruso.

Se aproximou ajeitando-os para que deitassem no sofá, desligando a televisão e garantindo que Takeshi deitasse do lado do encosto do sofá para não cair.

Eles resmungaram mas não despertaram, sinal de estavam mesmo cansados. Eijiro chegou a abrir os olhos, fitar Bakugou e sorrir, sem ter muita noção do que estava fazendo, desnorteado pelo sono pesado, sussurrando um breve " obrigado, amor" que fez o alfa parar por um instante, emocionado por recordar a maneira doce com o qual ele se dirigia a si antes de tudo desandar, com um sorriso mínimo, que logo se desfez quando ele mergulhou novamente na inconsciência do sono, abraçando o filho que se aconchegou em seu colo, murmurando satisfeito. Takeshi amava o pai ômega que esteve ao seu lado desde o primeiro momento, e Bakugou nem mesmo conseguia imaginar como foi difícil para ambos ficarem aquele tempo separados.

Com cuidado acariciou a ambos, deslizando os dedos pelos fios de cabelo sedosos, abaixando-se para deixar um beijo em cada um, triste por aceitar que seu lugar não era entre eles, e que talvez nunca, nem mesmo que tentasse por anos, ou se tornasse a pessoa mais compreensível do mundo, ele fizesse de fato parte daquela família.

Para sua surpresa, Takeshi abriu um dos olhos e por um segundo Katsuki amaldiçoou sua ousadia de chegar tão perto de ambos, prevendo que ele começaria a chorar alto rejeitando-o e acordando Eijiro que merecia descansar. No entanto ele não o fez, apenas o encarou com o olhar azedo, balbuciando algo que parecia um resmungo antes de voltar a cair no sono.

O alfa ergueu-se fitando o relógio e percebendo que faltava pouco para o seu despertador tocar. Ele havia desenvolvido o hábito de acordar cedo para deixar tudo organizado, e como não havia muito tempo, resolveu iniciar as tarefas do dia.

Arrumou a casa, o quarto de Takeshi, recolheu as roupas e preparou um café da manhã incrementado para Eijiro, tudo antes de subir para tomar um banho e se arrumar para o trabalho.

Saiu enquanto eles dormiam, tentado a beijá-los de novo, mas conformando-se de ainda poder estar perto, ainda que não tivessem muita interação e o tratassem com indiferença.

O dia foi puxado, cansativo e estressante. O cansaço causado pelas noites mal dormidas cobrou seu preço em meio a uma batalha. A mente demorou a processar, os instintos falharam e sua sempre tão impecável destreza não foi suficiente para evitar que seu corpo fosse tragado pela onda de choque que o atingiu, empurrando-o contra uma das paredes do prédio condenado.

Atordoado pela concussão que deixou seus ouvidos zunindo e sua visão borrada, ele foi incapaz de desviar a tempo de um projétil pontiagudo lançado pelo inimigo. Uma dor lancinante irradiou-se em alguma parte do seu tronco, fazendo-o arfar e vomitar uma parcela generosa de sangue, o que deixou em sua boca um sabor ferruginoso. A consciência começava a abandoná-lo enquanto ele via o inimigo se aproximar, sua imagem ondulando como se fosse uma maldita miragem. Os sons ao redor pareceram abafados, como se estivessem embaixo da água, impossíveis de serem diferenciados, enquanto o zumbido longo e agudo continuava, alto e estridente, sobrepondo os demais.

Bakugou sentia como se os músculos estivessem se desligando, enfraquecendo, sua cabeça pendia e o sangue continuava a sair de sua boca em generosas porções. Nos últimos segundos, quando já não sentia mais os membros que tornaram-se dormentes e não conseguia distinguir as formas e sons do espaço que o cercava ele pensou apenas em Eijiro e Takeshi.

Eles não sentiriam falta dele e, naquele momento, por mais triste que fosse a ideia de morrer ciente de que sua família não o amava, era consolador saber que a falta de sua presença não influenciaria em nada suas vidas.

Katsuki só lamentava não poder viver o suficiente para se redimir de seus pecados.

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Se hidratem e fiquem com (a) Deus.

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