Estamos aqui, pertinho do final e eu só os caquinhos.
Katsuki cresceu ouvindo que um bom alfa não se deixa levar pelas emoções com facilidade, sabe se comportar e guardar seus medos e angustias para poder oferecer conforto e amor para seu ômega, e o fazia muito bem, afinal o universo o tinha agraciado com o melhor de todos os companheiros.
Por isso ele não se importou de estar chorando como uma cadela por finalmente estar oficializando para todos a sorte que tinha, principalmente por estar proporcionando a Eijiro o que ele tanto desejava na juventude. Só de imaginar que tinha demorado anos para tomar a atitude, Katsuki tinha vontade de explodir a própria cara.
Ele não merecia alguém como Eijiro, nem mesmo estar no mesmo lugar que ele, mesmo assim ali estavam, caminhando de mãos dadas em direção ao altar e porra, ele estava tão lindo com aquele terno branco que fez o alfa interior de Kastuki inflar de orgulho, porque sim, ele tinha o melhor de todos os ômegas.
Nem mesmo se importou com o sogro encarando-o com o semblante ranzinza, de sobrancelhas unidas em um aviso, quase podia ouvi-lo falar "não foda tudo de novo ou eu vou matá-lo dessa vez". Quem visse Hisoka agora não seria capaz de associá-lo ao grandessíssimo filho da puta que havia sido durante a infância e adolescência de Eijiro e Katsuki apenas o ignorou quando ele recomeçou com as recomendações quando foram convidá-lo para o casamento. Na verdade ambos quase saíram no tapa, temperamentais demais para se manter no mesmo ambiente sem rosnar ou querer morder um ao outro. Foi Takeshi quem os separou, colocando-se entre eles como uma barreira.
- É melhor recolherem essa presença antes que eu bata nos dois, estão incomodando a Kiki - avisou rosnando para ambos, que pararam ao ver que a bebê realmente estava iniciando um choro, incomodada com a agressividade na sala.
Aquilo tinha acalmado os ânimos e os feito rir, concordando que Takeshi era um garoto crescido e guardião dedicado. Tocaram a cabeça dele com carinho e continuaram a conversa como se nada tivesse acontecido.
O melhor ômega só lhe dera os melhores filhotes e, mesmo tenham perdido muitos pelo caminho, ele ainda se orgulhava do quão forte e perfeito Eijiro era.
Apertou a mão dele entre as suas, choroso enquanto sorria para ele, tão feliz que quase podia sentir o peito carregado, cheio do amor que sentia por Eijiro. Era como se nunca fosse o suficiente, queria agradá-lo e o fazer feliz só para poder ver sempre aquele sorriso encantador.
Sequer prestou atenção na celebração, assim que chegaram ao altar. Só tinha olhos para Eijiro, certo de que estava sorrindo e chorando como um idiota, sem nem se importar. Tudo ao redor, toda a decoração e presença de heróis famosos, amigos e familiares, nada era mais bonito do que o semblante emocionado do ômega.
Então chegou o momento das alianças, e se ele achou que não poderia chorar mais, estava enganado. Só queria esganar Deku por ter sido tão genial. O amigo - e também padrinho de casamento - disse que estava preparando algo especial, e estava certo.
Takeshi entrou com o porte solene e cabelos alinhados, vestido à rigor, vestindo um terno preto que lhe assentava muito bem, segurando pela mão a irmã. Kiseki tinha completado um ano e dois meses e ainda não tinha muito equilíbrio para andar, então oscilava de um lado para o outro, balançando o vestido azul de dama de honra que usava. Tinha os cabelos presos em um pequeno coque, com uma tiara e balbuciava suas conversas de bebê, sorrindo com os únicos quatro dentes que tinha toda vez que via um flash. Adorava tirar fotos e fazia questão de se mostrar.
Firmemente presa na outra mãozinha roliça estava uma cestinha com as alianças, devidamente presas para não caírem com os movimentos bruscos dela. Katsuki fechou os olhos e sentiu o peito apertar assim que eles chegaram perto o suficiente para que ambos os pais vissem que as alianças estavam sobre um tecido azul macio.
Ele reconheceria aquela manta em qualquer lugar.
Eijiro também, por isso ambos olharam um para o outro, os lábios trêmulos enquanto desamarravam as alianças e tocavam o bilhete posto sobre a manta, escrito com a caligrafia de Izuku.
"O Yukio mandou avisar que ele também está presente e essa é a contribuição dele"
Ok, eles precisaram de muito mais tempo para poder se recompor depois dessa. Deku havia acertado direto em um ponto fraco, e de uma maneira muito positiva. Mesmo assim, os pegou desprevenidos.
Katsuki segurou a mão de Eijiro e a beijou com carinho, respirando fundo enquanto tentava organizar os pensamentos para lembrar dos votos. Tinha escrito e reescrito tantas vezes sem nunca se dar por satisfeito e agora tinha esquecido do texto completamente.
Não importava.
Ele apenas sorriu, encarando o ômega de frente, deixaria o coração comandar.
- Eu levei meses escrevendo esses malditos votos, fazendo e refazendo e agora, no momento crucial, esqueci o que tinha escrito, não consigo lembrar porque toda vez que eu vejo você, Eiji, eu sinto como se nada pudesse alcançar ou mesmo ser capaz de traduzir o que eu sinto por você. - parou, emocionado. Eijiro chorava - Eu não sei o que te fez continuar comigo depois de tudo o que eu fiz. Fui egoísta, estúpido e te dei muitas razões para simplesmente me odiar e ignorar, e mesmo assim você me aceitou. Por isso eu prometi anos atrás que faria tudo o que fosse possível para merecer estar ao seu lado, e eu reafirmo essa promessa. - parou, dessa vez rindo - Eu juro que estou tremendo de medo de perguntar se você aceita e receber uma negativa - O ômega e os demais riram - Mas eu preciso, faz parte do esquema, então, vamos lá - respirou fundo, preparando-se - Eijiro, tem certeza de que realmente quer passar o resto da sua vida comigo? Por que eu estou falando sério, se você aceitar eu não vou deixar você ir.
Katsuki realmente não sabia quando o nervosismo o deixou tão aberto à comédia, mas ele não conseguia se conter. A verdade é que estava muito nervoso e usava a graça como válvula de escape.
- Eu já aceitei anos atrás, Suki. - Katsuki agradeceu socando o ar entusiasmado como um adolescente.
- Ótimo, todos ouviram, não tem como escapar - deslizou o anel pelo dedo dele, beijando a mão com carinho.
Eijiro riu e suspirou, preparando-se para fazer os próprios votos.
- Sei que você deve ter escrito algo realmente bonito e, mesmo que eu tenha amado essa sua demonstração de masculinidade ao demonstrar as suas emoções com as palavras mais cruas, ainda não abro mão de saber o que tinha planejado, então a Lua de Mel não está liberada até que me mostre o original - brincou, piscando o olho - Eu já não sou tão bom com as palavras, sempre fui muito mais simples, menos esperto que você, então deixarei os meus gestos falarem por mim.
Para a surpresa de Katsuki e dos demais, ele puxou-o pela gravata e o beijou por alguns minutos sob as palmas dos demais, e o abraçou assim que se separaram.
- Você me ajudou a perceber o que havia de melhor em mim, Suki, e não tem ninguém mais perfeito para estar do meu lado do que você - suspirou, falando em um tom baixo que apenas ele escutou - Sei que não precisamos prometer nada um para o outro, afinal nós nos amamos e eu sei que você vai estar do meu lado assim como eu estarei sempre ao seu, e isso é mais do que suficiente, mas eu prometo não mais duvidar de mim mesmo.
Aquilo atingiu o coração de Katsuki de um jeito que não podia sequer expressar.
Como ele podia dizer que não era esperto? Quebrar os protocolos, agarrar o noivo e o beijar antes do celebrante permitir era o que havia de mais genial, sem contar que ele disse os votos apenas para Katsuki escutar, o que o deixou orgulhoso por ser o único privilegiado.
Ele era o alfa mais sortudo do mundo.
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Espero que tenham gostado, pois eu nunca fiz uma cena de casamento na minha vida, então deve estar meio capenga, mas contemplou o que eu desejava, então tá beleza pra mim.
E sim, estou chorando como uma cadela, como descobriram? O próximo provavelmente será o último capítulo e isso me deixa muito emotiva.
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Insuficiente
FanfictionPor toda a sua vida Eijirou sentiu-se incapaz e desmerecedor, tendo de lutar contra toda a negatividade em si para poder conseguir se destacar. E, por um tempo, as coisas deram tão certo que chegou a crer que sua vida continuaria nos eixos. Então d...