45 - Ajuda

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De volta novamente, dessa vez para curarmos o coração do nosso Kiri, ao menos tentar rsrs

O consultório não aparentava ser diferente dos demais que já tinha frequentado: claro, amplo, praticamente minimalista

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O consultório não aparentava ser diferente dos demais que já tinha frequentado: claro, amplo, praticamente minimalista. Pouca mobília, alguns certificados e diplomas em molduras, uma mesa de mogno e um divã de couro branco, aparentemente confortável.

Mesmo assim Eijiro não conseguia sentir-se relaxado o suficiente para desapegar da ansiedade que o fazia contorcer os dedos e escapar do olhar da psiquiatra que mantinha o semblante paciente e tranquilo. Sentia como se fosse a primeira vez que sentava em frente a um profissional, lutando para manter a postura sem se deixar intimidar pelo medo crescente, era algo ao qual já havia se acostumado, ou pelo menos achava que tinha antes de toda aquela reviravolta.

A verdade é que sentia que todo o trabalho que tivera nos últimos anos para se reestabelecer mentalmente parecia ter sido em vão. Regredira tanto assim?

- Sei que não está muito confortável, senhor Kirishima, tome o tempo que precisar.

A voz dela era suave, tranquila, assim como seus feromônios, uma ômega assim como ele, talvez uns cinco anos mais velha a julgar pela aparência. Izuku havia ajudado ele na procura, tentando encontrar uma que atuasse especificamente com pais que passaram por perdas, pois Eijiro estava cansado de encontrar profissionais que acabavam piorando sua situação por falta de empatia. Sayuri havia se sobressaído pelo currículo e, de acordo com seus pacientes, parecia ser a melhor opção, conquanto Eijiro ainda continuava sentindo-se de certa maneira travado.

Ele suspirou e após alguns minutos começou a explicar sua situação. Como das outras vezes ele evitou ir muito a fundo, tentando focar nos detalhes importantes com medo de acordar ainda mais os sentimentos dentro de si. Praticamente contou sobre Yukio como se falasse do filho de outra pessoa, usando uma narrativa técnica, e preferia que continuasse assim. Algumas feridas tendem a demorar a fechar toda vez que são expostas e ele não queria mexer naquela. Não mais. Para si foram suficientes os anos em que fez isso, quando acreditou ter superado.

Não ia reabrir aquela chaga, e estava tão apegado à essa certeza que tratou de escapar de todas as perguntas relacionadas ao filho do modo mais rápido possível. Provavelmente estava soando superficial e nada sutil, era visível o seu desconforto dada a maneira nervosa com a qual se calava ou balançava o pé de modo ritmico.

- Posso ver que não se sente muito a vontade para falar do seu filho do meio.

Eijiro pensou em disfarçar, certo de que ela o incomodaria com o assunto se não o fizesse, mesmo assim acabou cedendo. Estava tão farto de tudo, de escapar, de responder e tentar parecer tranquilo quando por dentro estava desmoronando.

- Ele é um assunto complicado para lidar.

- Imagino que seja.

Não, com certeza não imagina, pensou consigo mesmo. A maioria das pessoas falam coisas assim por empatia, mas não são capazes de mensurar o tamanho da dor que é perder um filho. Elas podem até simpatizar e no começo tratar com educação, mas sempre acabam deixando um comentário maldoso escapar entre uma frase ou outra, palavras que sequer imaginam machucar como um "Vocês ainda podem tentar de novo" como se eles não tivessem tentado, ou "Podia ser pior, ele podia ter morrido anos mais tarde" que competia de perto com o "Pelo menos não deu tempo de se apegar já que descobriram antes". As pessoas as vezes tentam ser boas e não percebem que estão justamente piorando tudo, e resta a pessoa sorrir para disfarçar a mágoa, algo que com o tempo vai ser tornando mais fácil.

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