32 - Acalento

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Ei minha gente, sei que querem o meu couro curtido pelo que fiz ao nosso Takeshi e gostaria de dizer que sinto muito, mas seria mentira, pois não sinto. Quer dizer, eu fico triste pelo nosso baby, mas é o show, amores, ele não pode parar.

Gostaria de avisar também que nem tudo está tão ruim que não possa piorar. É isto, não esqueçam de se hidratar.

Inspira

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Inspira.

Expira.

Inspira

Respirar dói.

Cada nova golfada de ar é como um mergulho em uma piscina de lâminas, incômodo, doloroso e insatisfatório, como se o ar nunca fosse o suficiente, como se a próxima inalada pudesse compensar o desconforto, mas nunca é suficiente.

Desde que nasceu e sugou seu primeiro sopro, Takeshi sente esse desconforto que se repete a cada nova respiração, sem jamais cessar. A diferença é que agora respirar deixou de ser uma atividade levemente incômoda para quase insuportável.

Não fosse o instinto primordial de seu corpo, instigando-o a respirar cada vez mais profundamente, ele já teria deixado de fazê-lo. No entanto é uma atividade da qual não dá pra escapar.

Inspira.

Expira.

Outra careta seguido por um resmungo fraco. É tudo o que ele pode fazer para indicar que há algo de errado com seus pulmões e coração. Ambos não parecem estar mais querendo cooperar e a cada respiração fraca e ineficiente o coração pulsa de maneira débil e dolorida, em um ritmo irregular e sofrido.

Antes era mais fácil respirar, apesar da dor, tanto que ninguém nunca suspeitou que sua respiração um pouco mais pesada fosse a dificuldade de metabolizar o gás oxigênio com mais empenho ao invés de um ataque de pirraça. Ele gritava, esperneava para demonstrar o quanto estava doendo mas ninguém entendia, eles sempre o julgavam como uma criança estressada pela ausência do pai alfa.

Ele se irritava com a falta de interpretação deles e principalmente com o aroma do alfa que o renunciara. Não que Takeshi compreendesse a dinâmica do casamento, haveriam de se passar ainda alguns bons anos até que ele compreendesse conceitos abstratos. Tudo o que ele sabia era que amava o cheiro de seu pai ômega, mas não o do alfa, pois sempre que sentia aquele aroma em alguma peça de roupa que o pai alfa deixara para trás ele via o outro pai chorando e se há uma coisa evoluída em Takeshi são seus instintos. Não demorou para ele associar aquele aroma a coisas desagradáveis.

Mas havia outro aroma que ele detestava e estava se intensificando, indicando uma aproximação e Takeshi tentou protestar, rosnando enquanto engasgava na própria saliva e iniciava uma sequência de tosse engasgada, lutando para respirar a cada novo espasmo.

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