Desculpem a demora, eu precisava pensar no plot, mas agora estou conseguindo juntar os pontinhos.
Tirar Takeshi de perto da irmã era uma missão impossível. Onde quer que ela fosse ele ia junto, quase como uma sombra, sempre segurando sua mão ou apertando-lhe as bochechas gorducha com ternura.
Assim que chegava da escola ele corria, dava um beijo na testa da irmã, corria para tomar banho, se arrumar e descia na mesma velocidade para ficar perto dela. Almoçava e jantava encarando-a, deitava com ela na cama e sempre se disponha de bom grado a ser o cuidador. Passou meses tentando de todas as maneiras convencer os pais de que era capaz de dar banho e vesti-la, trocar as fraldas - até mesmo as mais nojentas, ele não se importava -, ninar e dar a mamadeira. Obviamente ele não pôde fazer nada disso por meses até que ela estivesse mais tão molenga, mesmo assim Takeshi sempre estava ali quando ela abria os olhos, abraçando-a ou garantindo que estivesse confortável e aquecida.
Com o passar do tempo ele começou a participar mais ativamente dos cuidados, sempre sob a supervisão dos pais. Kiseki era um tanto preguiçosa, vivia bocejando e tirando longas sonecas e sempre sorria quando o irmão a abraçava, as vezes em meio ao sono.
A medida que ia ficando mais esperta e atenta ela passou a se mostrar mais ansiosa pela presença de Takeshi, reconhecendo-o pelo aroma mesmo que ainda não tivesse chegado em casa. Bastava o mínimo indício de que ele estava por perto, como o cheiro ou som de sua voz - ele sempre a avisava quando estava na porta, gritando "Kiki, eu cheguei!" - para ela se agitar, esquecendo por um momento a preguiça para murmurar em expectativa, batendo os braços e pernas. Mais tarde, quando começasse a engatinhar, ela se arrastaria pelo chão em direção ao som da voz dele, e tão logo desse seus primeiros passos, o encontraria na porta, e ele sempre a abraçaria saudoso, beijando-a e a aromatizando.
Kiseki despertava o instinto mais protetor do irmão e essa era um dos motivos que mais fazia Eijiro sorrir nos últimos dias. Ele gostava de observar a interação entre os filhos, orgulhoso de quão cuidadoso Takeshi era com a irmã.
Ele só queria poder afastar uma certa melancolia fantasma de seu coração. Como teria sido se Yukio estivesse vivo? Será que a relação deles seria assim ou ambos brigariam por ter quase a mesma idade? Talvez a personalidade de Yukio fosse mais tranquila, sorridente e ele um menino mais pacífico.
Não tinha como saber e era estúpido cogitar algo assim, afinal aquelas perguntas jamais seriam respondidas, mesmo assim Eijiro ainda se pegava pensando naquele tipo de possibilidade, fantasiando sobre algo que nunca poderia acontecer e isso o enchia de tristeza. Ele se repreendia por pensar assim, por ainda suprir aquele tipo de desejo impossível, era doloroso, só servia para magoar, sem nenhum outro propósito que não o de cavar seu coração, mesmo assim ele fazia porque trazer o filho do meio para o momento era o mesmo que manter sua memória viva, um modo de que ele permanecesse junto, e a família completa.
Talvez fosse apenas masoquista, mas era fato de que, ultimamente, a ideia de que estavam incompletos o atingia com força. Por mais impossível que fosse ele queria que tivesse alguma maneira de trazer o filho perdido para perto deles, fisicamente.
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Insuficiente
FanfictionPor toda a sua vida Eijirou sentiu-se incapaz e desmerecedor, tendo de lutar contra toda a negatividade em si para poder conseguir se destacar. E, por um tempo, as coisas deram tão certo que chegou a crer que sua vida continuaria nos eixos. Então d...