54 Capítulo

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- Você vai entrar naquele carro e não vai dizer nada. Tudo bem? - percebi que se enrolava na língua local.

- De onde você veio? - decidi perguntar enquanto observava suas mãos apertarem as cordas dos meus pés em um nó.

- Вас это интересует?

- Tá de brincadeira - falei entre os dentes

- Isso te interessa? - me calei quando o mesmo se aproximou da janela, fitando o lado de fora casa. - Dankov - respondeu.

- Mikhail!
Спешите с этим! - o velho gritou próximo a porta.

- Oque ele disse? oque eu tenho que fazer? - questionei com temor

O rapaz andou pela sala inquieto e logo se aproximou

- Me desculpe, mas isso é necessário - senti meu rosto aquecido pelo atrito de sua mão contra meu ferimento existente.
Me jogou em seu ombro como um saco de lixo, um peso morto. Foram segundos dali até a porta. Minha vista turva sofreu um apagão em sequência.

***

- Вы не должны вести себя как идиот! despertei sentindo meu corpo se chacoalhando.

Gelei ao notar que estava no banco de trás do carro.
Tentei afastar minhas mãos mas a corda estava firme e muito apertada.
De solavanco senti o toque de um dos homens em minha boca, que notou meu espanto.

Pegou meu rosto me fazendo olhar em seus olhos.

Mikhail.

Fez sinal com as mãos para que eu nada dissesse.

- Essa vagabunda irá sujar o carro - o velho resmungou enquanto dirigia - Mikhail você dará um jeito nisso.

- É Mikhail, você dará um jeito nisso - o homem ao lado no banco de frente zombou.

- Vamos logo com isso - bateu a porta assim que parou o carro.

Todos desceram e eu não sabia como agir.
Mikhail nada tinha dito. Apenas se afastou.

Droga.

Eu não poderia confiar em um criminoso, tinha que confiar nos meus meios.
Mas como?

Sentia como se sofresse uma hemorragia interna, bem no crânio. Essa era a sensação.
Sentia gotas de sangue respingarem de minha nuca.

Segundos depois Mickhail abriu a porta fazendo sinal com uma das mãos, seus olhos estavam esbugalhados.

Puxou minhas pernas e meu corpo todo ficou em transe.
Novamente me tacou em seus ombros.

- Eu vou naquela direção ali. Vocês dois fiquem aí idiotas.

- Eu estava esperando pra meter uma bala na cabeça dessa vagabunda! - o parceiro de Mickhail esbravejou.
Meu coração batia acelerado. Parecia que eu iria perder o controle da minha respiração. Tentava me manter quieta à todo custo.

- Ok Mickhail, não se demore! - o velho motorista respondeu.

- Você é bem pesada para uma garota comum - falou em voz baixa e sorriu - deve fazer um estrago por aí.

Eu mal sabia se já podia falar mas percebi que seus passos iam ficando cada vez mais distantes distantes de onde estávamos.

- Espero que esteja viva eu não andei tanto assim pra ter que realmente enterrar você.

- Sim estou - respondi amedrontada

Me suspendeu de seu ombro me colocando ao chão de frente para ele.
Seus olhos eram da cor folhas secas como as que emaranhavam o chão daquela floresta refletindo pequenos raios de sol.
Eu mal sabia que horas eram.
O sol foi preciso em me dizer. Adorava calcular as horas no quintal de casa junto a Melissa.

O homem levantou as mãos me virando bruscamente.
De costas.
Foi impossível não fazer um grunhido.

Passou a desenlaçar meus braços sem cerimônia.

- Então é isso?
Vai me soltar e me deixar aqui?

- Terei que voltar com eles.

- Como vou sair daqui? - me virei assim que senti os braços livres.

- Você conseguiu fazer com que pessoas pagassem alto pra você estar aqui. MORTA. - Enfatizou - isso não será tão difícil pra você - sorriu perverso

Mexeu nos bolsos pegando um pedaço de papel.
Uma foto.

- Olhe bem pra esse homem - me entregou - hoje na Square Pist. Ele vai estar lá.

Dei de ombros sem entender.

- Encontre-o lá. Ele não te conhece, não sabe nada de você. Faça parecer um acaso mas pela sua vida - apontou para meu - se aproxime dele, a qualquer custo.

Prisioneira de um Agente (NÃO FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora