4 Capítulo

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Carlos me olhou com surpresa e seus olhos marejados de ira se tornaram-se inquietos e apreensivos.

Me coloquei na mesma altura em que Carlos quando seus passos recuaram para trás.

- Margot abaixe isso agora.

- Eu não quero machucar você

- Então me dê, agora! - pedia autocrático, cheio de sí

- Eu só queria saber o porquê. O por que de tudo isso? - suava nervosa, apavorada - oque eu fiz pra ser tão maltratada?

Como sempre eu estava sendo uma garota ingênua e simplória.
Demonstrava fraqueza e falta de coragem.

Vendo isso Carlos tentou se aproveitar deste momento e partiu para cima de mim quando num clarão diante dos meus olhos, meus ouvidos ouviram no mais alto e bom som
Um disparo.

Vi quando Carlos com os olhos esbugalhados, desvigorosos e enfraquecidos. Tocou no peito com as mãos ensanguentadas.

- Sua maldita

Num colapso e com certa crueldade apertei sem resistência novamente o gatilho dando um tiro que acertou perfeitamente sua garganta.

Era como ver um cordeiro sendo abatido. Me senti como um caçador tendo seu anseios alcançados.

Caiu como um corpo esfalfado aos meus pés.

Só fui capaz de sair da minha bolha completamente em êxtase pelo meu feito quando na porta vi Cármen se colocar ao chão vendo toda a cena.

Seus berros eram imperceptíveis perto do doce som dos disparos ao qual eu acabara de ouvir. Era estranho e ao mesmo tempo gostoso me deliciar com a morte de meu tutor.
Um detrito, verme.

                                     ***

10 dias depois

- Olha eu juro. Aquela arma não era minha! - reclamei - Eu a achei lá

- É só você confessar que premeditou o crime e dizer como conseguiu a arma.

- É como eu estou dizendo!

Estava quase sendo vencida pelo cansaço.
Os policiais insistiam em me fazer mudar minha versão.
Já eram doze horas de depoimento tentando provar que eu não era uma criminosa

O delegado apareceu avisando que nosso tempo havia acabado e um policial imediatamente me algemou me conduzindo para a cela.

Eu já não sabia mais oque fazer, tudo me levava a crer que o juiz não acreditaria na minha versão.

Eu era apenas uma garota órfã.
Meu tio tinha uma família e perante a todos era um homem de boa índole, trabalhador e queridos por todos.

Faxada...

                                   ***

No dia da audiência entrei na sala vendo o olhar incriminador das pessoas sobre mim.

Vi Carmen e Clara me olharem com rancor, desviei o olhar e me sentei na cadeira dos réus.

Depois de uma hora de julgamento e acusações contra mim, pude finalmente tentar dar minha versão

- Eu achei a arma em uma cômoda que era de Cármen.

- Mentirosa! - Carmen gritou

- Silêncio! - o juiz decretou - continue

- Eu me lembro de quando meu tio viu a arma e a olhou surpreso, parecia ter se lembrado dela.

- Eu protesto Meritíssimo, ela está tentando tirar sua culpa e acusar a vítima - o advogado de acusação tentou se opôr

- Protesto negado.

- Eu não tive a intenção. Foi um momento de impulso, os laudos comprovam que eu fui agredida naquele dia - berrei - Eu apenas me defendi!

- Então você alega que tudo foi em legítima defesa? -o advogado indagou

- Sim!

- Com dois tiros? - questionou insinuoso.

Depois de algumas horas meu advogado me olhava com certa preocupação.
Apesar de ser um advogado público, eu confiava em sua competência e lealdade mas não tinha muito a ser feito.

Eu havia sim matado um homem.
Eu não só havia me defendido, dei-lhe logo dois tiros.

Já no fim do julgamento vendo todos fatos apresentados contra mim, aceitei a culpa e no fim conclui que eu não estava arrependida pelo crime que cometi.

Meu tio havia merecido por todas humilhações que ele havia me feito passar.

Fui tirada de meus desvaneios quando o juiz bateu o martelo decretando minha sentença.

- Eu condeno Margot Scarlet a 17 anos de prisão em reclusão e 3 anos em prisão domiciliar tendo direito a reivindicar seus direitos pela legítima defesa.

As pessoas na sala começaram a se exaltar achando pouco a minha condenação.

Um policial me retirou da sala e me conduziu até outra onde eu me sentei e esperei meu advogado. Antony.

- Margot sua condenação não foi nada perto do que esperávamos - falou com entusiasmo

- Sério? - perguntei sarcástica - Você acha pouco?

- Você poderia ter pego 30 anos ou mais. Mas eu posso reverter sua condenação e diminuir sua pena para 10 ou até 8 anos - abaixei a cabeça pensativa - Você só tem que se comportar, eles irão te levar para uma prisão federal onde você irá conviver com outras detentas .

- Hora de partir - um policial chamou nossa atenção

- Vai dar tudo certo - falou tentando me animar

Antony era um quarentão muito bonito, sua simpatia o deixava ainda mais charmoso. Tinha cabelos lisos, negros, totalmente alinhados em um topete impecável.

Me levantei e o policial se aproximou para me guiar enquanto Antony me olhava ir esperançoso.

Me afastei e o policial me dirigiu para fora da sala.

Dois policiais me escoltaram e fora do fórum fui colocada num carro do governo.

Dalí em diante eu só imaginava como seria minha vida dentro de uma prisão federal.

Pesada essa condenação da Margot não é?
Talvez essa pena torne a vida dela um pouco mais caliente...

Prisioneira de um Agente (NÃO FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora